As histórias mais incríveis do Brasil no Pan 2023 passaram pelas mulheres
O primeiro ouro brasileiro em Santiago, a volta por cima de Rafaela Silva, a exaustiva maratona de jogos pelos dois ouros de Laura Pigossi no tênis, a confirmação do favoritismo da estrela do Pan e as hegemonias do handebol, da ginástica rítmica e de Bia Ferreira no boxe. Muitas das histórias mais incríveis do Brasil no Pan 2023 passaram pelas mulheres.
Força feminina
O protagonismo das mulheres se notou nos números: dos 66 ouros brasileiros, 33 foram conquistados por elas, 30 por eles e três por equipes mistas.
Dos 205 pódios, 95 foram das mulheres, 92 dos homens e 18 por times mistos.
Somente na ginástica — somadas a rítmica, a artística e a de trampolim —, foram dez ouros das brasileiras, 11 pratas e dois bronzes.
Rafaela Silva e o ouro que lhe faltava
A judoca Rafaela Silva chegou a Santiago com sede de ouro. A ela não faltava quase nada na carreira: já havia sido campeã nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, e de dois Mundiais, em 2022 e 2023.
Até no Pan Rafaela já tinha ganhado um ouro: após vencer em Lima-2019, teve a medalha retirada por doping, decisão da qual discordou veementemente. A edição deste ano, portanto, se tornou especial. Sem a vitória de quatro anos atrás, voltar aos Jogos e reconquistar o ouro era questão de honra.
Venceu bem a panamenha Kristine Jimenez nas quartas de final, a colombiana Maria Villalba nas semis. Instantes antes da final, a feição decidida de Rafaela já indicava seu destino: com 'sangue nos olhos', ela não perderia a decisão. Diante de Brisa Gómez, a brasileira aplicou um wazari com 13 segundos de luta, e, logo depois, o ippon após mais um wazari.
Ali, sem dar chances à argentina, assegurou a medalha da mesma cor daquela que havia perdido pelo doping:
Acredito que tenha sido a medalha da justiça. As pessoas acompanharam um pouco minha história: eu conquistei a minha medalha em 2019 dentro do tatame e acabei perdendo ela fora dele. A conquista, para mim, significa conseguir colocar uma folha em branco em cima. Estou aqui reescrevendo minha história novamente e feliz por reconquistar a medalha que tiraram de mim.
Rafaela Silva
O primeiro ouro do Brasil no Pan
Estrela brasileira dos Jogos Olímpicos de Tóquio, Rayssa Leal, a Fadinha, deu o pontapé inicial para a melhor campanha da história do Time Brasil em Pans.
Em Santiago, ainda pela manhã, Rayssa teve excelentes apresentações na primeira, na terceira e na quarta tentativa, e somou uma nota de 236,98, abrindo ampla vantagem para a segunda colocada, a compatriota Pâmela Rosa (211,34).
Eu não tenho palavras para descrever o que estou sentindo agora. Estou muito feliz com tudo o que estamos conquistando esse ano. Eu e a Pâmela pudemos representar muito bem o Brasil. A ficha não caiu ainda.
Rayssa Leal
Ginástica rítmica brasileira domina Santiago-2023
Hegemonia maior não se viu em Santiago: as atletas da ginástica rítmica brasileira ganharam todas as competições que disputaram no Pan.
Nas cinco categorias individuais, Bárbara Domingos ganhou três ouros (individual geral, bola e fita), e Maria Eduarda Alexandre, dois (arco e maças). Ainda houve espaço para quatro pratas (Bárbara Domingos, duas vezes, Geovanna Santos e Maria Eduarda Alexandre) e um bronze (Maria Eduarda Alexandre).
Nos grupos, os três ouros em disputa também foram para o Brasil: 3 fitas e 2 bolas, 5 arcos e grupo geral.
A modalidade foi representada, aliás, por Nicole Pircio na dupla de porta-bandeiras do Brasil na cerimônia de encerramento do Pan.
'Maratonista', Laura Pigossi fatura dois ouros
É verdade que a modalidade de Laura Pigossi nada tem a ver com o atletismo. Mas a tenista brasileira enfrentou uma maratona de jogos — alguns no mesmo dia — para deixar a capital do Chile com duas medalhas de ouro.
No dia 28, horas antes da final feminina de duplas, Laura atuou pelas semifinais do individual, e levou mais de três horas para confirmar sua vaga na decisão, que seria no dia seguinte.
Cansaço? Não para Laura: enfrentar a exaustiva sequência de partidas não foi um problema, pois ela venceu a longa semifinal, a final por duplas, ao lado de Luisa Stefani, e a decisão da categoria individual. Foram dois ouros da tenista, que ajudou o Brasil a ter a melhor campanha da modalidade no Pan.
Estrela do Pan, Rebeca confirma favoritismo e brilha em Santiago
Rebeca Andrade foi aos Jogos de 2023 como a estrela do Pan. Com um rótulo assim, não poderia fazer feio. E não fez: a cada categoria disputada, uma nova medalha dourada ou prateada. Foi assim a participação da ginasta em Santiago.
Sem a presença da norte-americana Simone Biles, Rebeca chegou com favoritismo, disputou quatro competições e foi ao pódio em todas elas. No salto, com direito a uma apresentação histórica, e na trave, conquistou o ouro. Nas barras assimétricas e na prova por equipes, faturou a prata.
Foi figura essencial para a ginástica artística brasileira encerrar os Jogos com duas medalhas de ouro, cinco de prata e uma de bronze.
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