Em Interlagos, Verstappen corre para bater recorde que já dura 7 décadas
A Fórmula 1 dava seus primeiros passos. Os carros eram baratinhas _ou charutinhos, como queiram_, verdadeiras banheiras de gasolina. Segurança não era prioridade. Os motores tinham 2 litros. Time dominante nos dois primeiros anos da categoria, a Alfa Romeo saía de cena. O grid reunia marcas como Gordini, Connaught, Ecurie Ecosse e Ferrari.
O Brasil era governado por Getúlio Vargas. No dia da abertura do campeonato da F1, a manchete da "Folha da Manhã" destacava o esforço americano para evitar uma 3ª Guerra Mundial. Inaugurado 12 anos antes, Interlagos tinha 7960 m. Ir para lá era uma viagem.
Neste domingo, neste mesmo lugar, agora engolido pela metrópole, Max Verstappen pode superar um recorde que dura desde aquele distante 1952.
Aos 26, o holandês corre por 71 anos de história.
Naquela temporada de 1952, o italiano Alberto Ascari, ao volante de uma incrível Ferrari, venceu 6 dos 8 GPs do calendário. Aproveitamento de 75%.
Michael Schumacher passou perto em 2004, mas não o bateu. Jim Clark quase chegou lá em 1963, mas não conseguiu. Sebastian Vettel, Juan Manuel Fangio, Lewis Hamilton... Todos eles tiveram temporadas dominantes, mas nunca ninguém foi tão massacrante como Ascari.
Até agora.
Verstappen já venceu 16 dos 19 GPs deste campeonato. Se não ganhar mais nenhuma prova, ficará atrás do italiano. Se vencer apenas mais uma, garantirá o recorde: incríveis 77,3%.
As chances de acontecer em Interlagos são enormes.
Largando em segundo no sábado, Verstappen devorou Lando Norris na largada e venceu a corrida sprint. Neste domingo, ele nem sequer tem essa preocupação: sai na pole position.
"Aprendemos muito na sprint e espero fazer algo parecido no GP", disse, com ar de tranquilidade, no sábado.
Um de seus chefes, Helmut Marko, foi menos comedido. "Em nenhum momento ele precisou acelerar ao máximo. Sempre que Lando se aproximava, ele voltava a abrir vantagem. Estamos muito otimistas para a corrida", afirmou o austríaco.
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Quero receberComo se a sua própria força não bastasse, Verstappen tem outro trunfo para a corrida. Segunda força neste fim de semana, a McLaren se deu mal na caótica sessão de classificação da sexta-feira, interrompida por um forte temporal.
Norris larga em sexto. Seu companheiro, Oscar Piastri, é apenas o décimo na largada.
Quando olhar para o lado no grid, Verstappen verá Charles Leclerc, um contumaz freguês com sua Ferrari que anda bem em ritmo de classificação, mas que fraqueja nas corridas.
Para melhorar ainda mais a situação do holandês, a segunda fila é quase uma ficção: Lance Stroll em terceiro, com Fernando Alonso em quarto.
Em suma: Interlagos, mais uma vez, deve ver a história acontecer.
E são enormes as chances de este novo recorde durar por décadas e décadas, até a Fórmula 1 e o mundo de hoje se tornarem tão remotos como 1952 tornou-se para nós.
É este o tamanho que Verstappen já atingiu no esporte.
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