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Bad boy encontra paz e revê nas finais da NBA time onde ganhou má fama

Kyrie Irving, do Dallas Mavericks, durante o jogo 1 da NBA Finals Imagem: David Butler II/USA TODAY Sports via Reuters Con

Arthur Macedo

Do UOL, em São Paulo

08/06/2024 04h00

Kyrie Irving tem a chance nas finais da NBA de afastar de vez a fama de garoto problema justamente contra seu ex-time, de onde veio a aura de bad boy.

Paz em Dallas

A primeira temporada completa de Irving nos Mavericks tem sido tranquila. Kyrie chegou a Dallas em fevereiro de 2023 depois de uma passagem turbulenta pelo Brooklyn Nets. As polêmicas não voaram com o astro junto para o Texas. Ele tem entregado dentro das quadras e vive ano discreto fora delas, sentindo-se em casa no novo lar.

Me sinto muito abraçado (pela comunidade de Dallas), mas acho que vai além disso. Me ajudou a crescer como um ser humano, encontrar minha paz. É bom poder respirar, compartilhar, sair de casa. Alivia muito a pressão. Passei 12 anos na Conferência Leste, em três cidades frias nas quatro estações. Aqui dá para sair e aproveitar mais. Eu valorizo essas coisas Kyrie Irving

O jogo 1 da NBA Finals foi mais uma amostra do Kyrie 'da paz'. Em enfrentamentos anteriores contra o Boston Celtics, um de seus ex-times, Irving provocou a torcida e abraçou a imagem de 'bad boy'. Na última quinta (6), foi diferente — a resposta às vaias foi tentar silenciá-las com cestas. A única cutucada veio na coletiva pós-jogo.

Já estou acostumado a estar nesse ambiente, a essa altura da minha carreira. Tive uma relação diferente com Boston, primeiro vindo para cá para jogar com um grupo experiente, agora sou o veterano. Já experimentei (as vaias) nos playoffs antes, até na temporada regular. Honestamente, achei que estaria mais alto

A resposta agora precisa vir em quadra. Irving teve atuação apagada no jogo 1, com 12 pontos em apenas 32% de aproveitamento nos arremessos, duas assistências e três turnovers. Os Celtics venceram por 107 a 89 e chegam ao jogo do próximo domingo (9) com vantagem de 1 a 0 na série final.

O passado de 'bad boy'

Kyrie Irving, à época no Brooklyn Nets, pisando no escudo do Boston Celtics durante jogo de playoffs em 2021 Imagem: Boston Globe/Boston Globe via Getty Images

Boston foi o primeiro lugar onde Kyrie se tornou persona non grata. A ira tem origem na paixão: Irving jogou nos Celtics entre 2017 e 2019, era tratado como a grande estrela da equipe, prometeu que renovaria contrato, mas deixou a franquia após o primeiro fracasso. A resposta das arquibancadas foi a hostilidade, e o jogador respondeu na mesma moeda em enfrentamentos nos playoffs: pisou no escudo do time propositalmente e ironizou as vaias com gestos de choro.

Na última vez em Boston (nos playoffs), eu não acho que estava no meu melhor, e todos me viram fazer gestos e perder um pouco a compostura. Aquilo não é um bom reflexo de quem eu sou e de como gosto de competir no alto nível. Não é uma boa imagem sobre mim para a próxima geração, sobre o que significa controlar suas emoções naquele tipo de ambiente Kyrie Irving, em 2024

A fama de garoto problema chegou a Brooklyn. Irving se transferiu para os Nets em 2019, a fim de formar um 'supertime' com o amigo Kevin Durant e posteriormente com James Harden. O projeto fracassou dentro de quadra, e as três estrelas foram embora.

Kyrie ainda desfalcou os Nets por não se vacinar contra a covid-19. Por imposição governamental do estado de Nova Iorque, era necessário se imunizar contra a doença para jogar ou participar de treinos. Irving se manteve impassível. Após meses de ausência total, atuou inicialmente apenas em partidas fora de casa e só voltou integralmente após o governo retirar a imposição. O impasse irritou Harden e o motivou a pedir troca.

A última temporada em Brooklyn foi marcada por suspensão. Irving divulgou um documentário com ideias que contestam o impacto do Holocausto. Ele depois pediu desculpas, disse que não é antissemita e cumpriu suspensão de cinco jogos imposta pelos Nets. Quatro meses depois, pediu para ser trocado e acabou nos Mavericks.

Por que Irving é vilão em Boston

Irving foi para os Celtics a fim de construir seu próprio legado na NBA. A primeira escolha geral do draft de 2011 passou seis anos no Cleveland Cavaliers, os últimos três à sombra de LeBron James, com quem foi campeão em 2016. Após o vice-campeonato em 2017, Kyrie pediu para ser trocado, com duas temporadas restantes de contrato.

A primeira temporada em Boston não saiu como o planejado. Gordon Hayward, a outra grande contratação celta para 2017/18, sofreu lesão grave no primeiro jogo da temporada. Kyrie precisou passar por cirurgia no joelho e ficou fora dos playoffs. Apesar das adversidades, os Celtics se sobressaíram: comandado pelos jovens Jayson Tatum e Jaylen Brown e pelo armador Terry Rozier, o time chegou à final do Leste e só perdeu para os Cavs em 7 jogos.

Com Tatum, Brown, Irving, Horford e Hayward, o Boston Celtics de 2018/19 era cotado como um 'supertime', mas ficou aquém das expectativas Imagem: Brian Babineau/NBAE via Getty Images

A temporada 2018/19 foi de expectativas altíssimas sobre os Celtics. Com o retorno das estrelas Irving e Hayward, e com o potencial mostrado por Tatum e Brown na pós-temporada anterior, previa-se a formação de um novo 'supetime'. Kyrie ainda indicou que renovaria seu contrato.

Se vocês me quiserem de volta, eu planejo assinar um novo contrato aqui Kyrie Irving

O ano foi frustrante para os celtas, e Irving mudou de ideia. Integrantes daquele time indicaram ao longo dos anos que houve choque de egos e briga por protagonismo entre alguns jogadores. Mesmo com todos à disposição, Boston regrediu e caiu na segunda rodada dos playoffs. Kyrie, amplamente criticado na imprensa norte-americana por sua performance, não quis mais fazer parte daquele ambiente. Por "razões pessoais", rejeitou estender seu vínculo vigente e assinou com o Brooklyn Nets.

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