'É o Senna!': o dia em que o piloto bateu no carro de uma família de fãs
Era janeiro de 1989 e Ayrton Senna estava de férias no Brasil, pilotando sua Mercedes TL 1110 pela zona norte de São Paulo, onde nasceu e cresceu. Mas seu descanso foi interrompido depois que ele tentou fazer uma curva no sinal vermelho, acertando em cheio um carro que seguia reto. Com um detalhe: a família dentro dele era sua fã.
Rosa Avilez estava acompanhada do marido Dorival e da filha Daniela. Muito religiosa, ela conta que sonhava em encontrar com o piloto e que chegou a orar para que isso acontecesse algum dia.
Eu queria muito falar com ele, mas pensei que era impossível. Eu tinha uma boutique, mas atendia fora também e fui visitar uma cliente em um horário fora do esperado. Estava indo pra casa dela quando ele bateu - foi ele que bateu no meu carro, afirma Rosa ao UOL, rindo ao lembrar da situação inusitada.
A primeira a notar quem era o motorista foi Daniela, que tinha apenas 13 anos na época.
"Minha filha gritou: 'mãe, é o Ayrton Senna'. Na hora, olhei para o outro lado da rua e ele estava lá. Ele nos deu o cartão de um hotel na França com o número de telefone anotado e disse: 'vou sair daqui porque a TV tá vindo e eu bati no seu carro, fica chato, né?'."
No impacto, o carro da família levou a pior — e precisaria de mais reparos. A Mercedes de Senna ficou apenas com alguns amassados no capô e no para-choque, segundo matéria da revista Placar, publicada na época.
Essa foi a primeira e única vez que Rosa viu o piloto pessoalmente. Mas, segundo ela, os dois se "reencontraram" por telefone, quando ele ligou para falar sobre o conserto do Corcel II, ano 1978, dirigido por Dorival.
Evangélica, a lojista conta que pôde falar com ele sobre religião - parte da família do piloto, como sua irmã Viviane, praticam o mesmo culto.
Eu falei tanto tempo com ele, não sei como ele não desligou. Mas eu falei pra ele cuidar de quem estava com ele, sobre como temos pouco tempo nessa vida e que ele podia morrer em uma batida dessas, que ele tinha que parar um pouco com isso.
A história terminou no conserto do carro da família, que ficou "zero": "lindo, lindo, até mais do que era."
Senna morreu há exatos 30 anos, pouco mais de cinco depois do encontro com a família de Rosa. Ele sofreu um acidente durante o GP de San Marino, em uma pista em que acumulava recordes.
Rosa, que o admirava mais como pessoa do que como piloto, lamenta que ele tenha morrido em "uma daquelas corridas doidas."
Sempre gostei dele e da família também, que é muito boa. Ele era muito educado, sofri quando ele morreu porque era um homem sensacional.
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