Chapolin de crochê vira febre no Pan e objeto de desejo entre atletas
A delegação brasileira que embarcou para os Jogos Pan-Americanos de Santiago tem 635 atletas. É uma das maiores, mas fica atrás do "grupo" de chapolins de crochê, feitos a mão por Dona Lusia e companhia, que veio de Belém diretamente para o Chile: são 700. Os bonequinhos apelidados de Medalhitos são presentes que a torcida Chapolins Brasileiros decidiu confeccionar e distribuir aos competidores e amantes do esporte olímpico durante o evento.
A história dos Medalhitos é antiga. Começou nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, quando os Chapolins Brasileiros tiveram a ideia de presentear todos os atletas brasileiros, independente do resultado alcançado. A febre foi tão grande, que segundo conta o médico Rubens Tofolo — fundador da torcida — a organização do evento passou a apreender alguns bonecos porque entendia que o objeto concorria com as pelúcias da mascote oficial da Rio-2016.
Mesmo com esse percalço, os Chapolins decidiram manter a tradição e, a cada grande competição de esporte olímpico, se organizam para distribuir um Medalhito personalizado. Para os Jogos de Santiago, Dona Lusia — que é tia de um dos integrantes da torcida — e outras três costureiras trabalharam por cerca de um ano para confeccionar os 700 bonecos de crochê na técnica japonesa amigurumi.
"Olha, não sei nem especificar quantos metros de linha foram utilizados, porque foi um trabalho de mais de um ano. Acho que usamos mais de 200 tubos de linha", contou dona Lusia Palheta, de 72 anos, que foi a Santiago acompanhar os Chapolins Brasileiros pela primeira vez em um grande evento.
Os Medalhitos desta edição caíram nas graças dos atletas, que ficaram muito empolgados ao receberem o presente após disputarem uma competição. Para eles, simboliza o apoio dos brasileiros ao esporte olímpico.
"Os Chapolins Brasileiros são maravilhosos. Eles já me acompanham desde o meu primeiro Pan. Eu tenho um outro Medalhito que eles entregaram e eu sempre pego. É muito legal esse carinho, é muito importante pra gente, porque sentimos que não estamos sozinhos", contou a nadadora Gabrielle Roncatto ao UOL.
"Nossa, eu fico muito feliz. Acho que, pelo menos para nós atletas, ganhar esse bonequinho vestido de Brasil demonstra que a gente é amado pelas pessoas e isso é muito bom. Estamos sendo representados por eles. Eu sinto como se fosse um abraço desses torcedores", disse Diogo Soares, medalhista de prata na ginástica.
"Eu adorei. Eu adoro presente. Estão lindos. Minha mãe me contou que fizeram 600, fiquei impressionada. Cada detalhe é lindo", comentou, também, a ginasta Julia Soares.
Os torcedores e atletas de outros países — principalmente do México — também ficam de olho, por isso os Chapolins levaram um número maior de Medalhitos.
Amor pelo esporte olímpico é combustível dos Chapolins
A torcida Chapolins Brasileiros foi fundada pelo médico Rubens Tofolo, que aprendeu a amar o esporte olímpico desde pequeno graças à mãe. Tofolo foi ao Pan de Guadalajara, no México, com seu companheiro e os três irmãos.
"Para chamar atenção do público, incentivar a torcida pelo Brasil e homenagear a cultura local, a gente decidiu se vestir com fantasias de Chapolin — o famoso personagem criado por Roberto Gómez Bolaños. Foi uma loucura, teve até um dia que não conseguimos chegar a tempo de uma competição, porque fomos parados inúmeras vezes para tirar foto", contou Tofolo ao UOL.
A partir de então, o grupo aumentou e hoje conta com 22 torcedores. Unidos pelo amor ao esporte olímpico, os Chapolins se organizam para estarem presentes em grande número em Pans, Olimpíadas e em outras competições que envolvem modalidades olímpicas.
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Quero receber"Nós temos uma poupança e vamos colocando contribuições mensais para estarmos juntos torcendo pelo Brasil. Cada um tem uma função e uma modalidade em que é especialista", acrescentou Rubens.
A próxima parada dos Chapolins Brasileiros após o Pan de Santiago são os Jogos Olímpicos de Paris. É claro que os Medalhitos não ficarão fora. Quem estiver em terras francesas, receberá um bonequinho personalizado, que misturará a cultura local com o Brasil. O que será que vem por aí?
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