Carlos Prates poderia estar bem longe do card preliminar do UFC Fight Night deste fim de semana, em Las Vegas, mas possíveis "zoações" transformaram a vida do brasileiro de 30 anos, que hoje encara o norte-americano Trevin Giles em sua estreia na principal organização de MMA do mundo. O embate, válido pelo peso meio-médio, começa às 18h (de Brasília) e será transmitido pelo UOL.
Prazer, Pesadelo
O paulista de Taubaté teve uma infância "da hora", segundo ele mesmo descreveu ao UOL. Corintiano e filho único, ele jogava bola ao lado dos amigos na cidade e teve contato com o mundo da luta justamente por meio do pai de um deles, fã de Pride.
O sonho de subir aos octógonos surgiu na adolescência, mas a mãe não mostrava reciprocidade. Entre seus 15 e 16 anos, no entanto, Prates venceu a família pelo cansaço e passou a treinar "para ver se sossegava um pouco".
A primeira luta foi decepcionante e quase fez o jovem desistir. Ele persistiu por uma causa, no mínimo, inusitada — e que hoje serve como motivo de brincadeira.
Minha primeira luta foi em São Paulo. Eu treinava com o Cris [Nogueira] em Taubaté e ele me levou. Lutei e acabei perdendo. Aí, ia desistir e parar de treinar, mas falei: 'se eu parar de treinar, a galera vai me zoar... vão falar que afinei, que parei de treinar porque perdi'. Então decidi fazer mais uma luta. Fiz mais uma luta e ganhei, depois ganhei mais dez seguidas e mantive os treinos Carlos Prates ao UOL
Em meio à sequência de vitórias, Prates virou "Pesadelo" (ou "Nightmare", como hoje é conhecido). Mas se engana quem pensa que o nome é apenas para colocar medo nos adversários.
O apelido veio do personagem homônimo do Sítio do Picapau Amarelo, famosa série de outro nascido em Taubaté, Monteiro Lobato. Segundo Prates, o "pesadelo pegou".
Pesadelo não perde uma luta desde 2019 e vem numa sequência de seis nocautes — o último dele no Contender Series.
O bom desempenho satisfez Dana White, chefão do UFC, que o comparou com Anderson Silva ao convidar o brasileiro para integrar o UFC. O elogio foi bem recebido, mas Prates reforçou que quer seguir sua própria trajetória.
Me surpreendeu, foi muito bom ouvir isso. É bom saber que estamos no caminho certo e que estou agradando a todo mundo. Se agradou ao Dana, agradou a todo mundo. Mas isso é uma parada que não deixo mexer comigo. Daqui a dez anos, quero ver alguém lutando no Contender e o Dana falar que aquele é o novo Carlos Prates. O Anderson é o Anderson e o Carlos Prates é o Carlos Prates, mas é da hora ser comparado com ele, é um dos meus ídolos Carlos Prates, ao UOL
Mais sobre Carlos Prates
Início por acaso? "Eu comecei a treinar porque achava maneiro e assistia às lutas, mas 'de primeira', não pensava em ser lutador. Não tinha nada em mente concreto, mas a coisas foram acontecendo e fui botando na minha cabeça: 'acho que vou seguir neste caminho'."
Característica marcante. "Eu acho que é minha frieza. Gosto de olhar bastante a luta, ver o que meu oponente gosta de fazer, ver se ele é forte ou não... além de treinar bastante, tenho bastante frieza na hora de lutar para não deixar a emoção tomar conta."
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Quero receberAdversário de hoje. "O ponto forte do Trevin, que é muito experiente, é ter uma mão muito boa. Mas o ponto fraco, pelo que tenho visto, é que ele toma muito golpe e knockdown (queda). Isso é bom para mim, sou striker (estilo ofensivo). Vai ser um diferencial eu aproveitar essas brechas e machucar o corpo dele no começo, fazendo ele esquecer um pouco da cabeça."
Ansiedade para comer. "Estou tranquilo, fico mais ansioso para bater o peso logo para comer normal. Eu gosto de comer para caramba, então fico ansioso para passar essa parte. Eu gosto de comer tudo, churrasco, pizza, lanche, salada, macarrão. Não tem uma parada que eu não como. Como de tudo e gosto de comer toda hora, comer bem. Isso me deixa alegre."
Ídolos. "Gosto do Anderson, do Minotauro e do Mirko 'Cro Cop', são os caras que gosto. Não tem como decidir e citar um só."
Pedido a Dana. "Eu quero me apresentar bem agora, nocautear se tudo der certo e lutar no Brasil. Eles estão me devendo isso. Na luta do Contender, o Dana falou que eu poderia lutar no Brasil se eu quisesse, mas não me botaram para lutar. Uma luta no UFC Rio seria maneiro. E depois disso quero fazer mais uma luta, para fechar três no ano."
Prates fora do MMA. "Eu sou de boa, gosto de assistir futebol, Fórmula 1 e, quando não tenho luta marcada, gosto de sair. Gosto de festa, não sou muito de ficar em casa. Ah... eu torço para o Corinthians, o maior de todos."
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