'Corrida de sobrevivência': os segredos para superar 12h e 800km em um kart
O kartódromo da Granja Viana recebeu, ontem (21), as 500 Milhas de Kart, evento que chega em sua 26ª edição. Neste ano, a prova em Cotia recebeu 40 veículos e mais de 150 pilotos, desde nomes consagrados do automobilismo às promessas do segmento.
'Corrida de sobrevivência'
Diferente de corridas tradicionais, o mais importante nas 500 Milhas não é estar na frente o tempo todo. Três pilotos participantes da etapa — um deles, inclusive, da equipe vencedora — explicaram o motivo ao UOL.
É uma corrida quase que de sobrevivência: quem sobreviver, ganha. Tem que ser rápido, mas também conseguir manter os pneus vivos, racionar no combustível e tomar cuidado com toda a mecânica. É muita estratégia, parceria, conversa... tem que estar todo mundo muito entrosado para fluir Fefo Barrichello, filho de Rubinho e piloto da Fórmula 4
O segredo do sucesso aqui é, principalmente, não quebrar o kart. A gente precisa se manter sempre na pista e usar tanto a inteligência quanto a consciência para controlar combustível e pneus da maneira certa Gabriel Bortoleto, campeão da Fórmula 3
Em uma prova rápida, você não pensa em poupar equipamento. Em uma prova de longa duração, como essa você tem duas preocupações: poupar equipamento — evitando atacar zebra, torcer chassi, desgastar pneus para trazer economia para ser mais rápido no final — e o comprometimento com os demais pilotos do seu time Tiago Régis, piloto da FKart
Como funciona?
A 1ª edição das 500 Milhas ocorreu em 1997. Na ocasião, a prova foi vencida pela equipe formada por Felipe Massa, Julio Campos, Guilherme Rocha, Tuka Rocha, Giuliano Bertuccelli e João Paulo Bertuccelli.
A prova dura 12 horas (com trajeto total de cerca de 500 milhas — 804 km) e não é individual: cada time reúne um grupo de pilotos, que se revezam na pista em diferentes estratégias. O número de representantes também varia conforme a opção de cada escuderia.
Os karts fazem dez paradas durante o percurso — algumas curtas, que duram seis minutos, e outras longas, com mudanças mecânicas. Tudo depende da necessidade de cada equipe.
Uma das novidades deste ano foi a chuva artificial. A organização colocou, no meio do percurso, um equipamento para irrigar o kartódromo e desafiar os pilotos em momentos diferentes. Apesar da surpresa, o calor amenizou os efeitos.
O ponto onde foi colocada a chuva artificial não causou problemas no contorno de curva, deu apenas uma nebulizada na viseira. A iniciativa é legal. Fiquei um pouco preocupado porque pensei que pudesse trazer algum risco aos pilotos, mas não foi o caso. Da maneira com que foi feito, é um charme legal Tiago Régis
Entre uma pausa e outra, o tempo livre dos pilotos serve para descanso e alimentação. O ambiente se divide entre confraternização, com os participantes colocando a conversa em dia, e competição, com estratégias para as próximas "pernas".
Já depois das 23h, o público ficou sabendo quem venceu a corrida: a equipe Americanet/Car Racing/Techspeed, de Caio Collet, Clement Novalak, Enzo Bortoleto, Felipe Drugovich, Gabriel Bortoleto e Sergio Sette Câmara. O sexteto superou os concorrentes e ficou com o título desta edição.
Foi uma prova muito boa para a gente. O objetivo era assumir a liderança o antes possível. Eu e o Caio nos ajudamos até abrir uma boa lacuna do pessoal e, dali, a equipe comandou boa parte da prova Felipe Drugovich
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