Moto1000GP se defende após acidente fatal: 'Fazemos tudo o que é possível'
Do UOL, em São Paulo
28/08/2023 21h26
Gilson Scudeler, CEO do Moto1000GP, emitiu um comunicado após o trágico acidente ocorrido neste fim de semana, que matou dois pilotos durante uma prova em Cascavel (PR). No texto, há também palavras de Marcus Vinícius Oliveira, diretor da etapa em questão.
O que eles disseram
Ex-piloto, Scudeler falou que a organização segue "todos os padrões de segurança", ressaltando que há membros da FIM (Federação Internacional de Motociclismo) em todas as etapas da categoria. Ele disse ainda que os responsáveis fazem "tudo o que é possível para minimizar um acidente."
O CEO classificou o acidente que tirou as vidas de Érico Veríssimo e André Veríssimo como "muito grave", reiterando, no entanto, que "tudo que podia ser feito, foi feito" para que os pilotos sobrevivessem.
Ele ainda elogiou o circuito de Cascavel ao relembrar as recentes obras de recapeamento feitas no palco da prova.
Já Oliveira disse que a batida envolvendo os atletas é o "único tipo de acidente" em que os comissários não conseguem garantir uma "proteção efetiva". O diretor ainda citou o tempo de chegada da ambulância ao local.
Leia a íntegra
O que eu, Gilson Scudeler (CEO do Moto1000GP) considero mais importante é ressaltar que nós seguimos todos os padrões de segurança. A parte médica, a qualificação dos pilotos e até questões contratuais seguem o padrão internacional estabelecido pela Federação Internacional de Motociclismo. O evento conta com membros da FIM em todas as provas, que nos acompanham e, junto com a organização, verificam todas essas questões.
Nós fazemos tudo o que é possível para minimizar um acidente. É uma preocupação minha porque eu também fui piloto. Eu tenho mais de 30 anos de carreira, tenho mais de oito títulos no Brasil e fora do Brasil. Uma das premissas do Moto1000GP é a segurança. Desde que eu iniciei o campeonato, em 2011 (a primeira fase foi de 2011 até 2015) os padrões que eu seguia eram para dar segurança e conforto para todos os pilotos. Essa é a primeira coisa que é importante todos entenderem. É um acidente realmente muito grave, tudo que podia ser feito para que esses pilotos tivessem em vida hoje, foi feito. Infelizmente os ferimentos foram gravíssimos e eles não resistiram. Para nós, que vivemos o motociclismo, é muito difícil quando você tem um acidente nessa proporção e você não tem o que fazer.
A inscrição dos pilotos segue uma avaliação curricular e uma quantidade máxima de pilotos em pista também é levada em consideração para a admissão. Os nossos procedimentos de segurança seguem padrões internacionais. Realizamos vistorias prévias em todos os equipamentos dos pilotos e na motocicleta, a fim de prevenir acidentes em pista.
Em relação ao circuito, são realizadas vistorias prévias a fim de adequá-los para provas de motovelocidade. Cascavel, em particular, conta com um recente recapeamento, com um dos melhores asfaltos dos circuitos brasileiros. Conta também com zebras desenvolvidas especialmente para motocicletas, seguindo o padrão internacional proposto pela FIM.
Seguindo as medidas de segurança, o Moto1000GP mantém em seu staff um chefe-médico que acompanha todas as provas do campeonato, mantendo um padrão de atendimento. Ele também fiscaliza a qualidade dos equipamentos e profissionais da saúde contratados para fornecer o suporte completo. Em Cascavel, assim como em todas as etapas realizadas, estavam disponíveis seis unidades de atendimento médicas, sendo elas: ambulatório, medical car, três unidades de UTI avançadas e uma ambulância de suporte básico.
Eu, Marcus Vinícius Oliveira, como diretor de prova, já atuei em quatro etapas da MotoGP, quando foram disputadas no Rio de Janeiro. O que eu posso dizer é que o acidente não tem nada a ver com o circuito. Esse tipo de acidente é o mais grave dentro da motovelocidade. É o único tipo de acidente que nós, enquanto membros e comissário internacionais homologados pelo braço latino-americano da Federação, não conseguimos uma proteção efetiva.
O medical car chegou em 21 segundos. A ambulância chegou 20 segundos depois. O primeiro atendimento, com dois médicos, UTI e equipe especializada demorou 41 segundos. Todas as decisões tomadas seguiram protocolos internacionais de extrema segurança: em primeiro lugar a segurança e em segundo a agilidade.
O que aconteceu é um duro golpe, não temos dúvida disso. Nós trabalhamos com esporte, com regras esportivas, mas, acima de tudo, nós trabalhamos com a vida, que é a nossa prioridade.
Mais uma vez, inteiramos que o Moto1000GP é solidário aos pilotos, familiares e amigos.
Luto no esporte
André e Érico morreram logo na primeira volta do Moto1000GP, classe do Campeonato Brasileiro de Motovelocidade.
André deslizou e caiu da moto após uma curva. Ele chegou a se levantar no meio da pista sinalizando a queda aos outros pilotos.
Érico veio em alta velocidade e não conseguiu desviar do companheiro, atropelando-o de forma violenta e também sendo jogado para o alto.
Eles foram socorridos, mas não resistiram aos ferimentos. André e Érico não eram parentes, apesar de terem o mesmo sobrenome.