Remadores ajudam em resgates e abrigo após perderem tudo em enchentes no RS
Atletas de remo do Grêmio Náutico União que perderam tudo nas enchentes que atingem os diversos municípios do Rio Grande do Sul estão trabalhando como voluntários para ajudar outras vítimas das fortes chuvas.
O que aconteceu
Os remadores Daniel Lima e Vinicios Delazeri tiveram as casas totalmente alagadas. As chuvas começaram no Rio Grande do Sul na última semana e as águas atingiram áreas variadas.
Daniel estava em um alojamento do clube quando a água subiu e não pôde mais retornar à residência. Ele mora na Ilha da Pintada, em Porto Alegre. Um vídeo mostra que a água chegou ao telhado da casa onde ele e a família moram.
Eu estava ficando um tempo no alojamento, na nossa sede na Ilha do Pavão, e estava com algumas roupas e itens pessoais, mas o restante eu não consegui salvar. Não tive nem tempo de ir em casa quando começou a cheia. Já comecei a ajudar no próprio clube para salvar os barcos e nossas coisas. Perdi tudo, a minha casa está toda inundada.
Daniel
Vinicios teve de deixar a casa onde mora após a água chegar na altura da cintura. Ele vive no bairro Humaitá e a última atualização que recebeu foi que a enchente já havia tomado o imóvel. Imagens mostram familiares sendo resgatados por botes.
"Meus avós moram em Eldorado do Sul. Com o início da enchente, a casa deles foi tomada pela água e eles foram para minha casa, aqui em Porto Alegre, no Humaitá. Dias depois, com o rompimento da barragem, a água começou a subir rapidamente e chegou à minha casa. A água estava na cintura. Chamei alguns amigos do remo, que tinham um bote, e vieram nos resgatar. Eles levaram meus avós e meus cachorros no bote, e eu, meus pais, minha irmã e meu cunhado fomos caminhando da forma que deu", contou Vinicius.
Vou ter noção real do estrago quando a água abaixar, mas, com certeza, tudo se perdeu. Consegui salvar a minha mochila com a roupa do treino e meus documentos.
Vinicios
Os dois estão entre os voluntários no GNU. Algumas salas do clube estão servindo de abrigo para vítimas das enchentes, enquanto outras servem como depósito de doações.
O ginásio do clube está recebendo cerca de 300 pessoas, e alguns animais domésticos. Além disso, cerca de 50 pessoas, entre atletas e familiares que precisaram deixar suas casas, também estão sendo abrigados nas dependências do GNU.
Daniel e Vinicios estão indo a diversos lugares para ajudar nos salvamentos. Eles utilizam barcos ou botes, e tentam encaminhar as pessoas ao abrigo.
"A gente consegue ajudar de alguma forma, tanto pilotando os barcos como tirando pessoas das casas Estamos nesse trabalho de 12 a 14 horas por dia. É bem tenso ver todo mundo nessa correria que está", salienta Daniel.
O mais difícil é quando você deita para dormir depois de tanta coisa que vê. Pessoas com água no pescoço dentro de casa, sem saber nadar, animal trancado em cima de um telhado... É triste! Pessoas chorando por perder familiares e a gente tirando elas de casa quase obrigadas. É tudo traumático.
Daniel
O nosso pensamento, em conjunto, é ajudar o máximo de pessoas que pudermos. Alguns de nós têm saído até para salvar as pessoas com barco, bote, tentando solicitar jet ski, e trazer para o abrigo, direcionar para algum lugar. É o trabalho que temos feito aqui, e estamos conseguindo ajudar, que é o mais importante.
Vinicios
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Em meio à situação de calamidade no Rio Grande do Sul, atletas da Seleção Brasileira de Remo abriram mão de disputar o Pré-Olímpico para ajudar no socorro às vítimas das enchentes.
-- Time Brasil (@timebrasil) May 9, 2024
Alef Fontoura, Evaldo Becker e Daniel Lima estão trabalhando no resgate de famílias e animais ao… pic.twitter.com/sgB7EiPg9l
Os remadores têm tentado manter parte dos treinos no GNU. Quando conseguem um tempo, eles fazem algumas atividades indoor, no próprio clube.
Eles ainda não têm previsão de quando vão poder voltar a competir. Daniel tem 23 anos e Vinicios 29. Os dois atletas já conquistaram pódios em competições nacionais e internacionais.
"Como estamos hospedados no clube, temos acesso à academia. Estamos tentando, ao menos, fazer exercício lá, até também pela saúde mental também. Ajuda um pouco. Estamos cansados, mas é um esforço que ajuda neste ponto. Querendo ou não, quando isso tudo acabar, a nossa profissão volta", lembra Daniel.
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