Brasileiro torna skate ideologia e tenta ações com Rayssa Leal e Tony Hawk
O skate ajudou o brasileiro Davison Fortunato, então adolescente, a quebrar a barreira da timidez e desenvolver o seu amor pelo esporte. Hoje, já adulto, o skatista busca, fora das pistas, ajudar jovens a realizarem seus sonhos e expandir a "ideologia" da modalidade pelo Brasil.
Campeonatos e parcerias com estrelas
Davison é o idealizador de dois campeonatos amadores de skate em Suzano, sua cidade natal: Skate Jam Suzano e Girls Skate Jam. Ambas as competições têm premiações que buscam auxiliar ainda mais os vencedores.
A etapa do Girls Skate Jam deste ano, em 6 de dezembro, levará a vencedora para uma espécie de "intercâmbio" com Rayssa Leal. A skatista também tem seu próprio torneio feminino e incluirá uma das participantes do campeonato de Davison entre as competidoras.
Faz total sentido fazermos essa integração. A Rayssa é um ídolo e vamos fazer esse intercâmbio. Isso vai ser transformador porque o meu evento é voltado para as novas possibilidades. É como se um menino que estivesse jogando bola no Nordeste tivesse a possibilidade de dar um rolê com o Cristiano Ronaldo. Davison Fortunato, ao UOL
O Skate Jam Suzano, por sua vez, dá ao vencedor a oportunidade de competir no Tampa AM, uma das maiores competições de skate street do mundo.
Além de Rayssa Leal, Davison Fortunato tem amizade com Tony Hawk, um dos maiores skatistas da história. Uma das ideias do brasileiro é tentar trazer uma ação do projeto do americano para o Brasil.
Ele ensina bastante. É um cara que gosta muito de fazer coisas para ajudar o próximo. Ele também tem um projeto, então o próximo passo é a gente conectar e tentar fazer algo do projeto dele no Brasil.
Skate como ideologia
O skate se tornou mais do que um esporte para Davison. Para ele, a modalidade vai muito além das manobras executadas pelos atletas e das notas dadas pelos juízes, ainda que a parte competitiva importe.
O skate me mostrou que é mais do que o esporte. Tem todo o lifestyle que envolve a modalidade, o jeito de se vestir, de expressar, algumas regras que o esporte tem como, por exemplo, respeitar o adversário. Diferente do futebol, a gente não briga, não xinga.
As outras faces do skate levaram Davison a se interessar pelo mundo da moda e do design. Hoje, ele desenha modelos de shape (madeira do skate) e roupas para empresas de dentro e fora do Brasil. O skatista é patrocinado pela marca de roupas Lacoste e já chegou a representar a América Latina em uma campanha sobre diversidade na Fashion Week em Paris.
Apesar de ter diversas "carreiras", Davison não prioriza uma em específico. "Eu só vou fazendo, não tem divisão. Só sou o Davison que vai fazendo as coisas, seja andar de skate, criar projetos, participar de filmes e novelas... Tudo se completa na minha personalidade: o skate, a moda, a atuação, os projetos", disse.
'O skate ajudou as Olimpíadas'
O skate foi inserido no programa olímpico nas Olimpíadas de Tóquio-2020 — que foram disputadas em 2021 por causa da pandemia de covid-19, e repetirá a dose nos Jogos Olímpicos de Paris, neste ano.
O esporte ganhou ainda mais visibilidade ao redor do mundo, mas, para Davison, foi a modalidade que ajudou as Olimpíadas, não o contrário.
Não foram as Olimpíadas que ajudaram o skate, foi o skate que ajudou as Olimpíadas a se conectar ao público jovem. Na real, ninguém quer ver um cara jogando uma pedra pesada em um negócio. As Olimpíadas foram criadas para resolver conflitos de guerra no esporte, de maneira amigável. O skate mostrou esse fair play... A japonesa ganhou e a Rayssa foi lá abraçar ela. Essa é a cultura do skate.
Assim como no futebol, o Brasil tem um diferencial dos demais países na modalidade para Davison: a forma diferente de executar movimentos. O jeito brasileiro de treinar, inclusive, é diferente do japonês.
Estive no Japão e o jeito que eles treinam não é brincadeira, eles têm uma base com pista de skate, beliches onde os atletas e técnicos dormem. É como se fosse um treino de ginastas, mas aplicado no skate, não é muito cultural. O brasileiro é conhecido pelo jeito bonito de andar de skate, como se fosse a ginga do futebol antigo. Não é o que você faz e como você faz o que faz, não é robótico, é bonito e fluído. Acho que o Brasil vai fazer uma boa campanha nas Olimpíadas.