Streamer que surgiu com Cazé revela mudança: 'O @estagiário vai cair'
O streamer que ficou conhecido como 'O Estagiário' revelou em entrevista ao UOL que deve mudar em breve sua '@' nas redes sociais. Ele esteve no Sports Summit São Paulo no início do mês e já foi apresentado como Allan Rodrigues.
É uma briga de tempos e eu a Ana estamos conversando sobre esse @estagiario, de mudar. Querendo ou não, tem horas que é difícil. 'Quem é estagiário? Estagiário da onde?'. Eu acho que no futuro vou mudar, o mais breve possível. Ainda não sei para o que, mas vai acabar saindo esse estagiário daí. Sou muito grato ao que o estagiário conquistou, mas acho que vai acabar caindo. Tem apego emocional, com certeza.
Allan abriu seu canal na Twitch e estreou no mesmo dia que Casimiro Miguel, seu amigo, que explodiu e hoje é o rosto da Cazé TV. O 'estagiário' dividia bancada de redação do antigo Esporte Interativo com Cazé, onde se tornaram amigos.
Ele é muito importante (para minha carreira). Conversávamos sobre tudo, sobre Fifa, jogos, Vasco... Criamos essa intimidade e amizade. Acabamos sendo companheiros de trabalho nos produtos do EI. Nas lives, ele me ajudou bastante, sempre um pôde contar com o outro. Nesse universo digital, muito difícil alguém crescer sozinho. Participação dele na minha vida é absurda, não só na vida pessoal como na profissional e espero que consigamos trilhar esse caminho juntos ainda
De estagiário, Allan Rodrigues não tem mais nada: com quase 350 mil seguidores na Twitch e números parecidos em outras redes, ele se tornou parceiro de Neymar e Falcão como presidente do time da organização de esports FURIA, o Fúria FC, na Kings League — competição criada por Piqué que virou febre na Espanha e terá sua Copa do Mundo com dois clubes brasileiros.
"Quando eu entrei na sala e vi Neymar, Falcão, Piqué, James e eu ali, assustei. Vai ser uma experiência legal que tem tudo para dar certo e vai ter esse confronto com a G3X que já está sendo muito aguardado", disse. O G3X é o time que tem o streamer Gaules como presidente.
Confira a íntegra da entrevista do UOL com Allan Rodrigues
Como surgiu a máscara
A máscara foi na Copa EI Games e faltou uma pessoa para jogar. Minha chefe sabia que eu jogava até pelas conversas com o Cazé, que era o apresentador da Copa. Tivemos a ideia de fazer um personagem misterioso que seria o estagiário do EI porque sempre teve a brincadeira nas redes sociais do estagiário que postava besteira. Foi do dia para noite. A máscara nem foi pensada, foi só uma máscara qualquer para criar mistério. Acabei ganhando o campeonato, começamos a fazer desafios de Fifa no EI Games, foram bem aceitos pelo público e possibilitaram que a brincadeira continuasse.
Como tirou a máscara
Foi com o tempo. Fizemos durante muito tempo o personagem misterioso, estagiário do EI. Só que quando começamos a transicionar isso para as lives, fazer em casa sem a mesma estrutura e mais tempo, eu conseguia fazer 1h30 em estúdio, mas 6h de live de máscara era complicado, tinha que me alimentar em live. E até para ter mais proximidade e conexão com o público, querendo ou não a máscara é bacana, mas a galera quer saber quem é por trás da máscara, quem é que ela tá conversando, gastando o tempo, deixando uma inscrição no canal. Foi ao longo do tempo que fomos entendendo o passo a passo disso até que chegou o momento que não dava mais. Decidimos mudar para ver se o público aceitava.
Jornalismo x entretenimento
Sempre tive essa conversa com meus pais e com o Cazé. Na carreira tradicional, para você alcançar o patamar de cobrir Copa do Mundo, se tornar comentarista, trabalhar nas frentes das câmeras, é um caminho longo, tem que ter anos de casa. São pessoas mais velhas assumindo esses postos e eles não se renovam com frequência, a pessoa tem que se aposentar. São poucos espaços para preencher. Lembro de uma aula da faculdade em que um menino falou que queria ser setorista do Flamengo da Globo, e aí a gente brincou: pra essa pessoa ser, só se o Eric Faria aposentar porque a vaga é dele, tem uma vaga e é dele. Como faz? É difícil. No universo de streaming, de criação de conteúdo, fazer com que as pessoas te viabilizem, marcas te olhem, é um caminho muito mais encurtado. Quando dá certo, é muito fod*. Óbvio que é difícil dar certo, não vou falar que é fácil, mas também não vou falar que é a coisa mais difícil do mundo. Mas quando você consegue trazer essas pessoas para você, você realiza seus sonhos. Meu pai tinha o sonho de me ver na tela da Globo comentando o jogo do Vasco, já comentei, não foi na Globo, mas foi na minha live, na Cazé TV e em outros lugares. Eu realizo meu sonho de ser comentarista todo dia, mas não no meio tradicional, no meu meio.
Haters
Temos que estar muito preparados para esse meio. Internet do mesmo jeito que te levanta, te empurra para baixo. As pessoas não tem o menor pudor de te destruir do dia para noite, comentar algo que sabem que vai te machucar, mas não estão nem aí. Internet podem colocar um perfil com uma foto qualquer e tentar te tirar do eixo. Já sofri muito com isso por um tempo. Quando você consegue atingir um público maior, as pessoas começam a questionar porque você está fazendo sucesso e eles não conseguiram. E aí começam a diminuir o que você fez, sua trajetória, suas conquistar. Já escutei que só estava aqui por causa de outras pessoas, que não é bom o suficiente para estar aí, que internet dá voz para essas pessoas... Mas eles não sabem da missa a metade, o tanto que batalhamos, 18h de trabalho: 10h de EI, 8h de live, dormia 3h, ia para faculdade mais 3 horas. De tantas coisas que abdicamos para que esse sonho fosse possível. Quando você realiza e tem a cabeça mais forte, você começa a olhar pelo lado positivo as coisas e destacar isso do lado negativo. E às vezes seu público compra esse barulho também e é isso que te fortalece. Quando vem um comentário desse do nada, maldoso para te derrubar, vem dez para falar que não é assim que funciona, que o cara batalhou para estar aqui, que o cara é bom, que faz o que tem que fazer. Todo mundo que trabalha em internet vai lidar com isso.
Quem trabalha com live, você tem que estar sempre no seu melhor dia, mas nem sempre você está. Quando eu trabalhava no EI e estava em um dia ruim, eu podia trabalhar de mau humor, cabisbaixo, cara fechada, fazia meu trabalho e tava tudo bem. Chegava em casa e me resolvia comigo mesmo. Agora, quando tem que entreter outras pessoas ao vivo. Mesmo que o meu dia esteja desabando, eu tenho que estar o mais feliz, mais receptivo possível com as pessoas em casa. Teve momentos que estava passando por dificuldades em casa, meu pai no hospital, minha mãe mal, você vê um comentário negativo e você fala 'caramba, estou me sacrificando tanto no pessoal de sorriso aberto, para as pessoas comentarem isso?' Você começa a questionar o que vale a pena. Mas no fim das contas você precisa se abster disso e focar nas coisas boas.
Dica para quem está começando
Eu não costumo dar dica das pessoas começarem como comecei. Colocar a cara em twitch e ver o que acontece. Hoje em dia tem muita gente fazendo live na twitch e a twitch não entrega lives menores para grande massa. Se você começar do zero, você vai ter a sua visualização e das pessoas que você divulgar. Se você quer começar a criar conteúdo hoje: tiktok. É a única métrica que você pode ter zero seguidores e se seu conteúdo vai impactar, ele vai começar a explodir e vai escalonar. Começa no tiktok, ganha público, cria sua fanbase e aí traz para o universo das lives. Temos vários exemplos de pessoas que cresceram no tiktok escalonadamente e aí sim passaram para outros. Não falo para abrir live na twitch direto porque você pode se decepcionar.