Após polêmica no Rio, Ingrid retoma amizade com Giovanna e mira Paris-24
Sete anos se passaram desde que Ingrid Oliveira e Giovanna Pedroso romperam a amizade e parceria profissional após a polêmica nas Olimpíadas do Rio. No caso delas, o ditado popular funcionou: o tempo curou as feridas. Depois de um longo período, as atletas dos saltos ornamentais fizeram as pazes e contaram, em papo com o UOL, que estão mais sincronizadas do que nunca.
Para quem não se lembra, aqui vai um refresco de memória: Ingrid e Giovanna dividiram o quarto nos Jogos do Rio, em 2016. A amizade já estava um pouco abalada e, durante a competição, Giovanna ficou incomodada porque a parceira recebeu Pepê Gonçalves, da canoagem slalom, na acomodação. O caso se tornou público, as meninas pararam de se falar e romperam a dupla após ficar em último na final da plataforma de 10m sincronizada.
Em março deste ano, Giovanna se aproximou de Ingrid e propôs uma conversa. Ambas estavam prontas (e mais maduras) para, finalmente, esclarecer tudo o que ficou nebuloso desde que elas romperam. O papo fluiu e a partir de então, elas reconstruíram a amizade e retomaram a parceria.
"O que realmente faltou na época foi a Ingrid dar o lado dela e eu dar o meu. Nós duas não fazíamos ideia desse panorama. Muita gente de fora passou a dar várias opiniões, falavam coisas que nem sabiam. E isso interferiu muito na nossa relação", comentou Giovanna.
"Tudo virou uma bola de neve. Há muita ressalva em tudo o que falaram, não foi do jeito que aconteceu. Virou aquele show e a gente se afastou. Cada uma para o seu lado, sem entender a outra e ficou por isso mesmo", concluiu Giovanna.
"Acabamos influenciadas por pessoas mais velhas da própria equipe que colocaram abobrinhas nas nossas cabeças. Quando sentamos para conversar em março, tudo o que a Giovanna me falou fez mais sentido do que os outros tinham me contado. Ela me explicou o que realmente a incomodou, eu também expus meu lado e a gente se entendeu", acrescentou Ingrid.
As duas concordam que a maturidade foi essencial para a reconciliação. Na época, Giovanna estava com 17 anos e Ingrid com 19. Durante o período em que ficaram separadas, as atletas adquiriram novas experiências, Giovanna se tornou mãe e Ingrid participou de outra Olimpíadas, em Tóquio.
Todos esses fatores contribuíram, inclusive, profissionalmente. Elas sentem que estão até mais alinhadas do que antigamente e isso aconteceu desde o primeiro treinamento após a retomada da parceria.
"Parecia que a gente estava sincronizando a vida inteira. Até o nosso técnico ficou surpreso com tamanha sintonia", contou Ingrid.
"Nem parece que ficamos todos esses anos sem os saltos sincronizados. Acho que foi até mais fácil do que no passado", acrescentou Giovanna.
"A gente também costumava treinar com técnicos diferentes. Nós duas estamos com o Alexander Ferrer agora", explicou Ingrid.
Sincronizadas nos saltos e na amizade, Ingrid e Giovanna agora estão de olho nas Olimpíadas de Paris para competirem juntas e aproveitar o momento para criar boas memórias que não ocorreram na Rio-2016.
"Eu quero muito que a gente consiga se classificar no sincronizado. Vai ser como se fosse a nossa primeira Olimpíadas, porque em 2016 a gente competiu, mas nem conseguimos aproveitar por causa daquela turbulência. Eu tive crise de pânico, não deixava o quarto de jeito nenhum. Em Paris, a gente pode conseguir viver realmente o que uma dupla pode viver em Olimpíadas", comentou Ingrid.
"Sempre me pedem para criar OnlyFans"
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Resumo dos resultados dos atletas brasileiros de olho em Los Angeles 2028 e os bastidores do esporte. Toda segunda.
Quero receberIngrid não teve mais paz desde que uma imagem dela no Pan de Toronto, em 2015, viralizou. Enquanto a atleta celebrava o primeiro treino na competição, a maioria dos seguidores focava no corpo dela. Ainda hoje, a atleta brasileira sofre com a sexualização de sua imagem e chegou a ver as próprias fotos em um site de conteúdo adulto.
"Eu entro no YouTube e, ao invés de ter imagens minhas competindo ou saltando, eu só vejo vídeos comigo na plataforma, de perna aberta. Descobri uma foto minha em chamada de filmes do XVídeos, para chamar atenção. É horrível", comentou.
"Em 2015, me chamaram para posar em uma revista masculina e eu neguei. Não queria e nem quero ter minha imagem vinculada a isso. Ainda hoje, um monte de gente fica pedindo para eu fazer OnlyFans. Não tenho preconceito com ninguém que tenha, mas eu não quero fazer isso, e não há respeito", acrescentou.
A atleta também entende que o fato de ser mulher piorou toda a situação do desentendimento entre ela e Giovanna na Rio-2016.
"Se fossem dois amigos homens, não chegaria naquele ponto. As pessoas rivalizam muito uma mulher contra a outra. É o machismo. Eu sofri mil vezes mais do que o Pepê, que também estava envolvido, e ele tem total consciência disso. Até hoje sofro com comentários de gente falando besteira", destacou.
'Engravidei e perdi seguidores. Ainda bem'
Assim como a amiga, Giovanna também sente na pele a sexualização da própria imagem. O termômetro que ela usa para medir os seguidores que importam está nos momentos de sua vida.
"Cada vez que eu apareci com namorado, perdi um monte de seguidor. Não fazia a menor questão, porque eu sei que são homens tarados, que fazem comentários horrorosos. A mesma coisa aconteceu quando engravidei e ainda bem, porque sei que ficam os fãs que realmente torcem e acompanham a minha carreira", comentou Giovanna, que já vislumbra um bom desempenho da dupla com Ingrid nos Jogos Pan-Americanos de Santiago.
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