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Judoca volta ao tatame após grave lesão, mas enchente no RS trava planos

Vitor Fagundes, o Vitão, judoca do GNU Imagem: Divulgação GNU

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

10/05/2024 04h00

O judoca Vitor Fagundes, o Vitão, celebrava o recente retorno aos tatames após grave lesão, mas viu tudo mudar com as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul. O atleta de 19 anos perdeu tudo e o planejamento para a temporada se transformou em uma incógnita diante da catástrofe que assolou o estado.

O que aconteceu

Vitão mora no Bairro de Fátima, em Canoas, e defende o Grêmio Náutico União. A cidade foi uma das mais atingidas pelas fortes chuvas dos últimos dias e ficou debaixo d'água.

A casa onde o atleta mora ficou totalmente alagada. "Conseguimos sair a tempo antes de a água chegar totalmente. Estamos na casa de amigos com várias outras pessoas".

O judoca iniciou uma campanha online para angariar recursos não apenas para ele. Ele está ajudando pessoas do bairro que também se tornaram vítimas da tragédia.

Estamos correndo às ruas e ajudando pessoas que estão na mesma situação. Tudo que ganhamos, como roupas, colchão, alimentação, estamos dividindo e levando a todos. Hoje fomos salvar alguns animais e correr atrás de remédios para amigos nossos, além de combustível para o barco de um conhecido.

Vitão lembra que a família teve de deixar a casa rapidamente. Entre os materiais perdidos, estavam os que ele usava para treinos e competições de judô.

Rua onde fica a casa de Vitor Fagundes, judoca do GNU Imagem: Arquivo pessoal

Estamos vivendo de doações, pois saímos com a roupa do corpo. Sem mais coisa alguma. Estamos precisando muito de ajuda para construirmos nossas casas e, eu, a minha carreira. Perdi todas as medalhas, quimonos, mala, tudo que usava.

Ele conta que o cenário em Canoas é devastador. "Não está fácil, é um cenário de guerra. Pessoas chorando, sirenes... E é triste ver tudo que minha avó e minha mãe construíram se acabar em questão de horas, e você não poder fazer coisa alguma".

É difícil ver as dificuldades da minha mãe, que tem mobilidade limitada por causa da obesidade, nesta situação. Minha avó está longe porque teve de ir para outra casa. Mas seguimos agarrados na fé, que é a única coisa que nos mantém em pé para recomeçarmos.

Recuperação prejudicada

A tragédia no Rio Grande do Sul tem um peso ainda maior para Vitão. Em julho do ano passado, durante o Bahia Junior Panamerican Cup, ele teve uma grave lesão nas articulações C1 e C2 da coluna vertebral.

Ele retornou aos tatames em março. A volta foi bastante celebrada por eles nas redes sociais, e chegou a ser classificada como "milagre".

Com as enchentes, Vitão não consegue ir ao médico, fazer exames regulares ou treinar. Ele pensa em participar da seletiva nacional em novembro.

O judoca está dormindo no chão nestes últimos dias. Isso tem causado incômodo a ele no local lesionado.

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