Moto pilotada por criança que morreu em Interlagos pode chegar a 130 km/h
A moto utilizada pelo argentino Lorenzo Somaschini — que morreu na última segunda-feira (17) — durante treinamento para a quarta etapa da Honda Junior Cup do SuperBike, disputada em Interlagos (SP), tem velocidade máxima entre 120 e 130km/h. Todos os integrantes desta categoria pilotam a Honda CG 160 Titan.
Bruno Corano, fundador do SuperBike Brasil, porém, explicou ao UOL que as motos da categoria são "mais fracas" e chegam, em Interlagos, a aproximadamente 100 km/h. Elas também são adaptadas e preparadas para a pista, recebendo pedaleiras e guidão adequados para cada criança. Os faróis são removidos e o tanque de combustível é diminuído.
A CG 160, na configuração original, chega a 120 km/h. A nossa moto é mais fraca por vários motivos, principalmente porque a relação [geometria entre pinhão, coroa e corrente] que utilizamos é mais longa. Como Interlagos tem muita subida e descida o tempo todo, especialmente a reta final, não dá tempo de atingir o máximo. [As motos] Desempenham velocidade em torno de 100 km/h. Bruno Corano, idealizador e fundador do SuperBike Brasil
Corano relatou ainda que Lorenzo estaria entre 40 e 50km/h no momento do acidente: "Curva lenta [do Pinheirinho], [ele estaria em] algo em torno de 40km/h. Conforme vai saindo da curva, e é subida, suponho que o trecho em que ele caiu estaria recuperando para uns 50km/h. Para os padrões de circuito, velocidade bem baixa".
Como é a Junior Cup?
A categoria funciona como uma "escola para pilotos" e conta com crianças e adolescentes entre 8 e 16 anos. Ela foi criada em 2013, ensina técnicas de pilotagem e também auxilia no controle de emoções do piloto, disciplina e comunicação.
Todos os participantes têm aulas antes de depois de cada treino. Relacionado à segurança, os cuidados são os mesmos [das categorias adultas]. Têm a mesma exigência de equipamento de segurança — embora velocidade menor — procedimentos de vistoria, revistoria, inspeção técnica são até mais intensos porque são feitos pela própria organização. Bruno Corano
As mesmas regras [que existem] para os adultos, existem para as crianças. Exame psicológico, físico, vistoria nas motos, equipamentos. O que diferencia a Junior a mais é que as crianças têm aulas e briefings antes e depois de cada treino, o que faz uma categoria escola.
É obrigatório o uso macacão de couro com proteções anti-impacto e couro com tratamento à abrasão, capacete com feixe específico, que não seja de termoplástico ou policarbonato, luvas e botas especificas para motociclismo e protetor de coluna homologado pela comunidade Europeia de segurança.
A organização do SuperBike fornece a moto, a estrutura de box e o coaching para os pilotos. A preparação das motos e manutenções necessárias também são feitas pela organização.
A competição prevê a realização de dez etapas, sendo oito delas em Interlagos. Os autódromos de Cascavel (PR), Goiânia (GO) e Londrina (PR) receberão as outras três corridas.
O SuperBike conta desde 2015 com uma comissão para analisar ocorrências na pista: "Toda ocorrência, mesmo que nem sequer gere um tombo, ainda mais se gerar lesão ou morte, é investigada. Quando pegamos falhas, não só dos pilotos, mas falha na limpeza do asfalto, fala na fraseologia utilizada pelos fiscais de pista no rádio, tudo isso vira investigação para identificar as causas e gerar ações corretivas, mitigadoras. Não é porque foi um acidente fatal que de qualquer forma já não seria aberta uma investigação interna", explicou Corano.