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Como série da Netflix transformou pilotos da F-1 em crushes de adolescentes

Gabriela, 18, se apaixonou pela Fórmula 1 depois de assistir à série da Netflix Imagem: Arquivo Pessoal

Do UOL, em São Paulo

05/11/2023 04h00

A chegada dos pilotos para o GP de São Paulo foi ruidosa. Centenas de fãs, em sua maioria com menos de 18 anos, cercaram e assediaram os ídolos tal qual fariam os "Millennials" encarando os Backstreet Boys décadas atrás.

Hoje, existem fãs clubes (criados e mantidos por adolescentes) dos pilotos da Fórmula 1, que se transformaram em crushes inatingíveis, aquele amor platônico da adolescência, como uma boy band. O assédio explodiu depois de a Netflix lançar a série Formula 1 - Drive to Survive, em 2019.

A série foi um start, mas esses jovens começaram a estudar, a entender e a de fato se interessarem pelo esporte, e não só pelos pilotos. Os fãs clubes adolescentes que começaram devido à obra se espalharam nas redes sociais, principalmente no TikTok, despertando o interesse dos curiosos que ainda não haviam assistido à atração - e sequer se importam com F-1.

Hoje, no Twitter, os fã clubes analisam desde as covinhas fofas de Charles Leclerc até a estratégia da Ferrari para uma etapa específica. Fofocam sobre quem pega quem nos bastidores, têm diversas piadas internas sobre a personalidade dos pilotos e sobre o que pensam suas equipes. A Netflix sacou, o TikTok pegou e a Fórmula 1, que já foi coisa dos "tiozões", agora é um fenômeno entre os jovens.

Ana Helena Frazão, 17 anos, tem uma conta ativa no Twitter onde comenta tudo sobre o esporte. "Sempre gostei de carros, mas nunca fui ligada ao autoesporte. Só que em 2022, começou a aparecer um monte de vídeo do Leclerc, do Sainz e do time da Ferrari no TikTok. Me interessei", conta ao UOL. "Teria uma corrida naquela semana, decidi assistir. E nunca mais parei".

À série Drive To Survive, Ana Helena foi apresentada apenas neste ano, e foi o que a ajudou a entender os detalhes minuciosos que, nem na corrida, nem no TikTok, ela conseguia aprender.

"Primeiro, virei fã dos pilotos; depois, virei fã do esporte. O talento deles, a forma como eles se dedicam, é admirável", diz. E ainda aproveita o ensejo para alfinetar a Ferrari, a equipe de seus pilotos do coração. "A Ferrari não favorece o talento dos pilotos. Ano passado, o Leclerc estava quase no topo do campeonato, mas a equipe não soube aproveitá-lo e o Verstappen ganhou", comenta.

Ana Helena diz ser um fã clube de uma só pessoa, já que sua conta no Twitter traz informações, análises e reações sobre a Ferrari, seu time do coração. Ela participa, ainda, de um grupo no Twitter onde a fã base jovem da F-1 se concentra. "Tem muito adolescente na vibe, mas ainda é um nicho. Meus amigos da escola, por exemplo, não gostam de Fórmula 1".

Ana, 17 anos, fã de F-1 Imagem: Arquivo Pessoal

Fins de semana de GP são sagrados para Ana Helena, que, diferentemente das histórias comumente ouvidas, apresentou o esporte à mãe e à avó. A nova geração apresentando Fórmula 1 aos pais. "Minha mãe torce para a Ferrari porque eu torço, mas ela não entende muito. Minha avó já gosta. A gente começa a assistir juntas desde sexta-feira até domingo".

"Absurdo falar que é por causa de homem"

Gabriela, 18, também usa o Twitter como sua principal forma de divulgar opiniões sobre a Fórmula 1. Mergulhou no mar do esporte em 2022, também após assistir à série da Netflix. "Só tinha ouvido falar do Ayrton Senna, mas nunca tive interesse de acompanhar a F-1", conta.

Ela decidiu assistir à série por sugestão de um amigo, esse sim apaixonado por todos os tipos de esporte. "A série é um ótimo guia para começar", ela diz. "Mas é aquela coisa: você só começa a entender de verdade quando passa a acompanhar as corridas. E eu comecei".

"Tudo nesse esporte me prende demais, e é um absurdo falarem que mulheres só assistem às corridas de Fórmula 1 por causa dos pilotos bonitos. Ninguém se submeteria a ver vinte carros dando várias e várias voltas por uma hora e meia para ver homem bonito. Não dá para enxergar nem o número do carro, que dirá o rosto do piloto dentro do capacete."

Para Gabriela, a popularidade nas redes sociais atrai outros jovens, os estimula a tentar ver qual é a desse esporte. "É um combo para os jovens: a alta velocidade, os pilotos, as fofocas por trás do esporte, os fatos curiosos sobre o esporte. A gente adora tudo isso."

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