A Agência Internacional de Integridade no Tênis (ITIA) anunciou, nesta quinta-feira, que o brasileiro Nicolas Zanellato, de 22 anos, atual número 656 do ranking mundial, está suspenso provisoriamente em um caso de doping. O atleta testou positivo em um exame antidoping realizado durante o Challenger de Ibagué, na Colômbia, em junho.
A substância proibida encontrada na amostra do brasileiro era boldenona, um esteroide sintético derivado da testosterona, normalmente vendido como droga veterinária. Em sua defesa, o brasileiro alega que a substância entrou em seu organismo devido ao consumo de carne na semana em que competiu na Colômbia, onde a boldenona é usada amplamente por criadores de gado para dar mais massa e gordura aos animais.
Zanellato foi informado do teste positivo no dia 12 de agosto, e o tenista recorreu no dia 20, tentando derrubar a suspensão provisória automática. No entanto, foi considerado que as provas apresentadas na apelação do brasileiro não eram suficientes para impedir a suspensão.
Enquanto o caso não for julgado, Zanellato não poderá competir, atuar como técnico ou sequer visitar um torneio de tênis autorizado ou sancionado por integrantes de ATP, ITF e WTA, além dos organizadores dos quatro slams e todas associações nacionais.
Por meio de seu advogado, Zanellato enviou uma nota à imprensa afirmando que considera a punição injusta e que vem desde 12 de agosto tem se "defendido e demonstrado para a ITIA todas as provas que possuo e que tenho conseguido obter para comprovar que meu teste positivo se deu em função do consumo em minhas refeições de carne bovina contaminada com 'boldenona' durante a semana em que competi na Colômbia."
No documento, o tenista cita ainda casos de outros tenistas, como Robert Farah, Tara Moore e Barbara Gatica, que também testaram positivo devido ao consumo de carne na Colômbia. Farah, que foi número 1 do mundo em duplas, foi suspenso provisoriamente em outubro de 2019 e liberado para voltar a competir em fevereiro de 2020. Ele foi considerado sem culpa nem negligência no caso; Moore e Gatica cumpriram suspensão provisória de maio de 2022 até dezembro de 2023, quando também foram consideradas sem culpa nem negligência.
O brasileiro também revelou que seu time jurídico protocolou nesta quinta-feira um novo recurso junto ao Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) para derrubar a suspensão provisória.
Confira abaixo a íntegra da nota divulgada pelo tenista:
Hoje é um dia muito difícil para mim. Recebi uma punição que considero injusta e motivada por razões que fogem ao meu controle.
No dia 12 de agosto de 2024 fui notificado pela ITIA que havia testado positivo para a substância "boldenona", um esteroide de uso veterinário. Esse esteroide é utilizado de forma ampla e legal nas criações de gado da Colômbia, país onde eu estava competindo quando tive a minha amostra coletada em junho deste ano.
Com muita surpresa e indignação, tenho desde então me defendido e demonstrado para a ITIA todas as provas que possuo e que tenho conseguido obter para comprovar que meu teste positivo se deu em função do consumo em minhas refeições de carne bovina contaminada com "boldenona" durante a semana em que competi na Colômbia.
É importante destacar que existem, inclusive, casos semelhantes ao meu e recentes na Colômbia envolvendo carne contaminada por "boldenona", como dos tenistas Robert Farah, Tara Moore e Barbara Gática, além de outros diversos casos em países da América Latina. Então sigo confiante de que será uma questão de tempo para a justiça prevalecer em meu caso.
Hoje mesmo meu time jurídico, liderado pelo advogado Pedro Fida, protocolou no Tribunal Arbitral do Esporte (TAS-CAS) um recurso para cancelar a minha
suspensão provisória.
Sou um atleta profissional de tênis, levo todas as minhas obrigações a sério, principalmente as disciplinares, respeitando à risca os regulamentos do jogo.
Defendo o jogo limpo, não uso e nunca usarei substâncias proibidas que possam me oferecer benefícios esportivos indevidos, pois não colocaria em risco a minha reputação e história no esporte que eu amo.
Tudo o que conquistei até agora devo ao tênis e a minha família, que me apoia incondicionalmente para continuar perseguindo meus objetivos e sonhos
profissionais.
Nunca foi fácil, mas seguirei lutando para provar a minha inocência e demonstrar que não utilizei intencionalmente qualquer substância proibida.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.