Vice do CPB projeta recorde e 85 medalhas paralímpicas em 2024

O esporte paralímpico foi pauta da Casa UOL Esporte na última terça-feira (30). Comandado por Luiza Oliveira, o painel "Mais que inclusão no esporte" recebeu o multicampeão paralímpico Clodoaldo Silva, o vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro e campeão paralímpico Johansson Nascimento e a campeã mundial de vôlei sentado Luiza Fiorese para discutir o atual momento do esporte paralímpico brasileiro.

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Imagem: Marcela Sanches / Flashbang

Johansson fez uma previsão otimista para os atletas brasileiros nas Paralimpíadas de Paris, batendo o recorde de 72 medalhas conquistadas em Tóquio. "Acredito muito que toda a nossa delegação, com um pouco mais de 250 atletas, conquistarão mais do que 22 medalhas de ouro, e acho que aproximadamente 85 medalhas no total", disse o vice do CPB.

Com 20 anos separando os Jogos de Paris das Paralimpíadas que o consagraram, em Atenas, Clodoaldo falou sobre a evolução na formação de atletas paralímpicos ao longo destas duas décadas. "Lá atrás, a galera começava pra fazer fisioterapia, pra fazer reabilitação. E hoje, as pessoas com deficiência entram no esporte para serem atletas, né?"

Foi o caso de Luiza Fiorese. A atleta começou no vôlei sentado em 2019 e rapidamente conquistou uma vaga na seleção brasileira, representando o Brasil em Tóquio e trazendo uma medalha de prata para casa. "Eu venho do esporte, né? Posso não estar há tanto tempo no esporte paraolímpico, mas (...) eu cresci em movimento, com esporte na minha vida, isso sempre foi presente."

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Imagem: Marcela Sanches / Falshbang

Embora tenha crescido com o esporte, Luiza admite que tinha pouco conhecimento sobre os esportes paralímpicos antes de começar a carreira profissional. "Eu achava que só podia praticar esporte paraolímpico quem não tinha perna, não tinha abraço, estava numa cadeira de rodas ou não enxergava. É essa ainda a visão que muitas pessoas têm". Segundo a atleta, uma melhor cobertura dos esportes paralímpicos poderia levá-la a uma carreira profissional muito mais cedo. "Eu poderia estar no esporte paraolímpico e ter essa promessa ou essa realidade já há muito tempo. Talvez eu poderia estar nas Paralimpíadas do Rio, e não estive por falta de acessibilidade, de informação, de divulgação."

No que depender do CPB, o acesso ao esporte paralímpico ficará cada vez mais fácil nos próximos anos. Além da expansão de programas do Comitê, como as Paralimpíadas Escolares, a entidade conta com 72 centros de referência espalhados pelo Brasil para auxiliar paratletas de todas as idades. "Hoje o CPB não se preocupa apenas com a questão da medalha em si. Está na nossa missão ser referência no esporte da iniciação até o alto rendimento. Incluir a pessoa com deficiência na sociedade. Isso está no nosso DNA do CPB. Então a preocupação quando eu falo aqui de centros de referência, escolinha paralímpica, todos os nossos projetos, é para também pensar como é que vamos incluir a pessoa com deficiência na sociedade."

"Das mais de 2 mil crianças que estarão esse ano nas Paralimpíadas escolares, nem todas essas 2 mil crianças estarão em jogos paralímpicos. Mas certamente todas essas 2 mil crianças já estão tendo sua vida transformada através do esporte paralímpico. Não somente essas crianças, mas a família, o bairro e toda a sociedade", completou Johansson.

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Visibilidade ao esporte paralímpico

Um dos principais desafios vividos pelo esporte paralímpico hoje no mundo inteiro é a diferença nas coberturas dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Para Luiza, esse tratamento diferente é resultado de um antigo preconceito: o capacitismo. "Parafraseando minha amiga [a atleta paralímpica Verônica Hipólito], (...) se a gente tem o mesmo campeonato, a mesma estrutura, a mesma ideia, a mesma coisa, sendo um campeonato de pessoas brancas e pretas. E não é a mesma visibilidade. É mais para as pessoas brancas do que para as pessoas pretas. O que é o nome disso? Racismo. Se a gente tem o mesmo campeonato, a mesma estrutura, a gente vai ficar na mesma vila, a gente vai dormir na mesma cama, a gente vai comer da mesma comida, a gente vai disputar os mesmos campeonatos, a medalha é a mesma. E a cobertura é maior para os Jogos Olímpicos do que para os Paralímpicos. O nome disso é capacitismo."

Para Luiza, muitos dos movimentos vistos hoje nas redes sociais em apoio a atletas olímpicos não estarão presentes nas Paralimpíadas. "Se a gente não forçar, vai continuar nesse looping de 'as pessoas não assistem, [então] as marcas não investem, [então] a mídia não vai atrás. Alguém tem que quebrar esse ciclo", disse a atleta, fazendo um apelo para que a mídia dê mais atenção à competição.

"E também a população brasileira", argumenta Johansson. "O esporte paralímpico não acontece só durante as Paralimpíadas. No próximo ano tem campeonato mundial de atletismo, campeonatos mundiais de modalidades coletivas, campeonato mundial de natação? Então existe um calendário, existe uma vida paralímpica durante o ciclo. Ele é construído em quatro anos, (...) são quatro anos que estamos movimentando nossos atletas, competindo até chegar a essa jornada."

Antes do encerramento do painel, o trio paralímpico deixou um apelo ao público: que passe a acompanhar a categoria como acompanha outros esportes. "Eu tenho certeza que se essas pessoas passarem a assistir e consumir o vôlei sentado? Cara, é muito legal", disse Luiza. "A gente tem questão de velocidade, de força. É divertido. A gente já colocou atletas de vôlei convencional jogando vôlei sentado e eles têm muita dificuldade."

"Nossa seleção de futebol de cegos vai tentar o hexacampeonato agora em Paris", seguiu Johansson. "A modalidade de futebol de cegos, que são cinco atletas, começou em 2004, em Atenas. Então, o Brasil nunca perdeu os Jogos Paralímpicos. Eu desafio vocês a acompanharem e de verdade não pensar 'não é possível que esses atletas tenham tanta habilidade com a bola, sem enxergar a bola, somente pelo barulho.'"

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Imagem: Marcela Sanches / Flashbang

Considerado o maior ídolo brasileiro do esporte paralímpico, Clodoaldo entende não só o pedido dos colegas, mas também o significado que esse alcance maior pode trazer. "Foram 18 anos nadando, 18 anos ganhando medalhas, estando no lugar mais alto do pódio. Mas já naqueles primeiros momentos, competindo, conquistando medalhas, vi que a minha maior responsabilidade, a minha maior missão, não era só estar no lugar mais alto do pódio, mas (...) também poder fomentar o esporte como ferramenta de inclusão, o esporte na escola, para que as pessoas possam ter essa naturalidade, essa naturalização de que existem esportes [para pessoas com deficiência], não para querer ser atleta, não para querer ser um campeão, mas para a qualidade de vida, para a socialização, e foi isso que aconteceu comigo."

PARTICIPE

Os painéis da Casa UOL Esporte acontecem de segunda a quinta-feira, às 18. As ativações na Octavio House, em São Paulo e têm entrada gratuita.

Onde: Octavio House, Av. Brig. Faria Lima, 2996.

Quando: de 27 de julho a 11 de agosto.

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