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Luis Orta precisava vencer todo mundo e venceu. Hoje, é o cara a ser batido

Cubano superou barreiras e, hoje, é um dos favoritos no Pan de Santiago Imagem: Ali Atmaca/Anadolu Agency via Getty Images

Luís Augusto Símon (Menon)

Colaboração para o UOL, em São Paulo

04/11/2023 04h00

Apenas os cubanos mais fanáticos estavam em frente à televisão naquele 31 de julho de 2020. Não havia muita esperança de medalha nos 60 kg da luta greco-romana.

Luis Orta, o representante da ilha, não era um ídolo como Mijain Lopes — que conseguiria seu quarto título seguido — e nem constava entre os favoritos. Até então, tinha "apenas" uma medalha de ouro nos Jogos Centro-americanos de Barranquila e uma de bronze no Pan de Lima.

Ele sabia disso e, quando viu o chaveamento, percebeu que não havia muito o que pensar: teria que ganhar de todo mundo. E todo mundo significava gente com muito mais currículo que ele. Foi o que fez no dia seguinte.

O primeiro rival era Ildar Hafizov, nascido no Uzbequistão e que luta pelos EUA, medalhista em dois continentes. Na primeira parte da luta, fez 3 x 0. Na segunda, cumpriu o que havia dito ainda em Cuba aos jornalistas: "Vou dar trabalho. Terão de suar para me vencer". Ficou na defensiva, parou os ataques e conseguiu ainda fazer mais dois pontos.

Uma hora depois, o adversário era o russo Sergey Emelin, campeão mundial. Orta foi punido por passividade e, logo em seguida, sofreu um golpe. Estava atrás por 3 x 0.

Resolveu que não perderia por uma punição que lhe pareceu injusta. E foi para cima, com fúria: em três minutos, havia empatado. E conseguiu o 4 x 3.

Depois do campeão mundial, veio... um vice-campeão mundial, o moldavo Victor Ciobanu, prata em 2018. Orta havia vencido o combate entre ambos pelo Campeonato Alemão por 9 x 5.

Cioanu já sabia do que o cubano era capaz e estava muito focado. Foi para o combate com muito ímpeto, mas Orta soube neutralizar toda a força do moldavo e ganhou por 11 x 0. Estava na final. O dia seguinte definiria a cor.

O adversário era o japonês Kenichiro Fumita, bicampeão mundial e ídolo local. Orta o jogou para fora do círculo e fez 4 x 0. Depois, sofreu um ponto por passividade, o que deu ânimo a Fumita, que o atacou.

Orta conseguiu mais um ponto. E o ouro.

'O que não mata, fortalece'

Seu estilo de muita luta foi mantido na nova categoria, 67 kg. Na final, enfrentou Hasrat Jafarov, do Azerbaijão, o golden boy da categoria, 20 anos e campeão mundial sub-20 e sub 23. Orta perdeu o primeiro assalto por 3 x 1, mas deu a volta no segundo e ganhou por 4 x 3.

Ele nunca se dá por vencido. "Gostaria de vencer em Santiago, para descontar minha derrota em Lima, mas se não acontecer, não será um drama. Drama foi quando meu pai abandonou minha família quando eu tinha cinco anos. Mas, como dizem meus parentes, o que não mata fortalece."

E Orta é um forte. Agora aos 29 anos, favorito e com presença assegurada em Paris-24, é o homem a ser batido em Santiago.

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