Apaixonado por Senna, ele trocou barco de Pelé por lancha do piloto

Danilo Iakimoff, 43, vendeu um barco que pertenceu a Pelé para realizar um sonho: comprar a lancha "Pole Position", que acompanhou Ayrton Senna de 1986 até sua morte, em 1994.

A lancha, de estofados brancos e madeira escura, está exatamente do jeito que o advogado comprou. Ele mantém, inclusive, o motor "tunado" escolhido a dedo pelo piloto brasileiro — três vezes mais potente que o original.

"Esse barco foi fabricado pelo estaleiro Cobra, do Rio de Janeiro. Eles deram esse barco para o Senna, mas ele pediu que não colocassem o motor, pra ele pôr um bem mais potente. O motor é praticamente três vezes mais potente do que o barco necessitaria, de 225 cavalos", detalha Danilo.

Pole Position no mar de Angra dos Reis, onde novo dono refaz passeios do piloto
Pole Position no mar de Angra dos Reis, onde novo dono refaz passeios do piloto Imagem: Arquivo Pessoal

Apaixonado por barcos e pela história de Senna, o novo proprietário escreveu um livro contando a história da lancha, para onde o piloto brasileiro costumava levar suas namoradas, amigos e praticar esportes aquáticos.

Danilo mantém inclusive os riscos causados pelas aventuras dele na água. "Eu penso que foi ali que o Senna bateu o jet ski e isso tem que ser preservado, nunca vai ser repintado", afirma.

Estofados brancos e foto de Senna são destaque no barco que foi do brasileiro
Estofados brancos e foto de Senna são destaque no barco que foi do brasileiro Imagem: Arquivo Pessoal

"O próprio Ayrton fazia manutenção"

Nascido na cidade de São Paulo, Danilo decidiu passar um tempo em Angra dos Reis para "refazer" os passos de Senna, que costumava levar a lancha até o litoral fluminense.

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"Para onde o Senna ia, ele levava o barco. Quando vinha pra Angra, ele engatava na picape e levava na carretinha. Eu tenho até luvas de jet ski que ele usou nesse barco, guardadas, que vieram junto."

O interior da lancha pole position
O interior da lancha pole position Imagem: Arquivo Pessoal

E os passeios na lancha não eram regados a muito luxo: por dentro, a Pole Position tem apenas estofados brancos com detalhes em vermelho — originais desde os anos 1980 — e revestimento em madeira escura. De decoração, só um item chama atenção: uma foto do piloto, com o conhecido boné do banco Nacional.

"O próprio Ayrton fazia manutenção do motor, ele gostava de acompanhar o mecânico, de fazer a revisão básica. Ele tinha muito cuidado, por isso o barco está tão bom pro tempo que tem."

Senna com a "Pole Position" ao fundo
Senna com a "Pole Position" ao fundo Imagem: Arquivo Pessoal

Lancha exigiu um ano de negociação e venda do barco de Pelé

Ainda na juventude, Danilo abandonou o direito para se dedicar à compra e restauração de barcos. E sua primeira compra não foi nada modesta: ele adquiriu um barco do "Rei Pelé" ofertado em um anúncio de jornal.

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"Eu não era fã de futebol, mas gostava da lancha. Quando ela chegou foi uma decepção: o barco estava um lixo, todo destruído, ia 'pro fogo' praticamente. Só que eu vi a cópia do documento com o nome do Pelé e o barco se chamava Kelly Cristina, o nome da primeira filha dele, e decidi restaurar com a ajuda de patrocinadores amigos", detalha.

Antes e depois do Kelly Cristina, que deu início a trajetória náutica de Danilo
Antes e depois do Kelly Cristina, que deu início a trajetória náutica de Danilo Imagem: Arquivo Pessoal

O Kelly Cristina foi a porta de entrada de Danilo no mundo dos barcos. A reforma ganhou repercussão na mídia e ajudou o advogado a conquistar seu verdadeiro objeto de desejo, a lancha do ídolo Senna.

"Eu estava em um evento expondo essa lancha do Pelé, na Raia Olímpica da USP, e conheci a proprietária da lancha do Senna. Na época em que ele morreu eu tinha 14 anos, chorei como todo brasileiro, então saber que era dele tocou forte em mim. Decidi que queria ter esse barco de algum jeito", lembra.

Apesar da vontade, Danilo não tinha dinheiro para comprar o barco. Ele prefere não detalhar o valor pedido pela antiga proprietária - em respeito a um pedido dela - mas conta que passou um ano negociando uma oferta "possível".

"Eu realmente tive que vender o barco do Pelé, mas era trocar um bem precioso por outro mais ainda. A antiga proprietária, que se tornou minha amiga, era amiga do Senna, foi na casa dele de Angra dos Reis, passou fins de semana lá com ele. E eu consegui comprar essa lancha dela, que se tornou a menina dos meus olhos", conclui.

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