Um ano depois, Interlagos vive anticlímax sobre fim do jejum de brasileiros
Fábio Seixas
01/11/2023 12h00
Há um ano, Interlagos respirava esperança.
Felipe Drugovich circulava pelo paddock com contrato recém-assinado com a Aston Martin, falando dos planos para 2023 e em buscar uma vaga no grid para 2024. Pietro Fittipaldi concedia entrevistas aqui e ali como piloto reserva da Haas. E, em pleno sábado do GP, seu irmão caçula, Enzo, foi anunciado como novo integrante da academia da Red Bull.
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Teve sessão de fotos no paddock, declarações encorajadoras de Helmut Marko, o comandante da academia, sorrisos largos e frases otimistas do jovem piloto. "É uma grande honra e um passo muito importante entrar para a família Red Bull. Estou pronto", disse
Três atos, três caminhos diferentes, três perspectivas de encerrar o jejum de brasileiros na categoria. Desde que Felipe Massa saiu da Williams, no fim de 2017, o país não conta com um piloto disputando o Mundial. Lá se vão seis temporadas. 2024 seria o ano?
É muito improvável.
Desta vez, Interlagos vai falar de outros assuntos. As perspectivas pela presença de um brasileiro na Fórmula 1 minguaram. O sentimento é de anticlímax.
Dos três, só restou Drugovich.
Campeão da Fórmula 2 no ano passado, o paranaense continua sendo o mais bem posicionado, na reserva da Aston Martin. Seu melhor momento foi no começo do ano: participou de dois dias testes no Bahrein e esteve muito perto de correr a abertura do Mundial no lugar de Lance Stroll, que se recuperava de fraturas no punho direito. Não aconteceu.
De lá pra cá, andou algumas vezes com modelos antigos da equipe e só. Negociou com a Alfa Romeo, mas acabou preterido por Guanyu Zhou. Rejeitou convites da Fórmula E e da Indy. Sua única possibilidade para 2024 é na Williams, que ainda não renovou com Logan Sargeant.
Pietro está de saída da Haas e nem sequer virá a Interlagos. Anunciou na semana passada que correrá na Indy em 2024. E, neste fim de semana, estará longe do Brasil, envolvido com outra categoria: disputará as 8 Horas do Bahrein, última etapa do WEC, o Mundial de Endurance.
Enzo deve seguir o mesmo caminho do irmão. Também na semana passada, Marko, aquele das declarações encorajadoras de 2022, anunciou que o brasileiro está fora da academia da Red Bull. Sua temporada na Fórmula 2 não foi boa, e ele já tem um teste agendado na Indy na semana que vem, com a equipe Dale Coyne, no circuito de Sebring.
Há uma luz no fim do túnel, mas o trajeto ainda é longo. No mês passado, a McLaren anunciou Gabriel Bortoleto, de 19 anos, como membro da sua academia de desenvolvimento.
Ele foi campeão da Fórmula 3 neste ano e tem Fernando Alonso como empresário. O plano é repetir a dose na F2 em 2024 e tentar alguma vaga na F1 na temporada seguinte.
Até lá, Interlagos terá de esperar mais um pouco.
Uma situação inimaginável para um país que por 47 anos ininterruptos, de Emerson Fittipaldi a Massa, sempre contou com um piloto na principal categoria do automobilismo.