Como quase ganhei torneio de pôquer sem nunca ter sentado em uma mesa

Há duas semanas estive no Chipre para acompanhar uma etapa europeia de pôquer organizada pelo PokerStars. As únicas vezes que tive contato com o jogo de cartas foram em partidas online, sem valer nenhum dinheiro, apenas para me divertir com os amigos.

No primeiro dia do torneio, os jornalistas que estavam na viagem tiveram a oportunidade de ter uma aula de pôquer com Jennifer Shahade, jogadora norte-americana que também é bicampeã de xadrez e tem como objetivo promover o jogo entre as mulheres. Ela é uma jogadora bem agressiva, e acredita que você tem que apostar suas fichas com as cartas que você tem na mão, e não contar com as que o dealer vai virar na mesa.

A orientação que ela passa para os iniciantes é sempre dar all-in — apostar tudo — quando você tem um par alto em sua mão, ou duas cartas muito fortes. Ela não acredita que valha a pena ficar entrando em jogadas que você não tem cartas com grandes chances de te dar a vitória contra os adversários.

Mais tarde, descobrimos que as dicas de Jen, como ela é conhecida, eram para preparar todos os jornalistas para o torneio da imprensa que aconteceria à noite. Como disse anteriormente, conhecia o básico do pôquer, a força das cartas, mas nunca havia sentado em uma mesa para jogar. Dessa vez, já participaria de um torneio — que nem sabíamos se valia prêmio ou não, mas ninguém quer ser o primeiro eliminado ou não ficar entre os primeiros.

O torneio da imprensa

Os jornalistas que estiveram comigo na viagem foram o canadense Joel Levy, o escocês Craig Mahood e o francês Simon Bardet. No caminho até o hotel onde aconteceu o torneio, nós brincamos dizendo que se ficássemos entre os dez (entre 25) primeiros já seria uma vitória, e que não precisávamos jogar todas as mãos, bastava usar a dica da Jen e esperar uma mão que nos deixasse mais tranquilos para jogar.

E foi o que eu fiz. Como nunca tinha jogado presencialmente, fiquei esperando a mão ideal para jogar. Recebi um rei, a segunda mais forte do jogo, e uma rainha, a terceira mais forte, e dei all-in. Coincidentemente, Joel também tinha carta iguais as minhas, e nós dois vencemos uma rodada que tinha quatro jogadores apostando todas suas fichas.

A maioria das pessoas que jogaram comigo naquela mesa tiveram a mesma sensação: quando você joga pôquer, você não vê o tempo passar. Quando eu me dei conta, um fiscal da competição avisou que as mesas precisavam ser remanejadas, porque só sobravam 10 e todos iriam para a mesa final.

Durante um jogo de pôquer é permitido que os jogadores conversem entre si, e às vezes rolam boas risadas
Durante um jogo de pôquer é permitido que os jogadores conversem entre si, e às vezes rolam boas risadas Imagem: Flavio Latif/UOL
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A estratégia que Jen passou para os jornalistas funcionou para mim, para Joel e Craig. Apenas Simon não teve muita paciência e foi um dos primeiros eliminados.

Quando a mesa com dez jogadores se formou, muitos já não tinham muitas fichas. Eu mesmo só tinha para algumas rodadas. Mas não consegui sobreviver até o final. Recebi uma mão com um valete e um 10 de paus, é uma dupla boa (não espetacular), mas é forte. Dei all-in e um jornalista espanhol de um site especializado em pôquer pagou a chamada. Ele tinha uma dupla de 10 nas mãos e as cartas viradas na mesa não me ajudaram.

Fiquei muito feliz por ter ficado em 5º na primeira vez que joguei com pessoas que conheciam o jogo muito mais do que eu, e fiquei com vontade de praticar mais — até ganhei uma maleta de pôquer de aniversário da minha namorada para curtir mais esse novo hobby.

Craig foi eliminado na sequência, em 4º, e Joel ficou em 3º — todos para o mesmo adversário. Mas ficamos contentes com o resultado, já que o objetivo inicial era só sobreviver até o Top 10, mais ainda após a notícia de que o PokerStars também premiou os jornalistas que ficaram nas primeiras dez posições. Ganhei um cartão presente de 125 libras (R$ 755) pelo meu desempenho — nada mal para um iniciante.

*O repórter viajou ao Chipre a convite do PokerStars.

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