'Brasileirão' do fisiculturismo reúne mil atletas e o sonho: ser Mr Olympia
A semelhança do nome da competição com a morada dos deuses na mitologia grega não se faz por acaso. Chegar ao Mr. Olympia é estar no topo do fisiculturismo mundial, e também é o objetivo em comum entre os cerca de mil participantes da etapa brasileira do torneio. Todos, claro, com físicos completamente torneados.
O Mr. Olympia Brasil 2023, um dos maiores campeonatos nacionais, reúne em São Paulo neste final de semana centenas de atletas, entre homens e mulheres, de diversas faixas etárias e do país inteiro. O Centro de Eventos Pro Magno, na capital paulista, virou o local onde o sonho dos fisiculturistas pode ficar mais próximo. Mas é um passo de cada vez.
A imensa maioria dos candidatos ainda é amadora e busca, portanto, subir o primeiro degrau rumo ao Olimpo: receber um pro card, que concede o status de profissional. Ao todo, são 21 cartões em disputa no evento, sendo três para cada uma das sete categorias — três no masculino e quatro no feminino.
Já para o seleto grupo dos profissionais, ganhar a competição é o passaporte para participar da elite mundial no Mr. Olympia de 2024. É a chance de estar competindo entre os melhores e de se aproximar do tão sonhado título da "Copa do Mundo" do fisiculturismo.
A competição começou ontem com a pesagem dos atletas — marcada por muito suor, massagem, marmitas e exercícios por metro quadrado para concluir a preparação. As competições de fato, tanto entre os amadores como entre os profissionais, ocorrem hoje e amanhã.
Sonho de virar profissional
Carlos André largou a carreira como guarda municipal no Rio de Janeiro para se dedicar exclusivamente ao fisiculturismo. Ele virou atleta há um ano e meio, quando decidiu transformar em motivação o luto pela morte do pai, que teve um diagnóstico tardio de câncer.
Embora estreante no Mr. Olympia Brasil, ele é considerado um dos favoritos para ficar com um dos pro cards que estão em jogo. Ostentando um vasto topete recém-adquirido com uma prótese capilar, o atleta de 37 anos vem de conquistas em outros torneios e não quer deixar escapar a chance de se tornar profissional.
Léo 'Pitbull' Terrenta já sabia que queria ser bodybuilder desde pequeno e começou a treinar aos 14, mas investiu mesmo em 2019. Sua relação com o esporte começou quando ficava fascinado vendo troféus de fisiculturismo na academia onde treinava taekwondo.
O apelido vem da relação que criou com seu cachorro, e que o tornou o 'Pitbull dos palcos'. O animal morreu há duas semanas e o fisiculturista amador de 27 anos quis homenagear o antigo companheiro com uma tatuagem na parte de trás da cabeça. Ele veio de Londrina e está otimista que vai voltar com o pro card na bagagem.
Venho de seis competições invicto. Pela matemática, dá para conseguir. Leozinho Pitbull
Cinquentona com orgulho, Eridete Mendonça de Ávila quer comemorar o aniversário em grande estilo. A atleta master completa 52 anos no dia 30 e já sabe o presente ideal: o cartão profissional. Ela treina há 31 anos e é uma das referências em São Miguel do Oeste (SC), mas só passou a competir no ano passado.
Na muvuca de corpos malhados, um específico se destacou: o do jovem João Vitor Lima, de apenas 16 anos. Ele está no meio do fisiculturismo desde os 14, quando entrou por influência da tia, e tem a aprovação dos pais. O adolescente veio de Tangará da Serra (MT) acompanhado pelo treinador, mas ainda não pode virar profissional. Ele compete na categoria teen e tem que esperar atingir a maioridade.
Bater de frente com o futebol
Tamer El Guindy pretende tornar o Brasil o país do fisiculturismo, depois do futebol. "O Brasil é a segunda maior potência do mundo", destacou o CEO da Musclecontest, empresa que promove o Mr. Olympia pelo mundo.
A referência ao esporte mais popular do mundo também foi feita por Fernando Sardinha, referência do bodybuilding brasileiro com 38 anos de carreira e que busca conquistar o seu 154º troféu na modalidade. Ele afirmou que o fisiculturismo se profissionalizou no país em um nível que um evento do ramo "movimenta tanto dinheiro que nem futebol chega perto".
O campeonato é uma das atrações do Expo Mr. Olympia Brasil, que também conta com uma feira voltada ao mercado de nutrição esportiva. Uma espécie de parque de diversões fitness que movimenta o comércio do ramo — foram R$ 50 milhões em negócios e mais de 20 mil pessoas no evento do ano passado.