Imigração interna e país dividido: como é o Chipre, sede de etapa de pôquer
Há duas semanas, tive a oportunidade de fazer uma viagem ao Chipre para acompanhar uma etapa europeia de pôquer, que foi organizada pelo PokerStars. Fiquei muito feliz com essa chance, minha primeira vez na Europa — sim, a ilha paradisíaca faz parte da União Europeia, e tem como moeda local o euro desde 2008 — em um país que muito provavelmente nunca visitaria.
Meu trajeto começou no Aeroporto Internacional de Guarulhos até o Aeroporto de Heathrow, em Londres, com um voo de 12 horas e 15 minutos de duração. Depois, peguei outro voo na capital inglesa para o Aeroporto Internacional de Larnaca, já no Chipre, que durou mais 5 horas — foram mais de 24 horas de viagem contando as escalas.
Quando cheguei ao aeroporto de Larnaca, já tive um primeiro problema na imigração. Expliquei ao policial do país que estava viajando a trabalho para a cobertura de um torneio de pôquer, e ele me perguntou onde eu ficaria hospedado. Quando mostrei o endereço do hotel, ele me informou que eu não tinha autorização para ir ao outro lado do país (ele se referia ao lado turco da ilha, que para acessar você precisa passar por uma nova imigração, e nem todos são liberados).
Moral da história: pediram para eu esperar até que eles definissem se eu poderia entrar no país, ou se eu teria que retornar ao Brasil. Só conseguia pensar que todas as horas de viagem poderiam ter sido em vão, e que minha primeira vez na Europa poderia durar apenas 40 minutos. Mas depois de um tempo de espera, e algumas ligações que eles fizeram, fui liberado.
Por conta do problema na imigração, eu perdi o transfer que tinha para o hotel, que ficava a 1h30 do aeroporto (no lado turco). Quando consegui pegar a van, o motorista nos avisou no meio do caminho que quando parássemos nas autoridades precisaríamos dar nossos passaportes e abrir as janelas para que eles conseguissem ver quem estava passando para o outro lado.
O que chamou minha atenção é que na fila para passar na imigração, o motorista desceu do veículo, tirou o letreiro de táxi e mudou a placa — tudo isso porque no outro lado da ilha ele não tem a autorização para trabalhar como taxista. Dessa vez, a imigração foi mais tranquila, talvez porque todos na van iriam participar de alguma forma do torneio de pôquer.
O lado turco da ilha
A maior diferença que senti no lado turco da ilha foi a mudança do alfabeto e o forte nacionalismo. Se você anda no lado grego, dificilmente você verá uma bandeira da Grécia, mas quase todos os hotéis do lado turco da ilha têm a bandeira da Turquia fincada em sua entrada. Além disso, no lado grego tudo era em grego, mas no lado turco o alfabeto turco é predominante, com algumas palavras em inglês.
Também no lado turco existe um navio e um helicóptero em exposição para turistas, que tem grifado neles a data do ano de 1974.
Naquele ano, o exército turco invadiu o terço norte da ilha após um golpe de Estado que tentava anexar o país à Grécia.
Clima chama a atenção de turistas e outros cidadãos europeus
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Quero receberEm um dos dias que passei no Chipre, fiz um passeio de 4x4 e conheci a praia da Vasileia — que tinha água muito cristalina e sem ondas, quase um lago. A temperatura da água era muito agradável, e muitos que estavam comigo nadaram nas águas do mar Mediterrâneo.
Quem dirigia o veículo era Martin, um holandês que vive na ilha há 30 anos. Fui no banco da frente ao lado dele na volta do passeio, e queria entender por que ele deixou a Holanda para construir sua vida em um país mais distante.
Martin explicou que três coisas motivaram ele a mudar de vida: o clima do Chipre, as pessoas que vivem na ilha e a vontade de ter uma mudança radical em seu estilo de vida. Nos dias que eu fiquei no país, o calor apareceu em todos os dias, mas, por ser uma ilha, o vento era muito forte, e refrescava um pouco mais.
Esse tipo de clima não é muito fácil de encontrar na Europa durante o ano todo, como é no Chipre, e as grandes quantidades de praia na ilha acabam se tornando um atrativo ainda maior.
Eu voltaria ao Chipre?
Os dias que eu passei no Chipre foram muito bons para mim. Como disse no início do texto, foi a minha primeira vez na Europa, então foi uma experiência muito marcante. No entanto, a viagem é muito cara para nós brasileiros pela quantidade de voos que precisamos pegar para chegar lá — além da moeda ser o euro (R$ 5,24 na cotação atual).
As praias são muito bonitas, mas você pode encontrar praias similares ou até superiores no Nordeste brasileiro ou até mesmo em pontos turísticos no Rio de Janeiro, como Cabo Frio, Angra dos Reis ou Arraial do Cabo.
*O jornalista viajou ao Chipre a convite do PokerStars.
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