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De dançarina a atleta: Nathana disputa o Pan 2023 de olho na vaga olímpica

Nathana é uma das favoritas a representar o Brasil nas Olimpíadas Imagem: Divulgação/Nathana

Lucas Passanesi

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/11/2023 04h00

Defender a seleção brasileira é um sonho para qualquer criança que pensa em ser atleta. E é claro que não foi diferente com Nathana Venancio, um dos principais nomes do breaking no Brasil, modalidade que estreia nos jogos Pan-Americanos e também estará nas Olimpíadas de Paris no ano que vem.

A mineira de 33 anos conversou com o UOL e falou um pouco sobre essa nova fase do breaking, oficializado como esporte pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) em dezembro de 2020, que por muito tempo foi visto com outros olhos.

"O breaking hoje tomou uma proporção que a gente já esperava. Acho que com a estreia nas Olimpíadas o pessoal vai entender melhor como funciona. Vão ver que é uma cultura similar ao skate, surfe, uma coisa que é o nosso estilo de vida e não algo marginalizado. Acredito que vá abrir novas portas em relação à profissionalização e fazer as pessoas olharem com outros olhos, porque é uma profissão", disse Nathana.

Histórico familiar e um sonho de criança

Nathana conheceu o breaking quando tinha 15 anos através de um professor, que atualmente não pratica mais a dança. No entanto, o futuro reservava algo que ela não esperava.

"Logo depois descobri que meu pai também dançava breaking. Ele não é vivo mais, mas minha mãe me contou isso muito tempo depois. Quando comecei a dançar não era como hoje, era muito mais marginalizado, as pessoas tinham uma discriminação em relação ao breaking, achavam que eram pessoas que não tinham nada para fazer. Minha mãe ficava com receio, por isso ela não me contou antes", revelou.

Depois que fiquei sabendo que meu pai dançava breaking, acho que virou uma inspiração maior, porque acho que se ele estivesse vivo e visse a proporção que tomou ficaria muito feliz Nathana Venancio

Vencedora de diversas competições nacionais e internacionais, Nathana se tornou um dos principais nomes do breaking no Brasil, o que fez ela representar a seleção brasileira. A mineira é, inclusive, candidata a ir aos Jogos Olímpicos de Paris.

Nathana é um dos destaques do Brasil no breaking Imagem: Divulgação/Nathana

"Desde novinha via as coisas que o pessoal da seleção fazia e achava incrível, pensava que deveria ser muito legal fazer parte de um time. Foi um momento muito marcante na minha história como dançarina e atleta, e achei que fosse um avanço. Jamais pensei que isso fosse acontecer"

Jogos Pan-Americanos e o sonho olímpico

O breaking estreia nos jogos Pan-Americanos, que têm grande influência nas Olimpíadas, já que o vencedor garante vaga direta para Paris-2024. Mesmo que não conquiste a medalha de ouro em Santiago, o Brasil ainda pode se classificar através das qualificatórias, no ano que vem.

"A expectativa é grande para que a gente possa ir bem e conquistar a vaga direta. Se a gente não conseguir a vaga direta, tem uma outra chance que é o OQS, que vai acontecer ano que vem antes das Olimpíadas, onde tem as últimas 10 vagas", disse a B-girl.

Temos nos preparado muito, treinamos todos os dias. Eu gosto muito de treinar porque nosso corpo tem memória muscular, então quanto mais eu treino, melhor fica e eu sou muito perfeccionista em alguns aspectos. Então não perco treino a menos que eu esteja muito mal Nathana

Além da preparação física e técnica, Nathana não deixou de destacar o trabalho psicológico feito pela seleção, e falou sobre a pressão por uma classificação.

"A gente tem a nossa psicóloga, ela tem atendido a gente toda semana e ela tem feito um trabalho muito legal. É uma pressão que a gente tem, não somente da confederação, mas em relação a todo mundo, né? Esse trabalho tem que ser feito constantemente como tem acontecido. Por mais que eu treine todos os dias, se a cabeça não estiver bem, eu não vou conseguir colocar para fora o que preciso. O breaking é uma dança que precisamos transmitir algo, o que estamos sentindo. Nesses momentos eu tento passar um tempo maior com a minha família, porque aí eu relaxo um pouco", enfatizou.

PROGRAMA DESTINO: PARIS

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