Polícia investiga alunos de medicina que ficaram nus durante jogo feminino
A Polícia Civil de São Paulo iniciou investigações para identificar os alunos de medicina que ficaram nus durante jogos universitários em São Carlos (SP).
O que aconteceu
A polícia determinou o registro de um B.O (boletim de ocorrência) na DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de São Carlos horas depois de o caso ser disseminado nas redes sociais.
O episódio ocorreu entre os dias 28 de abril e 1° de maio. Nas imagens, é possível ver cerca de 20 alunos da Unisa (Universidade Santo Amaro) com as calças abaixadas.
Os estudantes exibiram os órgãos sexuais durante uma partida de vôlei feminino contra a São Camilo. Em outro momento, um grupo composto por homens e mulheres mostra as nádegas em uma espécie de fila.
A polícia enviará requisições às duas universidades envolvidas e à Secretaria de Esportes da Prefeitura Municipal de São Carlos.
Um grupo com cerca de 15 alunos da São Camilo também foi filmado com as calças abaixadas e exibindo as nádegas em direção à torcida rival.
Ministério da Educação notifica Unisa
Em sua conta no Twitter, Camilo Santana, atual Ministro da Educação, informou que o Ministério da Educação notificou a Unisa para saber quais as providências tomadas pela universidade a respeito do caso.
Determinei que o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres), notificasse a Universidade de Santo Amaro (Unisa) para apurar quais as providências tomadas pela instituição em relação ao episódio que envolveu estudantes. do curso de medicina durante partida de vôlei feminino que fazia parte das competições da Intermed, sob pena de abertura de procedimento de supervisão e adoção de medidas disciplinares. Repudio veementemente o ocorrido. É inadmissível que futuros médicos ajam com tamanho desrespeito às mulheres e à civilidade. Camilo Santana
"Não houve masturbação"
O UOL ouviu alunos presentes na partida polêmica. Eles alegaram, sob condição de anonimato, que os homens não se masturbaram, como foi relatado em alguns posts das redes sociais.
Segundo os alunos, os homens estavam tapando os respectivos órgãos com as mãos e não teria ocorrido a masturbação coletiva.
Posição da Atlética da Medicina de Santo Amaro
Hoje, após a circulação do vídeo, a Atlética da Medicina de Santo Amaro (Associação Atlética Acadêmica José Douglas Dallora) emitiu um posicionamento oficial. Em contato com o UOL, a Atlética destacou que vai ter uma reunião com a Unisa para abordar o assunto e afirmou que, após o ocorrido, passará a expulsar de seu quadro integrantes que repitam o ato.
O grupo ainda destaca que, na ocasião em que os episódios ocorreram, não houve nenhuma repercussão do caso, nem reclamações ou punições aos envolvidos.
Newsletter
OLHAR OLÍMPICO
Resumo dos resultados dos atletas brasileiros de olho em Los Angeles 2028 e os bastidores do esporte. Toda segunda.
Quero receber"A Associação Atlética Acadêmica José Douglas Dallora (A.A.A.J.D.D.) vem, por meio desta, manifestar-se oficialmente sobre o episódio que tem circulado nas redes sociais, com apontamento para a Intermed (realizada entre os dias 2 a 9 de setembro de 2023).
As filmagens circuladas pela mídia não são contemporâneas e não representam os princípios e valores pregados pela A.A.A.J.D.D.
Não toleramos ou compactuamos com qualquer ato de abuso ou discriminatório. Assim, atletas, torcedores, equipe técnica e todos os envolvidos em nossas competições e eventos são, por nós, incentivados sempre a terem comportamentos pautados em princípios éticos e sociais em que prevaleçam o respeito, a inclusão e igualdade.
Reiteramos o compromisso exclusivo com o esporte e seu incentivo dentro do ambiente acadêmico, por acreditar que o mesmo é fundamental para a saúde e o desenvolvimento do atleta."
Posição do Centro Acadêmico Rubens Monteiro de Arruda
Em uma postagem no Instagram, o Centro Acadêmico Rubens Monteiro de Arruda, da mesma faculdade, também lamentou o ocorrido.
"Repudiamos as atitudes demonstradas nos vídeos que estão circulando nas mídias sociais. Tais feitos são um retrocesso para a nossa universidade e, portanto, não representam a nossa querida casa", diz a postagem.
Posição da Universidade São Camilo
O Centro Universitário São Camilo publicou uma nota por meio da conta oficial no Instagram, repudiando atos praticados na competição esportiva.
O Centro Universitário São Camilo - SP informa que sua Atlética do curso de Medicina não participa do Intermed. Porém, de 28 de abril a 01 de maio deste ano esteve presente em outro evento esportivo chamado CalomMed, em São Carlos (SP), quando as alunas de Medicina da instituição disputaram um jogo contra a equipe da Unisa.
Os alunos daquela Universidade, tendo saído vitoriosos, segundo relatos coletados, comemoraram correndo desnudos pela quadra. Não foi registrada, naquele momento, nenhuma denúncia por parte das nossas alunas referente à importunação sexual.
O Centro Universitário São Camilo - SP manifesta solidariedade e apoio às suas alunas e repudia quaisquer atos que possam atentar contra as mulheres e a dignidade humana. Acreditamos que o pudor e os bons costumes devem prevalecer, especialmente quando se trata de ambientes acadêmicos, onde a formação de novos e bons profissionais é o compromisso maior com a sociedade.
Cultura de abusos em trotes no curso de medicina da Unisa
Existe uma cultura de abusos em trotes da Universidade Santo Amaro (Unisa). O UOL investigou por dois meses relatos que envolviam práticas graves na instituição.
Tapas, socos e cuspe no rosto, humilhações públicas e em meios digitais são alguns dos fatos relatados. A lista de constrangimentos é extensa.
Inclui faxinar a casa de veteranos, ajoelhar-se para ouvir xingamentos aos gritos, aceitar apelidos —inclusive de cunho racista—, seguir regras de vestimenta e de circulação, além de enviar ou receber fotos de genitálias masculinas por redes sociais ou aplicativos de mensagens.
"A tradição dos bixos [sic] homens na abertura é correr pelado na quadra com as outras faculdades", disse um dos participantes.
É cobrado também que se demonstre conhecimento sobre o histórico de uma cultura de abusos que se arrasta há anos, de acordo com alunos e ex-alunos.
Deixe seu comentário