Medalhista olímpica lembra reeducação alimentar difícil após aposentadoria

Ponto de discussão constante na vida das pessoas, a nutrição foi tema do último painel da Casa UOL Esporte, realizado nesta quinta-feira (8). Com apresentação de Alicia Klein, o debate contou com a presença da medalhista olímpica Érika Coimbra, da nutricionista esportiva Thaís Barca e o médico do esporte Paulo Puccinelli para discutir a dieta de atletas de alto rendimento e por que ela não se aplica a pessoas fora do esporte profissional.

Imagem
Imagem: Marcela Sanches / Flashbang

Nutricionista que trabalha com diferentes modalidades no Clube Paulistano, em São Paulo, Thaís afirma que, mesmo que quisessem, não atletas teriam muita dificuldade em manter uma dieta de 6 mil calorias diárias como fazem os esportistas profissionais. "A gente nem conseguiria, não cabe", afirmou a profissional. "Os [atletas] do basquete, que são muito magrelões, gastam muita caloria, né, eles treinam muito, tem meninos ali que realmente consomem cinco mil calorias [por dia]. Pensar só no almoço deles, tem alguns que eu coloco aí 400g de arroz, por exemplo.

Imagem
Imagem: Marcela Sanches / Flashbang

Aposentada das quadras desde 2019, Erika revelou ter sentido a diferença em seu corpo após deixar a vida intensa de treinos. Com a chegada da pandemia da COVID-19, a comida se tornou um escape para a ex-jogadora. "Eu sou ligada no 220v. Imagina me trancar em uma casa e não me deixar fazer esporte. Foi bem complicado. Então a comida começou a vir como um alívio, como aquela, né? Aquela falsa amiga. Então eu comi bastante. Do começo de 2020 até 2023, eu engordei 10kg." Segundo a medalhista olímpica, o maior problema em sua reeducação alimentar não foi a qualidade dos alimentos, mas a quantidade consumida. "Começava no meu cérebro, né? Ele tinha a mesma fome antes que eu comia, sei lá, 4 ou 5 mil calorias e treinava seis horas por dia. Então, não tinha importância. Quando eu me aposentei, treinava muito menos, né? Uma hora no máximo. E querendo comer aquela quantidade.

Thaís reforça que o número de calorias, obviamente, não é o único dado levado em consideração na hora de montar a dieta de um atleta. "Comer 4 mil calorias não é comer oito Big Macs", afirmou a nutricionista. "Se você comer 2 mil calorias de McDonald's, balinha, chocolatinho, coisinhas assim, você vai manter o peso, porque é o volume calórico que você precisa, porém, provavelmente sua composição corporal não vai ser tão interessante (...) Pode ter também deficiência de nutrientes, porque esses alimentos não têm nutrientes o suficiente pra gente, e aí pode começar a cair cabelo, a pele não fica tão bonita, a unha fica mais fraquinha, talvez surjam algumas dores articulares, até porque provavelmente vai faltar algumas vitaminas e minerais, então, você vai estar vivo com o peso que você queria, porém, não vai estar saudável."

Para Thaís, é importante equilibrar a dieta saudável, mantendo refeições menos nutritivas (porém mais prazerosas) como uma recompensa, e não como uma regra. "O ideal é ter um equilíbrio, e equilíbrio, quando a gente fala de nutrição, infelizmente não é 50-50. O nosso equilíbrio realmente é maior, que eu brinco com os pacientes de consultório, têm pelo menos aí um 70-80% da base alimentar de comida, entre aspas, de verdade. E o resto, aí, brincando um pouquinho e comendo algo que tem vontade."

Imagem
Imagem: Marcela Sanches / Flashbang

Embora o esporte esteja diretamente associado à saúde e ao bem-estar, Paulo lembra que o alto rendimento não é necessariamente saudável e traz consequências para os corpos dos atletas. "Quando a gente vai pelo caminho do alto rendimento, a gente ultrapassa algumas barreiras, mas o fato que eu tenho muito claro é que o alto rendimento não necessariamente está atrelado à saúde, mas não existe o alto rendimento sem saúde, então, o atleta precisa ter uma boa saúde para conseguir desempenhar."

Continua após a publicidade

"De maneira geral, e esse é o trabalho da equipe (13:08) de saúde dentro das seleções, garantir que o atleta esteja numa boa condição de saúde para conseguir treinar e competir", seguiu o médico. "Se a gente olhar um atleta como profissão, é uma das profissões mais difíceis do mundo, porque você é o seu trabalho 100% do tempo, tem uma semana de férias, (...) além disso, (15:06) a carreira é curta. Um atleta longevo tem 20 anos de profissão, 30 anos no máximo, enquanto as outras profissões, em geral, são 40, 50 anos, então, ele precisa, naqueles 20 anos, resolver a vida dele, ele precisa dar, exigir o máximo do corpo dele.

PARTICIPE

As ativações na Octavio House, em São Paulo e têm entrada gratuita.

Onde: Octavio House, Av. Brig. Faria Lima, 2996.

Quando: de 27 de julho a 11 de agosto.

Entrada gratuita

Continua após a publicidade