O salto do skate no STU de 'carrinho feio' para estrela de marketing global

Os "shapes", ou "decks" dos skatistas continuam sujos, ralados e lascados, com lixas corrosivas, eixos metálicos arranhados, e rodas sujas.

Mas isso não impede que grandes marcas do mundo corporativo utilizem desses equipamentos verdadeiros "carrinhos feios", como veículo midiático estratégico para aumentar vendas em escala global.

Durante a terceira etapa do STU - Skate Total Urbe, realizada neste final de semana no Parque Candido Portinari, na Zona Oeste de São Paulo, importantes empresas da área bancária, cervejarias e bebidas energéticas desfilaram suas ativações no local, em busca de proximidade com esse público-alvo: os apaixonados por skate.

E a estratégia tem dado certo: Para Arthur Gallego do marketing regional de Monster Energy, "nosso maior asset, nossa maior ferramenta são os nossos atletas, e os eventos que patrocinamos como o X Games e o STU, nossa construção de marca é em cima disso", diz.

"O skate sempre foi um pilar da marca desde o começo, a gente não investe em publicidade comum, o investimento de Monster está nos eventos e nos seus atletas que a gente acredita que aproximam do público. Estamos preocupados em criar heróis", reflete.

Atualmente, Monster patrocina campeões mundiais como o americano Nyjah Huston, os brasileiros Kelvin Hoefler e Rayssa Leal, ambos medalhistas de prata de Tóquio, e ainda um batalhão de feras com Luiz Francisco, Felipe Nunes, Giovanni Vianna, Gabriel Fortunato, Ricardo Dexter, Isa Pacheco e Vi Kakinho, para citar alguns.

A Tiger Beer, por sua vez também festeja esse momento, e promove competições de Melhor Manobra (Best Trick), faz ativações com obstáculos inovadores como a Big Wheel (tubo em formato de roda de skate) e não pensa em parar por aí.

Para Vanessa Brandão, diretora de marketing de marcas mainstream do grupo Heineken, Tiger é uma marca que veio das ruas de Singapura, e tem no seu DNA, a coisa da coragem, comum nos esportes de rua, assim como no skate, que esta cada vez mais potente e é preciso coragem, pois as manobras são radicais e necessita treino para cair e se levantar, e com isso a gente incentiva o despertar da coragem interior, em ocasiões de celebração cada vez maiores, e nada melhor que um produto de celebração do que Tiger", defende-se.

"O universo do skate tem muitos apaixonados, e quando uma marca incentiva algo que seu consumidor ama, você consegue conversar de uma maneira mais profunda com essas pessoas e constrói uma relação de parceria com elas", analisa Vanessa.

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Os bancos também abrem o cofre pelo skate, como é o caso do BV, que desde 2018 vem investindo no esporte através de patrocínio de competições como o STU, além de manter uma equipe com campeões como Yndiara ASP, Murilo Peres, Kelvin Hoefler e Pamela Rosa.

"Nós brincamos e falamos que somos o Banco do Skate, pois apoiamos quem está começando, quem está se apaixonando e quem já está em um nível profissional", comenta Tiago Soares, Head de Marketing Institucional, Patrocínios e ESG do BV.

"Eu costumo brincar falando que é um ganha-ganha, o skate empresta para o banco toda a modernidade e a relação com os atletas, e o BV, empresta toda a governança a estrutura de um banco de 30 anos, para criar uma parceria estratégica e de sucesso", avalia Tiago, que adianta ainda que o BV quer participar do crescimento da modalidade, reformando pistas, apoiando atletas e eventos, e ampliar a relação entre o banco e jovens adultos.

Crianças em idade pré-escolar também são alvo desse mercado, e tem nos "fingerboards", skates de dedo, uma forma lúdica de fantasiar e treinar com miniaturas as manobras mais arriscadas sem se machucar.

"Desde as Olimpíadas com o sucesso da Rayssa Leal, a gente sentiu um aumento pela procura da marca pelas crianças pelos fingerboards", comenta a analista de marketing da Sunny Brinquedos, Leticia Pinheiro , que distribui no Brasil a linha de produtos da multinacional americana Tech Deck, marca global mais conhecida dessas miniaturas que podem ter as rodas, trocadas, os eixos apertados e os shapes trocados, apesar do tamanho minúsculo.

"Essa ascensão e a procura do skate, refletiu diretamente nos fingerboards, a gente tem sentido uma mudança no comportamento da criança, um jeito de se expressar diferente, ela se sente inserida em uma comunidade, é uma brincadeira diferenciada, onde ela constrói seu universo, monta seus próprios skates e pistas para brincar", observa.

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A concorrência também está ligada na nova tendência

O Banco do Brasil, que embora não esteja patrocinando o STU, promove seu próprio circuito, o "Tamo Junto Nesse Game", patrocina outras competições e mantém uma equipe poderosa com Rayssa Leal, Bob Burnquist, Raicca Ventura, Felipe Nunes, Davidson Fortunato, Fernando Araujo, Marina Gabriela e Filipe Mota.

De olho no movimento, a gigante das óticas, Chilli Beans, aproveitou o momento de alta do skate para lançar recentemente uma linha de óculos de madeira com inscrições voltadas para o universo do skate, a Sk8, para oferecer produtos diferenciados para quem curte a modalidade.

E até o Mc Donalds está apostando no skate, e há poucas semanas oferece fingerboards de plástico da linha Hot Wheels Nitro Jr. como promoção popular na compra do Mc Lanche Feliz.

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