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Bia Haddad explica atuações ruins: 'Estou me acuando'

Beatriz Haddad Maia na primeira rodada de Roland Garros 2024 Imagem: FFT

Colunista do UOL

07/06/2024 04h00

Beatriz Haddad Maia foi ao Bola da Vez da ESPN e, entre outras coisas, falou sobre seu momento no circuito mundial. A atual número 14 do mundo, que acaba de ser eliminada na primeira rodada de Roland Garros, usou seu ranking para argumentar que não vive uma má fase, mas foi bastante crítica sobre o nível de tênis que vem apresentando. Admitiu que não vem conseguindo colocar em prática o que vem treinando, principalmente por estar lidando mal com suas falhas e se acuando durante as partidas; que vem jogando para não perder em vez de assumir uma postura constantemente agressiva; e que sabe no que está trabalhando e que precisa "simplesmente fazer melhor". Leia abaixo algumas declarações da número 1 do Brasil durante a entrevista.

Sobre o que vem dando errado: "Estou me acuando"

Eu espero bancar o que estou treinando. Eu espero ter coragem para enfrentar os pensamentos. Principalmente quando eu errar, perder um-dois pontos mal jogados, dois games mal jogados, eu não deixar de fazer o meu padrão, não deixar de ir para cima, não deixar de buscar a rede, não deixar de sacar, que é o que está acontecendo. Estou me acuando. Estou terminando jogos que eu entro com uma forma de pensar, faço uma estratégia com o Rafa (Paciaroni, seu técnico), e termino eu jogando atrás, a menina dentro da quadra, eu correndo, e a minha bola, curta. É fazer. Eu preciso simplesmente fazer melhor. Está muito claro. Estou muito consciente. Meu objetivo é conseguir fazer. Esta é a frase. É fazer.

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Sobre o que falta: "Estou duvidando"

Meus treinos não são jogar com o primeiro saque e meter a bola do outro lado. Meu treino não é devolver o saque, errar duas devoluções, pisar dois passos para trás e começar a devolver de trás e jogar de trás, sendo que eu tenho 1,85m, sou canhota e já provei para mim mesma que meu tênis é um tênis agressivo, um tênis moderno. Que o meu sucesso vem de pisar para dentro, não de pisar para trás. O que eu venho treinando não é o que eu venho jogando. Eu venho treinando - inclusive tenho feitos treinos incríveis. E, realmente, estou mais hesitosa. Quando estou errando uma, errando duas, estou duvidando. E aí, quando eu duvido, por exemplo, o saque: vou entrar pra sacar. Vou ganhar ponto com o saque. Aí eu jogo com três segundos saques. Aí a mão já fica dura. Aí você vai para o outro game e 'ah, mas eu dei três duplas faltas, vou jogar com o primeiro saque'. E você começa a se acovardar no jogo. E às vezes você tem que pagar o preço de ter que arriscar. Talvez você perca dois games, três games no começo do jogo para você se sentir grande, e a bola vai sair no começo, mas depois ela começa a entrar. A questão é que como estou mais hesitosa, a partir do momento que estou errando, estou duvidando. A partir do momento que estou errando uma bola para o lado, já não estou querendo abrir a quadra e estou indo pelo meio, então estou jogando muito mais para não perder. Aquela sensação que não é a que eu tenho no treino, não é a que eu trabalho. Por isso que eu falo... Claro que eu preciso incrementar o meu backhand na paralela, para isso que eu venho treinando. Drop shot, forehand angulado, chegada na rede e ganhar ponto com o primeiro saque... Eu não sei em que treino que eu não fiz isso. É uma coisa até maluca. Quem assiste eu jogando - que deve ser o que acontece - as pessoas vêm falar: 'a Bia não abre a quadra', 'a Bia não usa drop', 'a Bia não saca'. Porque realmente quem assiste ao jogo não está no meu dia a dia, e a pessoa não tem como saber. Por isso que eu estou tranquila. Eu tenho certeza. Eu sei o que eu estou trabalhando. Eu tenho plataforma de estatística que eu sei de frente e verso, do avesso, meu jogo inteiro. Eu sei o quanto a minha bola vai no meio, quantos pontos de porcentagem eu vou ganhar com forehand que eu cruzo burocraticamente. Eu sei que se eu não cruzar, a menina vem de backhand na paralela, daí eu chego, vou correr para o outro lado... O xadrez do jogo está muito claro.

Sobre a fase atual: "Estou num momento bom"

Eu enxergo a gente fazendo um trabalho muito bom. Às vezes, eu escuto daqui e dali sobre o momento não ser tão bom. Pô, eu estou há dois anos no top 20. Estou há dois anos de top 15, na verdade. Às vezes, a gente perde a noção. Eu, às vezes, esqueço. Porque a gente não pode esquecer não é momento ruim estar top 15, top 20. Eu estou num momento bom. Eu já passei por tanto momento ruim na minha carreira e claro, a gente sempre tem muito a melhorar. O nosso nível de cobrança é muito alto e acho até legal. Se as pessoas criticam, se as pessoas cobram, é porque elas acreditam. Eu não vejo ninguém cobrando alguém por algo que ela não pode fazer. Se estão me cobrando, é porque acreditam em mim. E eu fico feliz. Eu sei que tem provavelmente essas críticas que não são tão saudáveis ou que as pessoas passam um pouco da linha do respeito, mas eu entendo e super agradeço a todo mundo que sempre torceu, que enche o Ibirapuera, que está apoiando o tênis feminino porque vai abrir portas para outras meninas, mas acho que o nosso time, no geral, mentalmente, todo o trabalho que a gente vem fazendo - isso inclui meu físico também, minha cabeça conduz o meu corpo - e só o fato de eu estar há quatro anos sem me machucar, para mim é a maior vitória e que me faz poder estar onde eu estou. Agora é uma questão de tempo.

Sobre sonhos e Jogos Olímpicos: 'Já sonhei dormindo que ganhei Wimbledon'

Meu sonho é ganhar um grand slam. Meu favorito é Wimbledon, mas qualquer outro é bem-vindo. Eu realmente já sonhei dormindo que já ganhei Wimbledon. Eu às vezes volto muito no tempo e 'caraca, vou pra Olimpíada'. Parece que não caiu uma ficha. É realmente um sonho que vou estar realizando. Eu acho que o desfile, esse momento é o que estou mais ansiosa. ... Olimpíada é uma vez a cada quatro anos. Ninguém tem garantia que volta. É claro que eu estou indo para fazer o meu melhor e tentar uma medalha para o Brasil. Vai ter a competição, e se você perde, você tem tudo aquilo para viver, para ter como experiência.

Sobre Roland Garros e Paris 2024: "Minha raiva está bem grande"

Por ser ali em Roland Garros, em Paris, a gente acabou de sair de lá... Tem o lado bom que eu saí de lá muito engasgada, então assim: a minha vontade e a minha raiva estão bem grandes. Vou querer realmente mais ainda. Tem esse lance, né? Às vezes você vem de uma semana não tão boa, e você quer voltar para aquele lugar e ser melhor do que você foi. Roland Garros está rolando, está me doendo. Ligar a TV não é fácil. Não consigo acompanhar. É muito difícil. É que nem perder e ir para o clube no dia seguinte. Só se você realmente estiver jogando no mesmo piso, com a mesma altitude e a mesma bola, e o voo for daqui a cinco dias". Se não, talvez seja melhor não pegar na raquete.

Sobre o calendário de grama:

Eu vou jogar [o WTA 500 de] Berlim. Vou jogar simples e dupla. Jogo dupla com a Ingrid Martins. Depois vou jogar Bad Homburg, que também é um 500, na Alemanha. Aí jogo Wimbledon também com a Ingrid.

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