Etiene Medeiros revela gravidez e celebra vida como professora na Austrália

Campeã mundial e atleta olímpica, Etiene Medeiros está radiante. O motivo é o seu "buchinho" de pouco mais de quatro meses. É isso mesmo que você entendeu. A nadadora de 33 anos está grávida e falou com exclusividade ao UOL sobre a nova fase da vida e, consequentemente, da carreira.

"A gente está vivendo um momento — não vou mentir — que é um pouco assustador quando realmente acontece, mas é um sonho mesmo ser abençoada, poder gerar uma pessoa, poder gerar um pequenininho. Está sendo muito incrível pra mim, principalmente para o [meu marido] Fábio, ele já queria ser pai há muito tempo. Todo dia é uma novidade, todo dia tem uma coisa que você descobre, é uma fase bem gostosa", conta Etiene ao UOL.

Ela e Fábio se conheceram durante o carnaval da Vila Madalena, em 2014, e estão juntos desde então. O casal sempre sonhou em formar a própria família e a nadadora entendeu que seu momento certo seria quando diminuísse o ritmo de treinamentos no alto rendimento e não estivesse competindo — a última prova dela foi em 2022. Mas ela destaca que a gestação de uma atleta de alta performance também é possível e o assunto deveria ser mais debatido no Brasil.

"Muitas entidades e muitos governos não entendem a dádiva e todo o processo de gerar um bebê. Como eu faço parte de um esporte que era muito extremo em termos de entrega e treinamento, sempre tive em mente que tudo na vida é uma fase. E a fase que eu escolhi para ser mãe era realmente a que eu não estivesse competindo", detalha Etiene.

"Tenho muitas amigas próximas que escolhem ser mãe durante ainda o processo de estar em alta performance, que eu acho que isso é um livre arbítrio. Hoje, do outro lado da vida, vejo o quanto é difícil essa questão de mulheres escolherem se tornar mãe durante o alto rendimento. É uma coisa educacional. A mulher tem o direito. A gente viu a própria Dani Lins [do vôlei], que engravidou e sofreu com questões contratuais com o clube", acrescenta.

Em 2018, Lins não teve o contrato renovado com o Osasco após engravidar. O clube apenas manteve o plano de saúde da jogadora de vôlei.

Mãe e professora

Vivendo na Austrália, Etiene ensina as primeiras braçadas a crianças que querem aprender a nadar. Ela trabalha em uma escola especializada em natação, construída pelo nadador olímpico australiano Andrew Baildon. A atleta exalta a satisfação em poder trocar conhecimentos e a nova fase ainda inserida no esporte.

"Esse trabalho tem me trazido muito conhecimento tanto na formação como mãe como na atual fase da minha vida. Sigo inserida no esporte, mas vivendo como professora, que é uma coisa nova pra mim. Eu estou muito feliz e abraçada nesta escola. Tenho alguns sonhos, e eu gostaria de ter a experiência de ser técnica de natação e a Austrália me traz essa oportunidade pelo meu conhecimento na alta performance", conta Etiene.

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"As pessoas querem saber o meu conhecimento como atleta. Esse foi um dos motivos também de ter mudado pra Austrália, essa troca do experiências. Conhecimento nunca é demais", continua a atleta.

É neste ambiente e com os valores familiares que carrega que Etiene quer criar seu bebê ao lado de Fábio. Na Austrália, ela projeta um futuro cheio de oportunidades e acesso aos esportes ao pequeno que está sendo gerado em sua barriga.

"A gente está sentindo que é um país que traz boas oportunidades de trabalho para nossa família. Ao mesmo tempo, criança lá é muito feliz, a gente tem acesso a tudo de graça, o governo proporciona várias outras coisas. Não quero dizer que não seríamos felizes no Brasil, de forma alguma, mas eu acho que na vida a gente tem que aproveitar as oportunidades que aparecem", diz.

"Um atleta não acaba"

Etiene Medeiros não participa de competições há quase dois anos, e destaca que tal fato não é sinônimo de aposentadoria. Afinal, a atleta continua trabalhando com o esporte, tem seu instituto e segue inserida no alto rendimento.

Diferente do que pôde vivenciar na Austrália, Etiene sente que no Brasil há uma certa necessidade de rotular o atleta como aposentado quando ele se afasta das competições. A nomenclatura, segundo a campeã mundial, sempre vem atrelada ao apagamento do profissional, seguido pela busca por um substituto.

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"É um assunto que as pessoas vivem falando, comentando, e eu acho que esse rótulo que as pessoas colocam para um atleta de performance aposentado é uma coisa muito sem nexo. Não acho que é certo vincular a vida de um atleta de alta performance à aposentadoria. Hoje eu trabalho com alta performance, hoje eu trabalho com social. Tenho instituto lá em Recife, sou técnica de natação", exalta Etiene.

"Acho que as pessoas têm que parar de falar isso: 'aposentei'. Meu sogro que está aposentado, está aí trabalhando, sabe? Acho que isso traz mais o apagamento da imagem, do compromisso, da história do atleta. É uma rotulação que colocam que não é saudável e temos que trazer coisas saudáveis ao esporte. Não estou aposentada. Amanhã eu tenho uma reunião com um monte de gente que tem instituto aqui pelo Brasil, e que são liderados com atletas de performance", continua.

"Não me vinculo com aposentadoria. Vivo uma nova fase. É uma nova vida. Lá na Austrália, as pessoas somatizam os atletas que não competem mais. Ou eles estão comentando em uma competição, ou eles estão presentes em uma competição, ou eles estão sendo reconhecidos na competição, sabe? Aqui no Brasil, a gente apaga. Usam muito: 'sumiu', 'acabou'. Como que acaba? Precisamos mudar essa mentalidade. Continuamos nos doando para o esporte. Eu abraço desta forma", conclui.

Etiene (e o bebê) em Paris

Em julho, Etiene e seu "buchinho" estarão em Paris. A missão será diferente, desta vez, já que a nadadora estará fora das águas e de prontidão para receber seus colegas para um bate papo na edição especial do podcast do Comitê Olímpico do Brasil.

"Estou feliz demais, vai ser uma experiência muito incrível, estar no meio de uma coisa que eu adoro, que é comunicar, que é conversar, que é trazer vivências, que é trazer esse olhar de atleta... E rever amigos. Sempre dei muito valor a essa questão da imprensa, da comunicação, do marketing, do olhar... Vou trabalhar num programa e também estar nas redes sociais. Estou muito animada, estamos, né? Muito animados", fala Etiene, lembrando de seu bebê.

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"São várias mensagens. São várias coisas que eu vou estar flutuando. Falando sobre pauta de gravidez, natação, esporte, valores olímpicos. Espero que eu tenha energia suficiente pra ficar os 21 dias, porque eu adoro esse ambiente", completa.

Assim como iniciou a conversa, Etiene encerra o papo também radiante e manda seu recado para o mundo: "Tenham filhos".

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