Após síndrome rara, bebê de mesatenista vira companheiro da mãe em torneios
Poucos meses após dar à luz, a mesatenista Jessica Yamada passou por um momento complicado com seu filho Léo: internação causada por uma síndrome rara e meningite viral. O bebê se recuperou e a mesatenista ficou segura para retornar aos torneios, mas com uma condição: precisava levar o pequeno consigo e contava com a cautela dos colegas, já que a doença impede que o neném tome vacina pelo período de um ano. A saída encontrada foi gravar um vídeo com um alerta para os colegas de profissão.
Léo nasceu em dezembro do ano passado e com cerca de quatro meses precisou ficar internado por 16 dias. O bebê é fruto do casamento de Jessica com Cazuo Matsumoto, que foi mesatenista profissional até o ano passado, assim como ela, se habituou a rodar o mundo.
O grande susto do casal começou quando eles notaram que o menino estava com febre alta incessante e irritabilidade. Só depois de muitos exames, ele foi diagnosticado com meningite viral e síndrome de Kawasaki - uma vasculite (inflamação dos vasos) causada por um quadro inflamatório no corpo, que geralmente atinge crianças entre um a oito anos. Quando evolui de forma grave, o mal pode provocar a formação de aneurisma nas artérias, arritmia e infarto agudo do miocárdio.
"Fomos para a UTI para aplicar a imunoglobulina e, após três dias, o remédio começou a fazer efeito. A febre passou e as veias do coração pararam de dilatar. Tivemos alta. Agora, é necessário o acompanhamento de um cardiologista por dois anos e o Léo tem de ficar um ano sem vacinas", contou Jessica ao UOL.
"A rotina do hospital foi muito pesada e cansativa. Demoraram para descobrir o que ele tinha, então quase que todos os dias era necessário coletar sangue. Como explicar a um bebê que ele precisa ser furado? Ele chorava muito e olhava para minha cara, parecia que estava pedindo minha ajuda e eu não podia fazer nada", completou.
Sem alternativas, Jessica precisou carregar seu filho consigo nas competições. Então, ela decidiu fazer o alerta e pediu a todos a cautela necessária com Léo, que está totalmente desprotegido.
"Desde que estava grávida já pensava em levá-lo comigo nos torneios. Sou muito fã das pessoas e do ambiente do tênis de mesa e gostaria que ele fizesse parte desse meio. Além disso, eu estou amamentando e não posso colocá-lo na escolinha, porque não tem as vacinas em dia e também não tenho com quem deixá-lo", explicou Jessica.
Representante da equipe feminina do Brasil nas Olimpíadas de Tóquio em 2021, Jessica exaltou a evolução quando o assunto é ser mãe e atleta, mas lamentou a falta de estrutura para receber as famílias que tenham bebês recém-nascidos e convivam no esporte de alto rendimento. A primeira competição após a internação do Léo foi em 20 de julho:
"É muito novo para o esporte existirem mães atletas. Não existe nenhuma adaptação em torneios quando há alguma mãe atleta. Sempre são as mães que precisam encontrar soluções para seguirem competindo. Tenho amigas de outros países que também são mães e continuam competindo em alto rendimento, mas a maioria acaba deixando os filhos aos cuidados de outra pessoa para poderem viajar".
Por outro lado, Jessica demonstrou gratidão a todos pelo respeito que tiveram com a família dela pela situação a qual passaram.
"Eu tinha feito o vídeo porque o levaria comigo pela primeira vez em um torneio, estava um pouco apreensiva, mas foi perfeito. Todos respeitaram demais, mantiveram a distância e assim puderam conhecer o Léo sem causar nenhum constrangimento ou risco a saúde dele", concluiu a atleta.
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