Projetista que deixa a Red Bull fez carro que Senna pilotava em acidente

A Red Bull anunciou nesta quarta-feira (1º) a saída de Adrian Newey, projetista renomado na Fórmula 1 e que trabalhava na Williams em 1994, ano da morte de Ayrton Senna.

O que aconteceu

Newey deixará a Red Bull após 19 temporadas. O projetista foi contratado em 2006, segundo ano da equipe austríaca na categoria. Ele contribuiu para sete títulos mundiais de pilotos (quatro com Sebastian Vettel e três com Max Verstappen) e seis conquistas no campeonato de construtores.

O projetista é cortejado pela Ferrari há anos, e já recebeu proposta da Aston Martin. Ainda não se sabe qual será o seu futuro. Na Red Bull, Newey se afastará das atividades relacionadas à F1, focando nas fases finais do desenvolvimento do primeiro hipercarro da Red Bull, o RB17.

Ayrton Senna e Adrian Newey em 1994
Ayrton Senna e Adrian Newey em 1994 Imagem: Paul-Henri Cahier/Getty Images

Newey faz carreira como projetista na F1 desde 1988, e passou pela Williams entre 1991 e 1996. O período inclui três títulos de pilotos para a equipe britânica (com Nigel Mansell, Alain Prost e Damon Hill), e também a breve passagem de Ayrton Senna.

O inglês projetou o FW16 que Senna pilotava no acidente fatal de 1º de maio de 1994. O carro sofreu quebra na barra de direção no GP de Ímola. Investigação apontou que a ruptura ocorreu na solda da barra, modificada anteriormente pela Williams.

Newey e outros cinco foram indiciados pela Justiça italiana em 1997. Além do projetista, Frank Williams (fundador da equipe), Patrick Head (ex-sócio e cofundador da Williams), Roland Bruynseraede (inspetor de segurança da FIA), Giorgio Poggi (diretor de Ímola) e Federico Bendinelli (administrador da empresa Sagis, que controlava o circuito) foram inocentados na primeira e segunda instâncias. O juiz alegou falta de elementos da promotoria para provar a causa do acidente.

O projetista cogitou deixar a F1. Newey afirmou que passou a ter dúvidas sobre o desejo de continuar na categoria em que uma pessoa poderia morrer em objeto criado por ele, mas no fim decidiu continuar no maior campeonato de automobilismo do mundo.

Eu era um dos oficiais seniores em uma equipe que fez o design de um carro no qual um grande homem morreu. Eu sempre sentirei um grau de responsabilidade pela morte de Ayrton, mas não culpa Adrian Newey, em sua autobiografia

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Não importa se essa coluna de direção causou o acidente ou não. É impossível esquecer que o eixo era uma peça mal desenhada, que nunca deveria ser permitida em um carro

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