Deiveson quer 'furar fila' por título do UFC e aposta em suas raízes
Arthur Macedo
Do UOL, em São Paulo
13/04/2024 12h00
Deiveson Figueiredo está no card do UFC 300 por que já alcançou a maior glória na liga. Ele ostentou o cinturão do peso-mosca entre 2020 e 2021, mas agora está no peso-galo, onde possui somente uma luta. Mesmo sem experiência contra a elite da categoria, o brasileiro já pensa em retomar o status de campeão. O 'Deus da Guerra' falou sobre seus objetivos e como alcançá-los ao UOL.
"Já subi pronto"
O adversário deste sábado é um ex-campeão em má fase. Cody Garbrandt deteve o cinturão do peso-galo por quase um ano, entre 2016 e 2017, antes de entrar em espiral negativa: são cinco derrotas nas últimas oito vezes que subiu no octógono. O duelo entre Deiveson e o norte-americano abrirá o card do UFC 300.
Realmente eu queria enfrentar alguém que está ali entre os cinco (melhores) da categoria, mas o Cody é um cara ex-campeão, tem um nome muito bom na organização e decidimos enfrentá-lo. Mesmo não estando ranqueado, o nome me leva a uma disputa de cinturão. Esse foi um dos motivos para aceitar a luta Deiveson Figueiredo ao UOL
Força mental e origens como trunfo. Deiveson comentou em entrevista à MMA Fighting que Garbrandt mostrou ao longo da carreira ser um lutador "mentalmente frágil". O brasileiro acredita que esse aspecto é justamente um de seus pontos mais fortes, e retoma sua história de vida para atestar isso.
Eu sou um cara que vem da selva, irmão. Nasci no interior, fui criado na fazenda, lidando com animais bravos até meus 18 anos. Muitas pressões, coisas aconteceram na vida. Não é qualquer coisa que abala meu psicológico. Até nas derrotas que eu tive, voltei para casa com uma só mentalidade: voltar melhor na próxima luta e eu fiz acontecer. Eu provo que tudo é possível
O foco é em caminho curto para a disputa por cinturão. O 'Deus da Guerra' enfrentou somente Rob Font, atual 9º colocado no ranking do peso-galo, desde a entrada na categoria. No entanto, Deiveson já se sente pronto para alcançar a glória máxima.
Eu sou um ex-campeão, estreei na categoria com o pé direito. Ganhando do Garbrandt sábado, eu certamente vou pedir uma disputa pelo cinturão. Isso tudo depende da organização. Estou pronto para uma disputa de cinturão. Eu já subi pronto
Mudança de categoria e olhar para o peso-mosca
Deiveson garante que a transição ao peso-galo foi uma decisão acertada. O brasileiro aponta que possuía dificuldades para bater a balança e manter uma rotina saudável de treinos.
Em um dia como hoje, lutando nos 57kg, eu estaria certamente estourado, estressado, chateado. Agora estou bem demais, me sentindo muito bem para essa luta
Já não aguentava mais bater 57kg, aquilo agredia muito meu corpo. Eu tenho 36 anos, e tudo que tenho que fazer agora é manter meu corpo saudável, para que eu tenha um longo período de lutas. Ainda me vejo lutando, eu planejei lutar até os 35 anos, mas eu sinto que a conquista ainda não foi realizada. Quero chegar aí até meus 38, 39 anos, para que eu possa me aposentar e curtir um pouco dos meus filhos, da minha família
A categoria que deixou para trás atualmente tem um brasileiro como campeão. Alexandre Pantoja, que entrará em ação no UFC 301 — 4 de maio, no Rio de Janeiro —, é o detentor do cinturão do peso-mosca. Deiveson é um dos únicos três lutadores que derrotou o compatriota no UFC.
Eu sabia que o Pantoja era um cara que pegaria o cinturão. Seria muito mais difícil para ele comigo na categoria. Porque eu ganhei, e oferecia uma luta muito perigosa para ele. Como ia sair da categoria, já sabia que ele pegaria o cinturão
Já não me vejo mais nos 57 kg, a não ser um desafio para me fazer eu voltar. Se o desafio fosse do campeão, eu voltaria pela possibilidade de ter o cinturão. Mas diante disso estou feliz. O Pantoja é um garoto muito do bem, dono do cinturão. Está conquistando muito, para a família dele, para os filhos. Tudo que eu desejo é que ele permaneça por muito tempo com esse cinturão