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Tiros contra porta atingiram namorada: o crime que condenou Oscar Pistorius

Oscar Pistorius em 2014, no tribunal; ele matou a tiros a ex-namorada, Reeva Steenkamp, em 2013 Imagem: EFE/MARCO LONGARI

Do UOL, em São Paulo

05/01/2024 12h18

Oscar Pistorius, de 37 anos, foi solto hoje na África do Sul após quase dez anos preso pelo assassinato da namorada, Reeva Steenkamp, em 14 de fevereiro de 2013.

O ex-atleta, dono de seis medalhas de ouro paraolímpicas, nunca se declarou culpado pelo crime. O que se sabe é que a modelo estava trancada dentro de um banheiro, na casa do companheiro, quando Pistorius atirou quatro vezes contra a porta fechada. Ele alegou que pensava que um bandido estava escondido no cômodo.

Relembre o caso

A modelo Reeva Steenkamp, de 29 anos, foi morta na casa de Pistorius, em Pretória, capital da África do Sul.

Ela foi alvo de quatro tiros dentro do banheiro, na madrugada do Dia dos Namorados no país; os disparos atingiram cabeça, cotovelo e quadril.

O atleta negou ter tido a intenção de matá-la e alegou que achava que ela estava na cama; ele afirmou que assistia televisão sem as próteses enquanto a namorada fazia ioga. Ambos foram dormir, mas Pistorius teria acordado no meio da noite para fechar a janela da sacada e, ao voltar, ouviu um barulho estranho no banheiro e achou se tratar de um intruso.

Ele afirmou que atirou contra porta do banheiro porque acreditava que a casa tinha sido invadida por um ladrão.

Promotores do caso defenderam que o crime era passional, mas a possível motivação nunca foi confirmada; uma vizinha do casal, testemunha no julgamento, afirmou ainda que ouviu gritos de uma mulher na noite do crime, antes dos tiros, segundo divulgado pela BBC.

Reeva Steenkamp foi morta aos 29 anos Imagem: Reprodução/Instagram/Reeva Steenkamp

Inicialmente, Pistorius foi condenado por homicídio culposo, com uma sentença de cinco anos de prisão. Em outubro de 2014, meses depois, ele já foi liberado para cumprir a pena em casa.

Mas a Suprema Corte decidiu intervir e anulou a decisão, enxergando que a ação do ex-atleta foi dolosa. O juiz responsável afirmou que Pistorius "tinha como prever que qualquer um que estivesse atrás da porta poderia morrer."

Ele acabou condenado a seis anos de prisão em 2016, mas a sentença foi considerada "leniente" e aumentada para 15 anos em 2017; descontando o tempo que ele já estava preso.

Pistorius obteve a liberdade condicional em 24 de novembro de 2023; na África do Sul, os condenados podem solicitar soltura depois de terem cumprido metade da pena.

O hexacampeão paralímpico está proibido de falar com a imprensa, como parte das condições estabelecidas para a concessão de liberdade condicional; ele também não pode viajar ou voltar a trabalhar e deve se submeter a uma terapia sobre o controle da raiva e violência contra mulheres, até 2029.

Antes do crime, quem era Oscar Pistorius?

O velocista foi um dos atletas paraolímpicos mais bem-sucedidos da história, assinando contrato com grandes marcas de materiais esportivos.

Ele ganhou o apelido de "Blade Runner" — "corredor de lâminas", em português — em referência ao filme e à aparência de suas próteses.

Pistorius ganhou seis medalhas paraolímpicas - quatro de ouro, uma de prata e uma de bronze - nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012, nas provas dos 100, 200 e 400 metros.

Oscar Pistorius na semi-final dos 400 metros nos Jogos Olimpícos de 2012 Imagem: REUTERS/Michael Dalder/File Photo

Ele foi o primeiro atleta paraolímpico a competir nas Olimpíadas tradicionais em igualdade de condições, em Londres 2012.

O corredor esteve na disputa dos 400 metros e terminou em segundo lugar na sua bateria, com a marca de 45s44, garantindo lugar na semifinal — lá, ele foi o último colocado entre oito competidores.

Pistorius nasceu sem a fíbula — um osso essencial para a estrutura dos membros inferiores — nas duas pernas. A situação levou à amputação abaixo do joelho quando ele tinha apenas onze meses.

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