"Amo São Paulo, amo o Brasil, amo Interlagos", diz Sainz, da Ferrari

Carlos Sainz jamais vai esquecer de uma certa tarde em Interlagos, quatro anos atrás.

Largando em último, com uma McLaren claudicante, fez apenas um pit stop e sobreviveu a um festival de acidentes. Terminou em terceiro lugar, o primeiro dos seus 18 pódios na F1.

"Eu amo São Paulo, eu amo o Brasil, eu amo o circuito de Interlagos", disse o espanhol de 29 anos em entrevista exclusiva ao UOL, num hotel na Zona Sul de São Paulo.

Na Ferrari desde 2021, vive seu melhor momento. Contra as expectativas gerais, tornou-se neste ano o maior pontuador da equipe. É o quarto colocado no campeonato, com 183 pontos. Charles Leclerc, cria de Maranello, é o sétimo, com 166.

Mais: Sainz é até agora o único a derrotar a Red Bull no Mundial. Sua vitória em Singapura, em setembro, pôs fim a uma série de 14 vitórias da equipe austríaca nesta temporada.

Será possível repetir a façanha em Interlagos? É uma grande incógnita, respondeu o espanhol.

Ele explica os desafios da escuderia na entrevista abaixo.

Este é seu melhor ano desde que chegou à Ferrari. Você sente que está ganhando espaço e confiança na equipe? O que isso significa em termos práticos?

Sim. E acho que é natural, não? Quanto mais tempo você passa numa equipe, melhor essa equipe trabalha no geral. Estamos tentando progredir o máximo possível. Obviamente me sinto mais confortável a cada corrida e as chances de conseguir melhores resultados aumentam. Mas não é fácil, porque temos que trabalhar em muitas áreas. Neste ano, especialmente o começo, foi difícil. Mas conseguimos melhorar e acho que estamos no caminho certo.

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Qual foi o segredo para essa evolução?

Na verdade, não foi. O que acontece é que temos um carro que é muito bom em alguns circuitos, mas que não se adapta a outros. Na maioria, infelizmente não fomos competitivos como gostaríamos. Mas fomos bem em pistas como Monza, Singapura e as últimas duas [Austin e Cidade do México], onde colocamos o carro na pole. Estamos sofrendo mais em corridas do que em classificação, os domingos têm sido um pouco frustrantes, mas sabemos que esse é um ponto fraco e estamos trabalhando nele para o próximo ano.

Carlos Sainz comemora a vitória no GP de Singapura, em setembro
Carlos Sainz comemora a vitória no GP de Singapura, em setembro Imagem: Ferrari

Você falou sobre Singapura... Sua estratégia lá foi brilhante. Aquilo foi algo que surgiu na hora ou foi uma ideia que você tinha guardado para usar num momento oportuno?

Como piloto, você fica pensando nos cenários que podem acontecer num GP. Aquilo estava no fundo da minha cabeça quando fui para a corrida. O grande desafio é você ter as ideias certas sob pressão, e acho que em Singapura essas ideias vieram à minha mente. Para isso você também precisa estar fisicamente bem no carro... Tudo isso funcionou bem em Singapura.

Sendo realista, quais são as chances da Ferrari para este fim de semana?

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Eu não sei. Está sendo muito difícil fazer previsões nesta temporada. Nosso carro tem sido muito veloz em alguns circuitos, não tanto em outro. Estou indo para os fins de semana sem esperar muita coisa. Vamos ver o que acontece.

A Fórmula 1 tem uma meta de ser carbono neutro até 2030. Como a Ferrari e a Shell estão trabalhando para ajudar a tornar isso possível?

A Ferrari e a Shell têm uma das mais longevas parcerias da história da F1. Conhecemos muito bem uns aos outros. Trabalhamos juntos há muitos, muitos anos, e temos essa meta em comum: tornar a F1 100% sustentável em 2030. A Shell é uma parte importante desse movimento da F1 e espero que possamos fazer acontecer.

Carlos Sainz em ação com a Ferrari em Interlagos no GP de 2022
Carlos Sainz em ação com a Ferrari em Interlagos no GP de 2022 Imagem: Ferrari

Quais são suas lembranças do seu primeiro pódio na F1, aqui em Interlagos?

As lembranças são maravilhosas, o primeiro pódio você nunca esquece... Até pela maneira como foi, numa corrida tão incrível, saindo em último e terminando no pódio. Eu amo São Paulo, eu amo o Brasil, eu amo Interlagos e espero voltar pra cá por muitos anos.

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Como você avalia a pista de Interlagos, comparando-a com outras do calendário?

É uma das melhores do calendário. É um circuito clássico, como eu gosto, estreito, com subidas e descidas, todos os tipos de curvas e que sempre proporciona boas corridas. Há a coisa do tempo, que sempre muda... E muitos campeonatos foram decididos aqui, o que também traz um importante peso de história para esse circuito.

Nos últimos anos a Fórmula 1 vem experimentando um boom global de popularidade, algo que também é muito forte aqui no Brasil. Vocês, pilotos, se sentem também responsáveis por isso? Como você vê isso?

Sim, a popularidade está crescendo mais e mais e eu gosto disso. Neste ano passamos mais tempo viajando, parando nos lugares, e foi possível sentir esse crescimento. Se você abordar isso com a mentalidade certa, só pode ser positivo. Para mim, para o esporte. Quanto mais popular a F1 for, melhor para todos aqui.

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