De fila para água a camarão e champanhe: vi a F1 em espaço VIP de R$ 40 mil

O final de semana do GP de São Paulo não teve chuva, nem vento. Muito menos sol escaldante daquele de arder as têmporas de quem decide passar o dia ao ar livre para ver a corrida. Não teve calor, muito menos frio. Não teve filas quilométricas nem arquibancadas cheias e barulhentas. Foi um fim de semana sem intercorrências, sem perrengue e sem qualquer coisa que causasse estresse. Para quem tinha R$ 40 mil para desembolsar no camarote da Red Bull, o Oracle Red Bull Hospitality.

Obviamente não é o caso da repórter que vos escreve. Mas fui convidada para assistir à corrida deste domingo (5) no espaço ultra VIP, que custa 8 mil dólares pelos três dias de evento. E conto, a seguir, a experiência.

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Imagem: Talyta Vespa/UOL

Quem adquire os bilhetes para o camarote entra no autódromo por um portão específico. Fila? Não há. Nas arquibancadas, os relatos são diferentes. Apesar de um ingresso para os três dias de evento não ter saído por menos de R$ 790, os fãs enfrentam extensas filas para entrar no autódromo, pagam R$ 8 por água e R$ 40 num sanduíche de pão com linguiça; acompanham a classificação sob o sol que antecedeu a tempestade na sexta-feira e se banham na chuva até encontrarem o rumo de casa.

Entre os VIPs, o perrengue é ter de escolher entre robalo ou medalhão de filé mignon, tudo na conta da Red Bull; é assistir à largada, à relargada e à chegada numa localização privilegiada e debaixo do ar-condicionado, ao lado da Megan Fox tentando passar despercebida e do Machine Gun Kelly (que não se importou em ser reconhecido).

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Imagem: Talyta Vespa/UOL

Um cachorro-quente clássico na arquibancada custa R$ 25. O maior, com tudo que é de direito, vale R$ 29. A cerveja custa R$ 16, refrigerante e suco, R$ 11. É permitido entrar no autódromo com até três itens alimentícios, desde que ensacados. Bebidas são proibidas. Apesar do sol escaldante sobre as cabeças, também não é permitida embalagem de protetor solar cujo tamanho supera os 100 ml. É proibido, ainda, guarda-chuva, sendo as capas a única solução possível para quem quer se prevenir.

No VIP, não precisa de protetor nem de guarda-chuva. As cadeiras, com estofado de camurça, acolhem os mais endinheirados. Sobre a mesa, guardanapos de pano, garrafas de água de vidro e uma garrafa de vinho ficam à disposição de quem senta.

Comidas e bebidas no camarote Oracle Reb Bull Hospitality
Comidas e bebidas no camarote Oracle Reb Bull Hospitality Imagem: Talyta Vespa/UOL
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Pela manhã - o espaço abre às oito -, garçons oferecem croissants e café a quem chegou cedo. Há, ainda, tendas de alimentos com mais opções disponíveis. Às onze, os croissants são substituídos por pratos com camarões ao vapor ao molho de manga e uma saladinha com maçã e azeite. Além do vinho tinto disponível na mesa, dá para pedir champanhe, vinho branco e drinks diversos.

O espaço é grande. Fica bem de frente para a linha de largada, e é totalmente envidraçado do teto ao chão. O mais próximo do sol que dá pra chegar é se apoiar nos vidros, o que dá, no máximo, um quentinho na pele. De lá, dá pra ver as arquibancadas, o sol na cabeça do povo e as idas e vindas em busca de banheiro e comida.

Há, ainda, telões que foram colocados em espaços distintos da sala, com narração em inglês. "É a primeira vez que tem mais brasileiro que gringo aqui", diz um garçom ao seu colega. Falando em garçons, eles falam de tudo: tem quem fale só português, tem quem fale só inglês, tem quem fale tudo junto e misturado e às vezes ao mesmo tempo.

Ao meio-dia, as tendas começam a servir o almoço - o prato é montado na hora. Comecei por robalo ao alecrim com purê de batatas e uma salada de edamame com algum tempero maravilhoso não identificado. Na tenda ao lado, um chef gringo cortava o filé mignon em medalhões, cujo miolo estava completamente cru, que é como manda o figurino de quem curte parrilha. A carne era servida sob uma cama de nhoque ao molho de mostarda e pimentões salteados. O robalo se saiu melhor por aqui.

As bebidas continuavam passando para lá e para cá. Antes de começar a corrida, um DJ mixava eletrônicos desconhecidos tal qual um lounge de festa sunset, sem a parte do sun. O sol estava ali, firme, queimando o cocuruto de quem esperava a largada no perrengue.

A atração master do espaço foi a visita à garagem da Red Bull. Não tenho fotos desse momento porque a regra era clara: ao adentrar a garagem, celular no bolso. Fomos, então, para o lado de fora, onde, aí sim, pudemos fotografar. O carro de Max Verstappen, que futuramente ultrapassaria a linha de chegada antes de tudo e de todos, estava ali, disponível, mas inatingível.

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Imagem: Talyta Vespa/UOL

Neste momento, em que a Red Bull me enchia de regalias, Lewis Hamilton passa ao meu lado. Obviamente, como no carro intocável de Verstappen, não fiz absolutamente nada. Tietar o rival no box dos caras é sacanagem demais, pensei.

Logo, rolou a corrida, dia de grandes emoções para a Red Bull. A cada tentativa de Sergio Perez de ultrapassar Fernando Alonso - foco na emocionante última volta -, o público do camarote vibrava loucamente. A vitória de Verstappen foi comemorada, é claro, mas não tanto quanto aquele tempinho em que Perez ficou à frente de Alonso. Verstappen está acostumando mal os fãs da Red Bull.

Durante a corrida, foram servidas três opções de sobremesa: uma torta de creme com um biscoito crocante por cima - que certamente não se chama biscoito, mas algum nome chique que desconheço; a outra era uma taça de mousse de chocolate e, por fim, frutas. Quando Verstappen consagrou o resultado de todo o fim de semana, muito à frente de Lando Norris, que terminou em segundo, os fãs VIP brindaram com champanhe.

Na arquibancada, os brindes também rolaram, mas com um pouco mais de correria. Ao fim da corrida, veja a contradição, começaria um novo perrengue: sair de Interlagos. Mas aí é um perrengue para todos, sem diferenciação: "arquibancaders" e "VIPers" se encontraram em busca de alguma forma de chegar em casa. Cada um com uma experiência diferente para contar, mas com outra convergência entre as histórias: foi uma corrida emocionante em São Paulo.

*O UOL esteve no camarote Red Bull a convite da Poker Stars.

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