Ana Moser dá detalhes de candidatura do Brasil para sediar Copa feminina

A ministra do Esporte, Ana Moser, detalhou no UOL Entrevista a candidatura do Brasil para sediar a Copa do Mundo Feminina de 2027 — o país oficializou, em abril, a candidatura para receber a próxima edição do torneio.

Ex-jogadora de vôlei, ela disse o projeto abrange oito cidades e enfatizou que ter o mundial no país seria importante como meio de "inserção da mulher dentro da sociedade brasileira".

A entrevista foi conduzida pelos colunistas do UOL Leonardo Sakamoto e Demétrio Vecchioli e pela repórter Gabriela Vinhal.

O que disse Ana Moser?

A ministra enfatizou a estrutura de cidades brasileiras que já receberam a Copa do Mundo masculina em 2014.

Na proposta estão listadas possíveis cidades. São, provavelmente, oito sedes, e temos várias cidades e capitais com estádios. Todas as capitais têm estádios com condições para receber a Copa do Mundo, e algumas cidades têm mais de um, como São Paulo e Rio Grande do Sul. São centros de treinamento, hotéis, aeroportos... toda a estrutura. Esse é um dos eixos que justificam a candidatura do Brasil: temos essa diversidade de infraestrutura pronta, funcional e sem necessidade de investimentos extras. Utilizar este legado é um dos argumentos a nosso favor. [...] Novidade sobre a candidautra da Copa vai ser mais pra frente, a definição é só em maio do ano que vem, então, até lá, há muito bastidor e expectativa de todos os lados, e espero que bom boas notícias no final. Ana Moser durante o UOL Entrevista

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Imagem: Lula Marques/ Agência Brasil

Histórico de eventos. "O Brasil é reconhecidamente um país que entrega grandes eventos, é outro ponto a nosso favor. Também há a questão da receptividade do brasileiro, que é bem vista por todo mundo, e a parte esportiva, que é o potencial do desenvolvimento do futebol feminino na América do Sul. A Copa do Mundo seria a primeira na América do Sul. É uma região onde o futebol feminino tem muito a desenvolver e isso iria apoiar muito o desenvolvimento. São questões que estão a nosso favor.

Concorrência. "É uma decisão feita pelo conselho da Fifa, a CBF faz parte com o trabalho do presidente Ednaldo. A concorrência é grande e importante com a Europa, que tem Alemanha, Holanda e Bélgica. Também tem EUA e México e também a África do Sul, que tem a seu favor o desenvolvimento do futebol feminino na África e o legado da Copa de 2010. Mas as estruturas de lá estão em condição inferior ao que temos no Brasil pela maneira com que a estrutura é usada. É uma disputa.

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Causa e consequência. "A Copa feminina não é o fim de si mesma, mas a coroação de um processo de desenvolvimento que se iniciou neste governo já em março, com o decreto da estratégia nacional do futebol feminino. Entregamos o resultado no final desse mês. É o início de uma estruturação e de um foco que envolve muitos atores externos. Boa parte das questões não dependem do ministério, mas nossa função é organizar e colocar luz nas questões para que elas possam avançar, e ajudar a fazer esse avanço com a força de política pública que o governo tem. A questão importante de tudo isso é que o futebol é a maior cultura que nós temos no Brasil.

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Pressão e recursos. "A pressão é uma questão externa ao ministério. A pressão se traduz em notinha de imprensa, teoria, fofoca... o ministério vem lidando com o Congresso desde o início do ano porque o esporte atende muito a municípios e parlamentares, que representam esses municípios. Existe uma demanda muito grande por equipamentos de esporte, por infraestrutura, por projetos... o esporte é uma linguagem que conversa bem com o atendimento à população. Nós vivemos isso no ministério, temos tido poucos recursos, mas com um direcionamento de emendas. A composição do governo é uma questão do presidente Lula. A posição me foi dada por ele e pode ser tirada por ele."

Defesa de causa. "Minha relação com isso do ministério é muito de defesa de causa, de maneira estruturada com o acúmulo que tive a oportunidade de vivenciar nos meus 40 anos de vivência profissional com o esporte, primeiro como atleta e depois como gestora. Se for do interesse, continuaremos aqui. É muito externo ao ministério. O que aparece muita vezes na imprensa não é nosso dia a dia, e muitas coisas que aparecem também não são verdade."

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Papo sobre candidatura da Copa. "Vínhamos construindo aquela conversa há meses, que é a questão sobre candidatura da Copa. Estivemos juntos no treino da seleção brasileira e em alguns eventos de assinatura de leis naquela época, como a Lei Geral e a Bolsa Atleta para gestantes. '[Eu falava] e aí, presidente? Temos que decidir'. A agenda estava sendo pedida, e estávamos na reunião há menos de dez dias da viagem [para a Austrália]. Ele me chamou para conversar, estava o Paulo Pimenta, da comunicação, e o Rui Costa, da Casa Civil. Estávamos lá para falar da Copa do Mundo."

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Pouco orçamento. "Antes da transição [de governo], o orçamento do esporte era de R$ 120 milhões, não dava nem para Bolsa Atleta, que é simbolicamente a principal política do ministério. Temos a função de garantir o direito constitucional: de todos terem acesso ao esporte. Esse direito não era garantido. Estamos nessa função de desenhar esses caminhos. O ministério teria na transição um recurso muito pequeno, e houve um ganho deste recurso, mas ainda é muito pequeno."

Como crescer? "Buscamos reconstruir essa relação de representatividade do esporte e ampliá-la. É um caminho para nós investirmos. Ainda é um setor com muita coisa para se construir, ele precisa ser muito mais amplo. O número de atendimentos promovidos por ações de esporte precisa ser ampliado. Temos uma população com 70% inativa e sedentária, existem ações de esporte em várias áreas, como na saúde, na edução, na assistência social, na defesa... mas não são conectadas."

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Demanda não sintonizada com recursos. "O Bolsa Atleta está há mais de dez anos sem reajuste e tem que ser ampliado. Tem uma demanda muito grande de esportes não-olímpicos, em um nível mais alto, praticamente atendemos a maior parte dos atletas. Tem uma série de avanços, é preciso de recursos para fazer a implantão do sistema nacional, de fazer capacitações pelo Brasil, para ampliar a condição de municípios de contratar professores para fazer atividades materiais. Existe uma demanda muito grande para esporte. Tivemos uma espécie de cadastramento para pequenos projetos, como cobertura de quadra, grama sintética... foi uma demanda de quase R$ 7 bilhões em projetos com uma disponilidade de recursos que não chegava a R$ 200 milhões, que é a parte das emendas."

Veja a íntegra do UOL Entrevista

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