O caos que é sair de Interlagos; aplicativos e táxis chegam a cobrar R$ 400

"Uber? Embarque imediato, sem fila de espera", ouve-se embaralhado em um dos únicos três pontos de encontro de carros de aplicativos e táxis disponíveis nos arredores do autódromo de Interlagos.

A Avenida do Rio Bonito ficou lotada de pessoas que foram a Interlagos ver as atividades deste sábado do GP São Paulo de Fórmula 1. Passageiros, entretanto, relataram insucesso ao tentar embarcar: motoristas cancelando viagens, taxistas aceitando apenas viagens longuíssimas e autônomos com seus carros oferecendo a comodidade de não precisar esperar para embarcar — com muito custo. Uma viagem para de Interlagos para o ABC Paulista, destino de Márcia e do marido, Luiz Augusto, não sairia por menos de R$ 400, segundo um dos motoristas autônomos.

O valor, pelo aplicativo da Uber, com o preço ultradinâmico era de R$ 105. Em dias comuns, não passa de R$ 50. Por mais soluções oferecidas pela organização do evento para saída do autódromo, deixar Interlagos ainda é caótico. Os ônibus municipais, cujos pontos de parada são próximos à Avenida Interlagos, não passaram por mais de uma hora. Os poucos oferecidos pelo evento, cujo destino é o Terminal Santo Amaro, chegavam tão lotados que era impossível entrar.

Os mais crentes ainda tentavam chamar carros pelos aplicativos. Larissa, 25, conta à reportagem que antes mesmo de a corrida Sprint acabar, ela já tentava acionar motoristas da Uber e da 99 Táxi. O destino dela, Paraíso, não os impressionava. "Aceitavam e cancelavam. Um motorista me disse que me levaria se eu pagasse mais R$ 100 além do valor estipulado pelo aplicativo".

Os taxistas também escolhiam destino: Guilherme, 35, e dois amigos sinalizaram para mais de quinze táxis, como contaram ao UOL. Entre os poucos que pararam, todos perguntaram para onde iriam. "Shopping Intelagos", disseram. O intuito era, de lá, pegar um Uber. "Todos negaram a corrida, disseram que era um destino próximo, uma viagem curta, que não compensaria para eles".

O caos deste sábado (4) não se compara, entretanto, ao que aconteceu na sexta-feira (3). Com a chuva, pessoas precisaram andar quilômetros a pé pela falta de transporte. Celeste, 55, veio do Chile para assistir ao GP de São Paulo com o marido. Ela estava no meio da avenida Interlagos, debaixo de uma marquise, à espera de Uber ou de táxi. Os táxis não paravam. Ela, então, decidiu atravessar a avenida e caçar um ônibus.

Celeste estava hospedada em um hotel próximo ao parque do Ibirapuera. Eu mostrei a ela o ônibus certo e ela partiu em direção ao Jabaquara. De lá, pediria um Uber, assim que descesse na estação final, para o hotel. Certa de que, longe de Interlagos, o sucesso era garantido.

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