Thaissa Presti: 'Já ouvi que vale mais ser musa do que a medalha olímpica'
Na última segunda-feira (5), a Casa UOL Esporte recebeu a medalhista olímpica de atletismo Thaissa Presti, a estrela do stand-up paddle Nicole Pacelli e a promessa de 16 anos do judô Lívia Resende. Em painel apresentado por Marília Ruiz, as atletas falaram dos obstáculos e críticas que precisaram passar por serem mulheres no esporte e o cenário do esporte feminino no Brasil.
Bronze em Pequim, Thaissa lembrou da constante objetificação sofrida por atletas durante o período olímpico. "Eu cheguei a ouvir algumas coisas do tipo 'ah, vale mais você ser considerada uma musa das Olimpíadas do que ganhar uma medalha'", lembrou a ex-atleta, que se aposentou das pistas em 2016. "Cheguei a ver várias fotos, principalmente [de atletas do] salto em distância, por exemplo, em que o atleta cai e fica em algumas posições que o fotógrafo pega bem [de um jeito], eu acho, desnecessário, que não tem porquê."
Medalhista nos Jogos Pan-Americanos de Lima, Nicole apontou lembrou que, por anos, a regra de algumas modalidades das Olimpíadas contribuiam para essa objetificação das atletas mulheres. "Eu percebi que, nessa Olimpíada, as meninas do vôlei de praia estão jogando de shorts. E eu sempre olhava elas jogando de biquíni e achava que elas estavam assim porque queriam. (...) Depois que fui descobrir que era uma regra elas estarem competindo de biquíni! Só nessas Olimpíadas elas puderam usar o shorts! Um absurdo!"
Maternidade
A maternidade também foi tema do painel da Casa UOL Esporte. Nicole, inclusive, chegou a competir grávida no Pan de 2019. "Era a minha oportunidade. Era o maior evento do [stand-up paddle] na história e eu falei 'gente, eu vou'. Fiquei com medo de contar, de ser cortada. E também não queria que as pessoas me vissem como frágil na hora. Me fragilizassem, sabe?", disse.
"Eu podia contar para a equipe que estava comigo, mas [não queria que] falassem assim, 'você está bem? Posso levar isso para você? Você quer que eu leve sua prancha?' e aquilo entrasse na minha cabeça e eu começasse a me sentir fraca. Então eu preferi não contar para ninguém. E eu consegui a medalha de bronze", completou.
O filho de Nicole nasceu em fevereiro de 2020. Segundo a atleta, o nascimento veio em bom momento. "Eu já estava um pouco cansada desse mundo da competição. Eu estava muito estressada, não estava curtindo. Eu estava entrando no mar [pensando] 'ah, que saco, tem que competir.' Uma coisa já assim. Então foi uma coisa que me obrigou a parar. Até que eu falo que a minha gravidez foi a melhor fase da minha vida."
Com apenas 16 anos, Lívia não pensa ainda em ser mãe. A promessa do judô, inclusive, já garantiu estar focada no sonho de representar o Brasil nas Olimpíadas de Los Angeles, em 2028. "É bem difícil dividir o esporte com a sua vida, com um relacionamento", opinou a atleta. "Num relacionamento você tem muitas cobranças e no esporte também. (...) Já vi meninas acabando com suas carreiras no judô por causa de relacionamento."
PARTICIPE
Os painéis da Casa UOL Esporte acontecem de segunda a quinta-feira, às 18. As ativações na Octavio House, em São Paulo e têm entrada gratuita.
Onde: Octavio House, Av. Brig. Faria Lima, 2996.
Quando: de 27 de julho a 11 de agosto.
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