Homenageadas no Jogo das Estrelas LBF, Paula e Janeth pedem foco na base
Paula Maria Prado
Colaboração para o UOL, em São José dos Campos
30/05/2024 19h23
Janeth, Magic Paula, Alessandra, Dalila, Roseli, Simone Pontello, Cintia Tuiu (representada por Fernanda) e Adriana (representada pela atleta Nany), atletas da seleção brasileira campeã mundial de 1994, e o técnico Miguel Angelo da Luz foram homenageados na tarde desta quinta-feira (30), no Jogo das Estrelas, evento promovido pela LBF (Liga de Basquete Feminino), em São José dos Campos (SP).
Completavam o time na ocasião Hortência, Leila Sobral, Helen e Ruth - esta última, já falecida. Os presentes assistiram ao vídeo dos últimos momentos da final brasileira contra a China de 1994 e as atletas presentes receberam um prêmio dourado comemorativo dos 30 anos do título.
Para Janeth e Magic Paula, convites como estes são irrecusáveis. "Eu gostaria que houvesse esse tipo de atividade na minha época. É importante para mostrar ao público que basquete também é divertimento, show e relaxamento. E, desta vez, está sendo ainda mais especial pela homenagem à nossa seleção", conta Magic Paula.
"A importância de um evento como este é mostrar para a galera o que nós fizemos, ao mesmo tempo, servir de espelho positivo. Eu sempre falo: é importante que os jovens possam ir atrás de seus sonhos. Quem sabe possamos inspirar esse jovem a alçar voos no esporte", afirma Janeth.
A homenagem de hoje estava sendo planejada havia bastante tempo, segundo José Neto, técnico da seleção brasileira atual. "É uma ideia do ano passado. Essas atletas merecem. O feito delas apenas outros três países conseguiram: Estados Unidos, Austrália e um que nem existe mais, a União Soviética. Ou seja, nada vai apagar a grandiosidade deste título, vai ficar marcado na história", disse.
A conquista do título completa 30 anos no dia 12 de junho. E, segundo Janeth, uma confraternização entre as atletas está sendo planejada pela CBB (Confederação Brasileira de Basketball) para o dia 9 de junho.
Saudade
Jogar? Só se for conversa fora! Janeth e Magic Paula contam que há tempos não entram em quadra. Saudades mesmo só das histórias de bastidores compartilhadas em reuniões particulares das atletas.
"Faço só funcional e bicicleta", conta Paula. "Gosto de estar com as meninas, lembrar das histórias. Mas não posso falar que sinto falta. Vivi tudo de forma intensa, hoje está tudo muito bem digerido", continua.
Janeth encara as quatro linhas só se for preciso mostrar alguma técnica para as novas gerações. E são nessas ocasiões que o público se surpreende com vídeos como o recém-publicado onde ela, do meio da quadra, arremessa de costas a bola e acerta a cesta. "O corpo tem memória", diz.
"Tenho saudade da vibração da torcida a cada ponto, das vitórias. Mas se você me perguntar se hoje eu gostaria de voltar, o que significa treinar como eu treinava na época, minha resposta é não!", continua Janeth.
A atleta conta que treinava até 300 arremessos por dia. "Minha principal dica é: treine. Quando o treinador nos pedia 100 arremessos eu perguntava: certos ou chutados? Porque tem diferença. Então eu digo: se você quer chegar lá, treine habilidade, agilidade e arremesso".
Nova geração
Ambas defendem que o investimento nas categorias de base são cruciais para a continuidade do esporte. "O vôlei faz isso com maestria. Vemos jogadores chegando, substituindo os que vão se aposentando. Sinto falta disso no basquete, temos essa fragilidade. Desde as Olimpíadas de Sydney não conseguimos mais estar entre os melhores, indo às Olimpíadas, ao Mundial, fazendo uma boa campanha. Então sinto falta de um trabalho de base mais forte", comenta Magic Paula.
Para Janeth, a nova geração precisa ser mais cobrada. "Mas precisa ser uma cobrança muito bem pensada para que o jovem não desista de seu sonho justamente por causa dessa cobrança. Esse é o desafio geracional. Mas é algo que todos temos que nos adaptar. É preciso ter sensibilidade para lidar com ele".
Neto, por sua vez, defende que além de trabalhar os jovens, é preciso investir em formadores. "O país é um celeiro de talentos. Talvez seja preciso buscar formas de incentivar cada vez mais pessoas que se dediquem a formar novos atletas, principalmente mulheres. Hoje na LBF, temos apenas uma treinadora, a Bruna. Seria interessante ter mais".