Pampa foi líder mesmo no banco e motivou time campeão olímpico com alegria

"Morreu parte do time de meninos de ouro". Foi dessa maneira que Tande, um dos ícones da seleção masculina de vôlei que ganhou o primeiro título olímpico do país na modalidade, em 1992, definiu a partida de André Felippe Falbo Ferreira, o Pampa. Internado no hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, desde março, Pampa morreu aos 59 anos na manhã desta sexta-feira (7), vítima de um câncer do sistema linfático.

Remanescente da seleção que alcançou o quarto lugar na Olimpíada de Seul, em 1988, a primeira que disputou, Pampa jogava como ponteiro e era reserva na equipe que conquistou o ouro em Barcelona. Ainda assim, chegou a ser acionado por José Roberto Guimarães em momentos importantes da competição, como na equilibrada partida contra a Argélia, ainda na primeira fase, quando ajudou o time a vencer o jogo.

Mesmo como reserva do time, e, ainda, em função da experiência, Pampa exercia uma liderança importante especialmente na questão motivacional do grupo, sendo um dos que transmitia confiança e força, ao mesmo tempo em que se mostrava alegre e proativo em todos os momentos.

Comandado por Zé Roberto, aquele time titular tinha, além de Tande, Giovane, Marcelo Negrão, Maurício, Carlão e Paulão. E esses atletas chegaram a homenageá-lo no mês passado, enquanto o ex-atleta ainda estava internado, em um jogo da seleção masculina no Maracanãzinho (Rio de Janeiro), pela Liga das Nações. Eles carregavam uma faixa onde se lia "Força, Pampa".

Pernambucano de Recife, ele começou a carreira aos 16 anos, em sua cidade natal. Foi lá que o então jovem André Felippe ganhou o apelido de Pampa em função da potência da sua cortada no ataque, semelhante a um coice de um cavalo da tradicional raça brasileira.

Como profissional, atuou em vários clubes do país, como o Suzano e o Palmeiras, e teve sólida carreira no exterior, jogando na Itália e no Japão.

O ponteiro ainda conquistou a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de 1991 e o título da Liga Mundial, em 1993.

Presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Radamés Lattari exaltou o pioneirismo de Pampa por ter ajudado o país a conquistar a primeira medalha olímpica na modalidade.

"Pampa era um jogador de extremo talento e fez parte da geração que levou o vôlei brasileiro pela primeira vez ao alto do pódio olímpico. Será para sempre referência. É um dia muito triste para todo o voleibol brasileiro. A CBV se solidariza com a família e os amigos deste grande jogador, que escreveu seu nome para sempre na história do esporte mundial", disse em nota oficial.

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Assim como Tande, outros nomes daquela geração homenagearam o amigo. "Meu amigo, parceiro de quadra? Nunca irei te esquecer, Deus o receberá com amor. Descanse em paz", postou o lendário levantador Maurício nos stories.

Carlão e Pampa eram grandes amigos, dentro e fora das quadras
Carlão e Pampa eram grandes amigos, dentro e fora das quadras Imagem: Arquivo pessoal

"A gente tinha uma ligação muito forte. Ele foi meu padrinho de casamento, eu fui padrinho de casamento dele. Eu era um cara muito sério, tanto que ele fez um vídeo em Barcelona, filmando tudo, eu sempre falei muito pouco, então ele conseguia tirar um pouco dessa minha seriedade. O cara estava sempre brincando, estava sempre deixando o grupo alegre", apontou o capitão Carlão.

Depois da aposentadoria, Pampa passou a atuar na vida política, trabalhando no Ministério do Esporte entre 2000 e 2002 e como secretário de Esportes da cidade de Suzano (SP), onde brilhou nos anos 1990 em algumas temporadas no time de vôlei, entre 2007 e 2010. Também foi Secretário de Esportes de Campos (RJ), entre 2013 e 2015, e assumiu o cargo de Superintendente Estadual de Esportes do Estado de Pernambuco. Pampa ainda trabalhou no Parque Olímpico de 2017 a 2019.

Pampa era casado com Paula Falbo e deixa as filhas Rafaella e Isabella.

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