Casa UOL Esporte encerra painéis com lições para novas gerações de atletas
Ao longo dos Jogos Olímpicos de Paris, a Casa UOL Esporte sediou debates acerca do mundo que rodeia o esporte. Nos oito painéis, atletas, ex-atletas e especialistas conversaram sobre os impactos que as redes sociais, a nutrição e a saúde mental têm na vida do atleta profissional. O espaço também recebeu um painel focado nos esportes paralímpicos, que traz cada vez mais medalhas para casa a cada nova edição das Paraolimpíadas.
Promessa pesada
Campeão paralímpico e vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Johansson Nascimento integrou o painel "Mais que inclusão no esporte", que discutiu o papel do esporte paralímpico na vida de pessoas com deficiência e a evolução das modalidades no Brasil. Após bater o recorde de medalhas conquistadas em Tóquio, o Time Brasil agora busca superar essa marca. "Acredito muito que toda a nossa delegação, com um pouco mais de 250 atletas, conquistarão mais do que 22 medalhas de ouro, e acho que aproximadamente 85 medalhas no total", disse Johansson.
Embora espere um novo recorde em 2024, Johansson lembra que o papel do CPB vai além da conquista de medalhas. "Está na nossa missão ser referência no esporte da iniciação até o alto rendimento. Incluir a pessoa com deficiência na sociedade. Isso está no nosso DNA do CPB."
O esporte e a política pública
Em painel que contou ainda com Iziane Castro Marques, Secretária Nacional de Esportes de Alto Desempenho do Ministério do Esporte do atual Governo Lula, e a campeã paralímpica Verônica Hipólito, a craque do basquete Magic Paula questionou os R$600 milhões investidos por ano no governo no esporte profissional. "Será que o papel do governo é investir o maior montante do recurso dela para o alto rendimento? Não seria [papel] das empresas?"
Para a craque, a visão que algumas pessoas têm do esporte dificulta a descoberta de novos atletas. "A gente não tem essa cultura que outros países têm de começar essa prática esportiva na escola", seguiu Paula. "Infelizmente, a gente [é visto] como inimigo da educação. O esporte é inimigo da educação."
Representatividade da mulher no esporte
Com o painel "Força feminina", a Casa UOL Esporte reuniu no palco três nomes de peso: a campeã mundial de stand-up paddle Nicole Pacelli, a promessa do judô Lívia Resende e a medalhista olímpica Thaissa Presti. O trio discutiu o avanço do esporte feminino no Brasil e lembrou casos de machismo sofridos em suas carreiras.
"Eu cheguei a ouvir algumas coisas do tipo 'ah, vale mais você ser considerada uma musa das olimpíadas do que ganhar uma medalha'", lembrou a ex-atleta, que se aposentou das pistas em 2016. "Cheguei a ver várias fotos, principalmente [de atletas do] salto em distância, por exemplo, em que o atleta cai e fica em algumas posições que o fotógrafo pega bem [de um jeito], eu acho, desnecessário, que não tem porquê."
Esportes e negócios
No penúltimo painel da Casa UOL Esporte, Rodrigo Minotauro, Renzo Agresta e Mariana Silva conversaram sobre investimentos e como atletas podem trabalhar suas imagens para obter melhores resultados financeiros em uma carreira curta comparada a de trabalhos comuns. Filho de um contador, Minotauro já entrou em sua carreira esportiva pensando em como investir o dinheiro ganho - e como queria se vender para o público.
"Eu me lembro da primeira vez que eu cheguei em Tóquio para fazer uma luta, eu passei em um supermercado, em uma loja de conveniência, e tinham cinco produtos com cinco lutadores diferentes [estampados]. Eu falei 'eu quero ser um produto'", lembrou o ex-lutador, que eventualmente lançou sua própria marca de energéticos. "A gente conseguiu criar uma marca, na verdade, porque o atleta passa seus atributos. O lutador passa coragem. O cara da esgrima passa determinação, foco. Então, você tem que entender, no caso da gente, a gente tentou criar produtos em relação a isso."
Reeducação alimentar
Encerrando o ciclo de painéis da Casa UOL Esporte, Érika Silva se juntou no palco aos médicos esportivos Thaís Barca e Paulo Puccinelli para discutir as minúcias da dieta de alto rendimento. A ex-atleta, que deixou o vôlei em 2019, conta que teve um grande desafio em abandonar os costumes alimentares de sua vida pré-aposentadoria. "Do começo de 2020 até 2023, eu engordei 10kg."
"Começava no meu cérebro, né?", disse Érika. "Ele tinha a mesma fome de antes, que eu comia, sei lá, 4 ou 5 mil calorias e treinava seis horas por dia. Então, não tinha importância. Quando eu me aposentei, treinava muito menos, né? Uma hora no máximo. E querendo comer aquela quantidade."
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