Tapa na cara, dança e golpe acrobático: quem é o Paraense Voador do UFC Rio
Ele já venceu uma luta dando tapas na cara do oponente e acertou o rosto de outro com um mortal para trás. Também já entrou no octógono fazendo uma coreografia de Michael Jackson e, com um estilo agressivo e provocador, tem conquistado o público com seus golpes acrobáticos, rebatizados por ele próprio como canga leitão, coice de mula e outros nomes indecifráveis. O irreverente brasileiro atende pelo nome de Michel Pereira, também conhecido com o "Paraense Voador".
Colecionando prêmios de "Performance da Noite" e com sete vitórias consecutivas, o lutador da pequena Tucumã (PA) garante que não mudará seu estilo ousado e surge como candidato a roubar a cena do UFC Rio deste sábado (4), quando enfrentará o ucraniano Ihor Potieria pelo peso médio.
Tudo é arriscado na vida. Você [jornalista do UOL] está aqui e corre risco. Vai que cai um trem aí [aponta para o teto] e acaba com tudo aqui? A vida é feita de riscos e cada um pensa de uma forma. Sou um cara que arrisco muito, então não tenho medo de acontecer algo porque tudo é nos planos de Deus. Treino para isso e vem dando certo. É o que vem trazendo o meu sucesso, é o que os fãs e as pessoas do UFC querem ver. Renovei contrato com o UFC e hoje ganho muito bem por causa dessas coisas que faço
Michel Pereira, ao UOL
Vendedor de picolé, pedreiro e mais no interior do Pará
As roupas de grife e o estilo extravagante são a simbologia de um trabalhador de origem humilde que venceu na vida. Sua infância e juventude foram marcadas pela batalha e resiliência.
Michel Pereira já foi vendedor de picolé, ajudante de pedreiro e teve outros bicos antes de se firmar na luta. Valorizado no UFC, viu a vida girar e hoje mora em Las Vegas (EUA), embora siga nutrindo carinho do lugar de onde veio:
Você morar na América sente saudade de muita coisa. Há muitas coisas que lá é melhor, mas tem muitas que aqui é melhor. Dá saudade dos amigos, da comida, da nossa cultura... É muito diferente da cultura americana, mas lá também tem suas qualidades. O Parazão é um lugar que sempre quando posso, venho visitar, passar uns dias e ficar com os amigos. Gosto demais de vir para o Parazão porque me sinto em casa.
Michel Pereira, ao UOL
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Sem coreografia no UFC Rio: "Dessa vez não vou fazer nada porque o cara que sempre entro para dançar não tem visto para vir ao Brasil. Fiquei sem uma pessoa pra entrar comigo dançando no UFC Rio. Sempre gosto de entrar dando show, fazendo alguma coisa, mas dessa vez não consegui ninguém que está no meu dia a dia, porque para entrar dançando tenho que treinar bem antes. Não dá para pegar uma coreografia agora, sendo que tenho que tirar peso, fazer um monte de coisa, mas nas próximas, com certeza vamos fazer algo".
Adversário "aposentou" Shogun no Rio: "Não muda nada porque já lutei com atletas mais duros, não muda muita coisa por ele ter vencido o Shogun. Sei o meu potencial, então é chegar lá sábado e dar meu show".
Sonho de lutar no Brasil: "Estou muito feliz de lutar no Rio. Sempre tentei lutar no Brasil, mas nunca dava certo por causa da época ou porque já tinha luta marcada. E dessa vez deu certo, ainda mais aqui no Rio, onde a galera gosta muito do UFC".
Paraense e faixa preta no caratê assim como Lyoto Machida: "Vim do caratê, foi minha primeira modalidade, depois fui para o jiu-jítsu e boxe. No caratê treinei dos 12 até os 18 anos. O caratê faz parte da minha vida, é uma modalidade que amo muito. Não conheço muito o Lyoto Machida porque sou do Sul do Pará, não sou de Belém. Nunca cheguei a vê-lo e a treinar com ele, mas já treinei na academia dele. O Lyoto é um cara que deu alegria muitas vezes para nós. Nunca vai ser esquecido no mundo do MMA porque fez muita coisa. Ele fez com que o MMA crescesse muito no Pará e mostrou que a gente poderia chegar no UFC também".
Algum adversário já ficou chateado com as provocações para além do octógono?: "Não, o único que eu não tenho amizade é só o que dei os tapas mesmo [o russo Zelim Imadaev], porque foi uma rixa mesmo que a gente teve ali. Mas os outros todos sempre nos falamos depois e não tem rixa nenhuma".
Gírias e nomes pitorescos para golpes: "É, a gente vai vivendo e aí vai criando os golpes. É gíria nossa lá do Pará, são os amigos falando, e aí a gente vê um que parece muito com o golpe que eu fiz e vamos criando [risos]".
Como é o golpe "pintchunight" [palavra indecifrável]?: "Esse aí é o que dou a cambalhota para frente, mas tem vários. Tenho tudo anotado, porque não fico fazendo no dia a dia, então a gente acaba esquecendo [risos]".
E "canga leitão" e "coice de mula"?: "O canga leitão eu tenho que ver, e o coice de mula eu sei que é um que jogo um pé assim para trás, mas não tem como. Tem golpe que não dá para explicar, só vendo, porque esses golpes são muito doidos, né [risos]?".