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Thaissa Presti: 'Já ouvi que vale mais ser musa do que a medalha olímpica'

Painel da Casa UOL Esporte discute a força feminina no esporte Imagem: Marcela Sanches / Flashbang

06/08/2024 10h42

Na última segunda-feira (5), a Casa UOL Esporte recebeu a medalhista olímpica de atletismo Thaissa Presti, a estrela do stand-up paddle Nicole Pacelli e a promessa de 16 anos do judô Lívia Resende. Em painel apresentado por Marília Ruiz, as atletas falaram dos obstáculos e críticas que precisaram passar por serem mulheres no esporte e o cenário do esporte feminino no Brasil.

Imagem: Marcela Sanches / Flashbang

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Bronze em Pequim, Thaissa lembrou da constante objetificação sofrida por atletas durante o período olímpico. "Eu cheguei a ouvir algumas coisas do tipo 'ah, vale mais você ser considerada uma musa das Olimpíadas do que ganhar uma medalha'", lembrou a ex-atleta, que se aposentou das pistas em 2016. "Cheguei a ver várias fotos, principalmente [de atletas do] salto em distância, por exemplo, em que o atleta cai e fica em algumas posições que o fotógrafo pega bem [de um jeito], eu acho, desnecessário, que não tem porquê."

Medalhista nos Jogos Pan-Americanos de Lima, Nicole apontou lembrou que, por anos, a regra de algumas modalidades das Olimpíadas contribuiam para essa objetificação das atletas mulheres. "Eu percebi que, nessa Olimpíada, as meninas do vôlei de praia estão jogando de shorts. E eu sempre olhava elas jogando de biquíni e achava que elas estavam assim porque queriam. (...) Depois que fui descobrir que era uma regra elas estarem competindo de biquíni! Só nessas Olimpíadas elas puderam usar o shorts! Um absurdo!"

"[No surfe], até mulheres, quando você vai competir, falam assim 'você ganhou nota alta por causa do seu biquíni', sabe umas coisas assim?", seguiu Nicole. "Era uma coisa normal falar do corpo. 'Ai, nossa, ficou bem com esse biquíni', são coisas pequenas, mas você não tem que falar isso, sabe? Era uma coisa que a gente aceitava quieta." A surfista, no entanto, vê com otimismo uma mudança nesse cenário. "Eu acho que isso vai mudar mesmo nas próximas gerações, em que as mulheres também estão se posicionando mais, sabem que podem falar sobre isso."

Imagem: Marcela Sanches / Flashbang

Maternidade

A maternidade também foi tema do painel da Casa UOL Esporte. Nicole, inclusive, chegou a competir grávida no Pan de 2019. "Era a minha oportunidade. Era o maior evento do [stand-up paddle] na história e eu falei 'gente, eu vou'. Fiquei com medo de contar, de ser cortada. E também não queria que as pessoas me vissem como frágil na hora. Me fragilizassem, sabe?", disse.

"Eu podia contar para a equipe que estava comigo, mas [não queria que] falassem assim, 'você está bem? Posso levar isso para você? Você quer que eu leve sua prancha?' e aquilo entrasse na minha cabeça e eu começasse a me sentir fraca. Então eu preferi não contar para ninguém. E eu consegui a medalha de bronze", completou.

O filho de Nicole nasceu em fevereiro de 2020. Segundo a atleta, o nascimento veio em bom momento. "Eu já estava um pouco cansada desse mundo da competição. Eu estava muito estressada, não estava curtindo. Eu estava entrando no mar [pensando] 'ah, que saco, tem que competir.' Uma coisa já assim. Então foi uma coisa que me obrigou a parar. Até que eu falo que a minha gravidez foi a melhor fase da minha vida."

Imagem: Marcela Sanches / Flashbang

Com apenas 16 anos, Lívia não pensa ainda em ser mãe. A promessa do judô, inclusive, já garantiu estar focada no sonho de representar o Brasil nas Olimpíadas de Los Angeles, em 2028. "É bem difícil dividir o esporte com a sua vida, com um relacionamento", opinou a atleta. "Num relacionamento você tem muitas cobranças e no esporte também. (...) Já vi meninas acabando com suas carreiras no judô por causa de relacionamento."

PARTICIPE

Os painéis da Casa UOL Esporte acontecem de segunda a quinta-feira, às 18. As ativações na Octavio House, em São Paulo e têm entrada gratuita.

Onde: Octavio House, Av. Brig. Faria Lima, 2996.

Quando: de 27 de julho a 11 de agosto.

Entrada gratuita

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