Vetado em GP, por que Felipe Massa está pedindo o título de 2008 da F1?
Felipe Massa foi "convidado a se retirar" do GP da Itália, que ocorre neste fim de semana, em Monza, em mais um capítulo da disputa entre ele e a Fórmula 1 pelo título de 2008. Segundo o Motorsport, ele precisou mudar de planos após receber um pedido da própria F1.
Massa foi à Justiça para ser reconhecido como o campeão da temporada em que atuava pela Ferrari, o que tiraria de Lewis Hamilton seu primeiro título mundial. O imbróglio ganhou força no começo do ano, quando uma fala do ex-chefe da categoria, Bernie Ecclestone, reacender o escândalo conhecido como Singapuragate. Agora, seria a primeira vez que ele apareceria no paddock desde o início da disputa judicial.
No início de março, o veterano afirmou que os organizadores da Fórmula 1 sabiam que Nelson Piquet Júnior tinha batido de propósito em um muro para ajudar seu companheiro de Renault, Fernando Alonso, no GP de Singapura de 2008. O episódio é, para muitos, o responsável pela derrota de Massa naquele ano.
Ecclestone declarou ao site F1-Insider que considera Michael Schumacher seu único heptacampeão, mesmo que, oficialmente, Hamilton tenha o mesmo número de títulos. O veterano disse ainda que ele e o então presidente da Federação Internacional de Automobilismo, Max Mosley, decidiram ignorar temporariamente a armação para "proteger o esporte", mas que a etapa deveria ter sido anulada.
Entenda a polêmica:
GP de Singapura antes e depois do acidente de Piquet Jr.
Massa liderava com ampla vantagem, com Hamilton em segundo e Räikkönen em terceiro.
Piquet Jr. bateu no muro na volta 14, em uma corrida de 61; ele chegou a pedir desculpas no rádio.
A FIA acionou o safety car, já que o lugar em que o carro bateu espalhou detritos na pista.
O trio de líderes aproveitou a situação para trocar os pneus e reabastecer — o que era permitido na época.
Alonso assumiu a ponta e venceu a corrida. Ele tinha parado "coincidentemente" logo antes do acidente de Piquet Jr..
Já a Ferrari cometeu um erro grave ao liberar Massa para deixar o box com a mangueira de combustível presa ao carro.
O brasileiro caiu para o último lugar, apesar de os mecânicos correrem para retirar o objeto.
Como o resultado afetou o campeonato
Entre 2003 e 2009, o sistema de pontuação da F1 ia apenas até o 8° colocado e distribuía menos pontos, com 10 para o primeiro, 8 para o segundo e 6 para o terceiro.
Massa terminou em 13° em Singapura, não pontuando; já Hamilton, levou seis pontos para casa.
O campeonato foi decidido apenas na última corrida, o GP do Brasil, com o inglês campeão por apenas um ponto.
Muitos culpam a derrota à "tragédia" de Massa em Singapura.
Pós-corrida: Quem foi punido?
Nelsinho admitiu que bateu por ordem da equipe apenas no segundo semestre de 2009, um ano depois da corrida. Ele decidiu dar sua declaração à FIA espontaneamente, na mesma época em que foi demitido da Renault.
'Sacrifício' para a equipe. O brasileiro afirmou que o chefe de equipe Flavio Briatore e o diretor de engenharia Pat Symonds pediram antes da corrida que ele batesse para causar uma interrupção na corrida depois que Alonso fizesse uma parada.
Flavio Briatore foi banido da Fórmula 1. Ele já tinha sido demitido da Renault antes da sentença.
Pat Symonds pegou cinco anos de gancho. Os dois conseguiram reverter a decisão em 2010, mas Briatore voltou apenas em 2022 ao paddock.
A equipe Renault ficou sob observação por dois anos, com um possível banimento se cometesse outra infração grave.
Já Nelsinho não foi punido, "por ter colaborado com a investigação".
É possível contestar resultado 15 anos depois?
Protestos sobre os resultados podem ser feitos às autoridades esportivas até 4 dias antes da cerimônia de premiação, segundo o regulamento da FIA. Os troféus dos campeonatos organizados pela Federação, incluindo outras Fórmulas, foram entregues ainda no final de 2008.
Ecclestone afirmou que a organização pensou nisso e escolheu deliberadamente segurar a investigação até 2009.
Apesar disso, a estrutura jurídica da Fórmula 1 dificulta outros recursos. A autoridade máxima a ter poder sobre a categoria é a Corte Internacional de Apelos, que também segue estatutos da FIA.
Ou seja, mesmo que Massa recorra a outras cortes na Justiça, elas não tem jurisdição sobre a Fórmula 1. Isso poderia levar a, no máximo, um reconhecimento extraoficial.
Essa estrutura jurídica seria um dos motivos para que a Mercedes desistisse de apelar em 2021, quando o resultado do GP de Abu Dhabi deu o título a Max Verstappen.
'Único hepta' para ex-chefão, Schumacher criou precedente
Michael Schumacher foi desclassificado do campeonato de 1997. Ele tentou tirar Jacques Villeneuve do GP de Jerez, na Espanha, na última corrida do ano, que começou com Schumacher liderando o campeonato por um ponto.
A FIA decidiu desclassificar o piloto da Ferrari da competição; ele manteve as vitórias, pódios e pontos, mas eles não valeram para o campeonato.
Um banimento do piloto para o ano seguinte foi descartado, porque os atos de Schumacher foram considerados "instintivos e não premeditados", segundo justificativa do presidente da FIA à época.
Foi a primeira e única vez que essa punição foi aplicada a um piloto que provocou um acidente intencional.
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