Ana Marcela festeja fim de trauma e elogia novo técnico: 'Um pai pra mim'
Ana Marcela Cunha matou dois coelhos numa cajadada só. Ontem, ela conquistou a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Santiago e, ao mesmo tempo, superou o medo de nadar com o traje de neoprene — a última vez que precisou vestir, lesionou o ombro esquerdo e fez uma cirurgia que a tirou de combate por quase seis meses.
Após a conquista da prata, Ana Marcela também celebrou a parceria com o novo técnico Fabrizio Antonelli e detalhou sobre os cuidados com a própria saúde mental, fator chave na decisão pelo fim do trabalho vitorioso, de 10 anos, com o treinador Fernando Possenti.
"Estou muito feliz. É uma adaptação. Ainda estou me encontrando no estilo de treino do Fabrício. Querendo ou não, é uma mudança de país, de local, de cultura, de tudo. Mas eu tenho me sentido muito em casa. Posso falar que o Fabrício está sendo um pai lá na Itália", declarou Ana Marcela quando questionada pelo UOL.
A mudança de técnico — e de país — aconteceu há apenas três meses. Para fazer uma transição tranquila, Ana Marcela decidiu passar apenas um período na Itália e finalizar toda a preparação para o Pan no Rio de Janeiro, onde conta com grande estrutura profissional e familiar. A medalha em Santiago, segundo a nadadora, abriu portas a ela e acabou com um trauma.
"Estava havia um ano e meio sem nadar com traje. A última vez foi quando eu tive uma lesão no ombro. Então eu senti um pouco de medo, mas o mais importante é que eu acabei a prova não só disputando a medalha, não só ali nadando bem, mas sem dor. Então isso para mim foi um ponto muito importante do dia", refletiu a campeã olímpica.
'Não é só ganhar, é estar com a mente boa'
Ana Marcela anunciou o rompimento com o técnico Fernando Possenti no fim de junho deste ano, a 20 dias do Mundial em Fukuoka, no Japão. No comunicado, a nadadora alegou que estava em busca do "equilíbrio de sua saúde mental em harmonia com as atividades de alta performance". Poucos meses depois, a campeã olímpica disse que segue se cuidando e exaltou o tema da saúde mental entre atletas.
"É muito importante para todos os atletas. Não é só o físico, não é só ganhar. É também você estar com a mente boa. E acho que depois da medalha olímpica muitas coisas aconteceram. Lógico, a gente tem de saber lidar com a pressão. Mas quando a gente conquista um ouro olímpico, a gente conquista a nossa vida. Tudo que a gente faz é por isso", esclareceu Ana Marcela.
"Então a gente, às vezes, precisa dar um passo para trás e retornar. E eu acho que eu só fui dando um passo para frente. Então, para mim, agora, esse momento foi muito importante para eu me reencontrar e estar feliz", acrescentou.
A parceria com Possenti durou 10 anos e muitos títulos, inclusive o ouro em Tóquio e seis títulos mundiais. Apesar disso, Ana afirma que está feliz com o novo rumo de sua carreira profissional.
"Antes da prova aqui em Santiago, o Fabrício me escreveu e eu perguntei como ele achava que deveria nadar, e ele falou: 'Cara, só vai e esteja feliz nadando. Se encontre, você conhece muito, você é experiente. Eu não preciso te falar como você precisa nadar. Nade da melhor forma como você se encontrar, mas que você esteja feliz e se divirta'. Então isso, para mim, foi o mais importante. E eu fiz isso. Eu simplesmente nadei", contou a nadadora.
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