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Luísa Baptista deixa UTI após acidente e 2 meses de coma: 'Ressuscitei'

Luísa Baptista, triatleta que se recupera após ter sido atropelada por uma moto Imagem: Reprodução/Globoplay

Do UOL, em São Paulo

31/03/2024 22h17

A triatleta Luísa Baptista receberá alta da UTI amanhã, mais de três meses depois do grave acidente que sofreu em dezembro do ano passado. Ao Fantástico, ela disse que "praticamente ressuscitou" e projetou o seu retorno às competições.

Caminhando na recuperação

Luísa vem avançando na recuperação após ter ficado dois meses em coma ao ter sido atropelada por uma moto. Ela já tirou o cateter de acesso, se alimenta sozinha, conversa e recebe visitas.

A triatleta deu os primeiros passos no hospital e receberá alta da UTI amanhã. São três sessões de fisioterapia por dia.

Ela ficou dois meses em coma, e agora não vê a hora de voltar. Ao todo, Luísa passou por três hospitais e contrariou prognósticos que diziam que ela não ia se recuperar.

Não vejo a hora de voltar. Vou voltar com toda a força, com toda a certeza do mundo. sou privilegiada por ter sobrevivido ao acidente, eu ressuscitei praticamente. Sou muito grata, me vejo nas olimpíadas daqui a quatro anos. Paris está muito cedo ainda, quem sabe em Lima [em 2027] consiga ser bicampeã pan-americana. Essa é a meta para mim. Luísa Baptista, ao Fantástico

Atuação de médica salvou a atleta

Triatleta Luisa Baptista após se recuperar do coma Imagem: Divulgação/Instagram - Vitor Duarte

Luísa deu entrada no hospital com choque hemorrágico grave, e seu coração parou por oito minutos. Ela teve lesões em diversas partes do lado direito de seu corpo, inclusive fraturas expostas na mão e na perna, mas não sofreu danos cerebrais.

A triatleta também teve o pulmão perfurado e precisou fazer uso de um equipamento específico. Chamado de ECMO, ele é uma espécie de pulmão artificial e ficou responsável pela função por cinco dias.

A cardiologista Ludhmilla Hajjar entrou em contato com a família e foi responsável por viabilizar o acesso ao aparelho. O equipamento não está disponível no SUS e foi essencial para Luísa seguir viva.

Ela achou alguma matéria sobre o acidente e entrou em contato com meu irmão. A partir disso, trocaram mensagens para me trazer aqui e pude usar a ECMO. Se não fosse isso, não teria me recuperado. Luísa Baptista

A médica parou os preparativos do Natal quando soube do acidente e focou em ajudar a atleta. Ludhmilla, que trabalha em UTIs há mais de 25 anos, montou uma equipe e organizou a unidade em que Luísa ia ficar.

Parei tudo que eu estava fazendo, não quis mais saber do Natal, meu foco era encontrar a Luísa e tentar ajudá-la. Montei uma equipe, um grupo de WhatsApp, porque tinha que pegar material cirúrgico, encontrar pessoal, organizar UTI. Diziam para mim, que coordenava o caso, e para a família, que ela não ia acordar, que não ia recuperar força. Eu respondia que ela ficaria boa, tinha essa certeza. É uma pessoa que está acostumada a superar obstáculos, a vencer a própria limitação. Então acho que esse espírito guerreiro da triatleta vencedora foi além. Ludhmilla Hajjar, cardiologista e professora da FMUSP

Situação do motorista

Luisa Baptista, triatleta brasileira Imagem: Reprodução/Instagram

O motorista que atropelou Luísa está solto. Ele havia ido a uma festa open bar na noite anterior.

O homem afirmou ao Fantástico que não ingeriu álcool e que o acidente ocorreu quando estava indo ao trabalho. No entanto, ele disse que não se lembra do momento da colisão.

Um vídeo de câmera de segurança perto do local do acidente mostra Luísa passando, mas não registra a moto. Tal fato reforça a tese da defesa da atleta de que o motociclista vinha no sentido contrário, invadiu a faixa e a atingiu na contramão.

O delegado Caio Iberê explicou que o motorista pode vir a responder por tentativa de homicídio por dolo eventual. "No primeiro momento, estava respondendo por lesão corporal na direção de veículo automotor. Mais para a frente, poderia a tipificação mudar para tentativa de homicídio por dolo eventual", disse o delegado à reportagem.

Desculpa, moço, mas você tem que ser penalizado. Infelizmente, é muito sofrimento para quem passa pela situação que você provocou. Luísa Baptista

Os laudos da perícia ainda não estão concluídos.

O caso

Luísa foi atropelada por uma moto por volta das 8h da manhã do dia 23 de dezembro do ano passado. Ela pedalava na Estrada Municipal Abel Terrugi (SCA-329), em São Carlos, no interior paulista, quando o veículo colidiu frontalmente com sua bicicleta. A estrada costuma ser utilizada para treinos, pois é vazia.

Ela sofreu múltiplas lesões e precisou passar por algumas cirurgias. De acordo com a Santa Casa de São Carlos, ela teve pneumotórax, traumatismo craniano, fraturas costais e na perna direita.

O motociclista, de 27 anos, não tinha habilitação e teve sua moto apreendida. Conforme divulgado pela Polícia Civil, ele sofreu ferimentos de menor gravidade e foi indiciado por lesão corporal culposa - quando não há intenção de matar.

Quem é Luísa Baptista

Luisa Baptista, triatleta brasileira Imagem: Reprodução/Instagram

Nasceu em julho de 1994 na cidade de Araras, interior de São Paulo, e partiu para São Carlos em busca do sonho de tornar-se atleta.

Ingressou no Sesi e passou a se destacar no triatlo sob comando do treinador Eduardo Braz. Faturou duas medalhas em etapas da Copa do Mundo de Triatlo: bronze em 2017 e prata em 2018.

No Pan de 2019, foi campeã no individual e na categoria mista. O evento ocorreu em Lima, no Peru. A conquista foi a primeira de uma mulher brasileira no segmento. Ainda representou o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, no Chile, e nas Olimpíadas de Tóquio. Estava treinando para Paris-2024.

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