Promessa do Brasil no tiro esportivo não pode ter arma própria
"Esse menino ainda vai ser campeão olímpico, pode anotar". Essas são palavras de André Carvalho, chefe de equipe brasileira de tiro esportivo nos Jogos Pan-Americanos de Santiago. Ele está falando de Hussein Daruich, o jovem de 16 anos que é a grande promessa do país na fossa olímpica — uma das provas do tiro ao prato.
Hussein começou a atirar por influência do tio Adl Daruich e do pai Abdul Daruich. Hoje, o paranaense é o atual número 1 do ranking nacional, com quatro títulos brasileiros adulto e um bronze no Mundial Júnior da Alemanha, em 2022.
Ele destaca que a modalidade é um esporte como qualquer outro e não há riscos. Ele frisa que nunca chegou perto de sofrer um acidente ou pegou a arma fora do ambiente permitido — pela legislação atual, só se pode praticar o tiro esportivo a partir dos 14 anos.
"Todo mundo quando vê diz que tiro é coisa de bandido, mas não é bem assim. A arma que nós utilizamos é somente para o esporte. É uma arma totalmente legalizada, não tem nada fora das leis, é uma arma que a gente usa. Não podemos ter esse preconceito porque não é justo, tudo o que nós fazemos é com extremo cuidado e respeito para que não aconteçam coisas ruins", destacou Hussein ao UOL.
A legislação brasileira não permite que um jovem menor de 25 anos tenha uma arma. Por isso, o equipamento de Hussein, inclusive as munições, está no nome do pai Abdul, que pratica tiro esportivo, mas não é atleta de alto rendimento.
"A arma é considerada minha, mas está no nome do meu pai. Eu não posso viajar para nenhum lugar sem ele porque ele precisa estar junto com a arma para passar pelos aeroportos. Então estamos sempre juntos, muita gente até brinca que ele é meu coach, mas na realidade o técnico mesmo é meu tio", contou o jovem de origem libanesa.
"Eu só posso ter esse porte de arma quando completar 25 anos, antes disso eu não posso a não ser que eu entre no exército aos 18. Aí, eu posso portar uma arma somente para tiro esportivo e para mais nenhum lugar", explicou.
Segundo André Carvalho, a maioria dos atiradores esportivos são das Forças Armadas. Isso acontece porque os militares têm facilidade na documentação dos equipamentos e têm possibilidade de conseguir mais tempo para treinar, porque os civis não são liberados facilmente. Uma das atletas, por exemplo, tirou férias para participar dos Jogos Pan-Americanos.
Olimpíadas são o sonho de Hussein
A atuação de Hussein no Pan de Santiago não foi o que ele esperava. A ideia era chegar ao menos à final e brigar pela medalha, mas ele acabou ficando em 16º entre 27 competidores. Apesar disso, o jovem exaltou sua primeira experiência em uma competição olímpica e se vê mais perto de alcançar o sonho, que é chegar em Paris-2024.
"Fiquei muito contente com a maioria das coisas que aconteceram, a questão de Vila dos atletas, de poder conviver com isso. Quem está aqui é o melhor no que faz. Realmente os melhores das Américas, que passaram por muitas seletivas. Então é muito gratificante olhar e saber que, para estar aqui, precisa ter feito muito", comentou.
"Desde muito novo, eu já falo de conquistar uma vaga olímpica, sempre quis estar nos Jogos. Mas eu também fiquei muito contente de poder competir o Pan-Americano. Já dá um gostinho, como um comecinho de uma Olimpíada. Claro que é um evento muito maior, porque é o mundo inteiro, e aqui é só América, só que não deixa de ser gratificante", destacou Hussein.
O atleta tem mais duas chances para conseguir a vaga: o Campeonato das Américas, que acontece no final de fevereiro, na República Dominicana, e na Copa do Mundo, no Qatar, no início de abril.
PROGRAMA DESTINO: PARIS
Durante o Pan 2023, todos os dias o UOL fará a transmissão do programa Destino: Paris, às 19h, para comentar os principais eventos de Santiago com ilustres convidados. Acompanhe aqui.
CANAL RUMO ÀS OLIMPÍADAS NO WHATSAPP
Se você gosta de esporte olímpico, entre no canal de WhatsApp para receber notícias, memes e enquetes sobre todas as modalidades. É só clicar aqui.
Deixe seu comentário