Treinos, cirurgia e Senna: como alemã voltou a correr após fraturar coluna

Os documentos da alemã Sophia Floersch mostram o dia 1º de dezembro de 2000 como data de nascimento. Mas, se pudesse colocar uma outra data, a piloto de Fórmula 3 acrescentaria 18 de novembro de 2018.

Há exatos 5 anos, ela estava na quarta volta do GP de Macau, uma das mais importantes do automobilismo de base e reúne os melhores pilotos jovens do mundo. Então com 17 anos, brigava por posições no meio do pelotão e tentava a atenção de chefes de equipe da F-2 e da F-1.

Então, em um milésimo de segundo, tudo mudou: depois de um toque na parte traseira de um adversário, o carro de Sophia decolou. Já sem qualquer controle, ele voou por cima do guard-rail e do alambrado da curva Lisboa, e chocou-se contra uma pequena torre onde ficavam fotógrafos e cinegrafistas.

As imagens do acidente correram o mundo. Pilotos de várias categorias prestaram solidariedade à jovem alemã, que foi levada consciente para o hospital. Ela teve uma fratura de vértebra, mas foi operada e, depois de uma longa recuperação, voltou às pistas.

Em 2019, Sophia retornou a Macau para disputar a prova; em fevereiro de 2020, ela conquistou o Prêmio Laureus de "Retorno do Ano", que tem em sua galeria de vencedores nomes como Ronaldo, Rafael Nadal, Roger Federer, Tiger Woods e Michael Phelps.

Neste fim de semana, quatro anos após o retorno, e cinco depois do acidente, ela volta a disputar a prova. Pelo caminho, a piloto participou de campanhas pela segurança nas pistas, se engajou em causas como a luta por mais espaço para as mulheres no automobilismo, e ampliou sua carreira para os carros de Turismo, disputando provas como as 24 de Le Mans, além de uma temporada do DTM, a stock car alemã, em 2021.

O caminho de volta

Os cinco anos que separam aquela Sophia do acidente da que conversou com o UOL em 2023 foram de muito trabalho, superação e inspiração.

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O caminho começou nos dias seguintes, ainda em novembro de 2018, quando ela foi submetida a uma operação na coluna, devido à fratura sofrida no acidente. Mas o passo mais difícil foi voltar aos treinos.

"Como atleta, a gente sempre está na academia, treinando. Quando eu tive o acidente e a cirurgia, eu não podia treinar por muitas semanas, perdi 8 quilos de músculos, então na primeira vez que fui à academia eu tive que começar levantando pesos de 1 kg de novo. Foi a parte mais difícil", afirma.

Com menos massa muscular, sem ritmo e precisando recuperar a força e a mecânica dos movimentos, Sophia recorreu a uma frase que a motivava: "Eu perdi tudo, mas se eu treinar, vai voltar".

Emoção com Ayrton Senna

Na jornada dos cinco anos desde o acidente, Sophia também passou a procurar mais informações sobre um piloto que ela não viu, mas que serviu de inspiração para ela: Ayrton Senna.

No início deste ano, antes da etapa da F-3 em Ímola, ela prestou uma homenagem ao brasileiro em suas redes sociais. Ao UOL, ela contou sobre a admiração que tem por Senna, que morreu no circuito italiano, em 1994.

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"É claro que o Senna é de uma época anterior à minha e eu fico triste porque gostaria muito de tê-lo visto correr. Ele é uma lenda, eu adoro assistir a filmes e documentários sobre ele. Eu já perdi as contas das vezes que me emocionei e chorei vendo vídeos dele", revela.

Quando vê Senna em ação, a alemã diz não se fixar em corridas ou feitos específicos. O que emociona é o lado humano do brasileiro. "É incrível como ele tinha fãs apaixonados, no Brasil e no mundo todo. Eu gosto do jeito dele, da personalidade. Admiro isso mais do que as corridas".

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