Família de remador negro temia abordagem policial; PMs serão investigados

A família do remador do Vasco enquadrado como "adolescente infrator" por suspeita de furto de celular demonstrava preocupação quanto às abordagens policiais em ônibus. A conduta dos agentes envolvidos na ação será investigada, segundo nota da PM.

O que aconteceu

Morador do Morro do Tuiuti, o jovem de 14 anos ia aos treinos do remo do Vasco, na Lagoa, zona sul do Rio, de ônibus. Por ser negro, a família demonstrava preocupações e dava dicas a ele para o caso de abordagens policiais.

Familiares avisavam a ele para que sentasse próximo ao motorista e andasse com o uniforme do Vasco na mochila para mostrar que era atleta do clube, além de responder a todos os questionamentos que fossem feitos.

Mesmo com a gente se preparando, sabendo que isso pode acontecer um dia, é assustador ficar horas sem conseguir contato com seu filho e, depois, descobrir que ele está numa delegacia Carla Costa, mãe do atleta

O Vasco afirma que o atleta foi "detido por policiais militares e conduzido para a delegacia" suspeito de furtar um celular enquanto voltava de ônibus do treino para casa. O caso foi registrado na 5ª DP (Mem de Sá) e encaminhado para a 4ª DP (Presidente Vargas). O jovem e outros garotos detidos foram liberados.

A Polícia Militar do Rio de Janeiro vai analisar a conduta dos policiais. "Cabe ressaltar que a corporação não compactua com quaisquer desvios ou qualquer tipo de ato discriminatório cometido por policiais militares", disse, em nota.

Ao UOL, o Vasco apontou que "abordagens policiais em ônibus a jovens atletas do remo do Vasco, que treinam na Lagoa e moram na zona norte, infelizmente acontecem com alguma regularidade, principalmente quando são negros. Nessas ocasiões, os jovens se apresentam e comprovam serem atletas do Vasco e são liberados. Casos similares de abordagens também já foram registrados com alunos e jovens atletas do futebol".

A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro acompanha o caso e vai realizar o atendimento da família nos próximos dias.

O que diz a PM?

A PM disse que o comando do 5° BPM (Praça da Harmonia) instaurou um procedimento apuratório para analisar a conduta dos policiais. A declaração foi feita em nota divulgada pela corporação.

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Ainda no documento, a entidade aponta que agentes foram acionados para uma ocorrência de furto na Avenida Presidente Vargas e que "vítimas relataram que os suspeitos estavam a bordo de um ônibus da linha 472".

A PM afirma que "quatro menores foram abordados pelos policiais" e, com o grupo, "os agentes localizaram dois aparelhos de telefone celular". Os telefones foram devolvidos, e uma das vítimas não quis formalizar denúncia. A outra vítima acompanhou a equipe até a delegacia, onde não reconheceu os envolvidos como autores do furto.

Os jovens foram liberados após serem conduzidos à 4ª DP.

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