'Louca', dominicana corria descalça e acabou no atletismo por necessidade

Marileidy Paulino ganhou status de heroína nacional na República Dominicana quando, nas Olimpíadas de Tóquio, faturou a medalha de prata nos 400m e no revezamento 4x400m misto. Não precisava fazer mais nada para ser idolatrada, mas fez.

A prata virou ouro no Mundial de Eugene em 2022, no revezamento misto. E mais um ouro veio no Mundial de Budapeste deste ano, nos 400 metros. Atualmente, é a primeira do ranking mundial.

Voos que ela mal podia imaginar na infância pobre, quinta filha entre seis da mãe Anatalia Paulino. Nas ruas de Nizao, era a pequena quem corria descalça.

Ela foi descoberta por um professor de Educação Física, que a colocou em provas de salto. Foi destaque, também, no vôlei e no handebol.

Passou para o atletismo por necessidade. "Em meu país existem Jogos Militares e estavam procurando atletas. Fui competir pela Aeronáutica, e a primeira coisa que pedi foi um par de sapatilhas", disse à revista Playoff.

Em Tóquio, suas sapatilhas foram notadas, não só por seu desempenho, mas pela frase 'Deus é minha esperança. Amém'. "É minha frase favorita. Em todas as corridas que fiz, Deus estava comigo."

Logo no início, começou a treinar com Yassen Perez, um cubano que a acompanha até hoje. Os resultados locais foram muito bons, e ela começou a participar de competições regionais. Esteve no Mundial Militar, nos Jogos Centro-Americanos e no Pan de Lima, em 2019, mas ficou muito atrás.

A partir daí, tudo mudou

Com 25 anos, chegou a Tóquio e fez história. "Eu creio muito em mim. Tenho mentalidade forte, tem gente que quando vê uma dificuldade já quer abandonar. Eu não sou assim."

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Ela acredita no esforço próprio. Conta que não espera ajuda do governo ou de uma instituição. "Sempre digo que uma aplicação pode trazer multiplicação. Comecei a investir antes dos Jogos de Tóquio e meus colegas diziam que eu era louca. Quando ganhei as medalhas, comecei a dizer: 'quem é louca?' Olhem para a louca, com duas medalhas olímpicas, duas mundiais, a liga de diamantes, a primeira do ranking. Olhem para a louca aqui".

Uma louca com os pés no chão. Dentro de sapatilhas, é claro.

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